Esta minha amiga (não, não sou mesmo eu!) ficou a dormir em casa do novo namorado. A relação era recente, estavam a habituar-se ao nome "namorados" e queriam saborear cada momento sem pressas. Queriam viver cada momento de cada vez, sem famílias ainda envolvidas, sem dar a mão em público, sem o acto oficial de anunciar. Não iam poder namorar escondidos para sempre, mas estes momentos iniciais de secretismo tinham até o seu quê de emocionantes.
Ou melhor - tinham, até que a mãe dela decidiu telefonar-lhe.
Trrrim!
- Filha, como estás?
- Estou óptima. Estou aqui em casa da X a fazer um trabalho de grupo.
- Muito bem! E a avó dela está melhor? Não estava doente?
- Doente?... Ah, pois estava. Mas já está melhor!
- Manda-lhe um beijinho meu, sim?
- Mando, sim.
A chamada cai. Ela tinha ficado sem bateria. Virou-se para o namorado:
- Emprestas-me aí o telemóvel? Preciso de ligar à minha mãe, se não, ela liga para a X.
- Claro, toma!!
O problema lá ficou resolvido. Falou com a mãe e esta nunca descobriu onde a filha estava realmente a dormir.
Passado uns tempos, sem saldo no seu telemóvel, pediu à mãe para lhe deixar enviar umas mensagens escritas do seu telemóvel. A mãe lá acedeu, sem questionar. Mais um problema resolvido.
Até que... um certo dia, sem que nada o fizesse prever, a mãe espreitou o seu quarto, de mansinho, e pediu para falarem.
- Podemos falar, filha?
- Claro. Que se passa, mãe? Está tudo bem?
- Sim. Vou sentar-me aqui na tua cama, ok? Senta-te aqui comigo, para falarmos um bocadinho.
- Mãe... Estou preocupada!
- Filha, sabes que gosto muito de ti, não sabes?
- Sim... Estou a ficar assustada...
- Não fiques. Só queria dizer que, gostes de quem gostares, vou sempre ser tua mãe e apoiar-te em tudo. Sabes disso, não sabes?
- Claro! Mas em que é que preciso de apoio? Não estou a perceber.
- Filha, não fiques triste comigo, mas li as tuas mensagens sem querer. As que enviaste do meu telemóvel...
- Oh... leste porquê?
- Porque andas muito desaparecida, misteriosa... E deixaste as mensagens no meu telemóvel, não resisti...
- Pois. E então?
- Então namoras, não é?
- Sim, estamos a ver no que dá. Estamos a conhecer-nos.
- E gostas mesmo dela?
- Dela?
- Sim, eu sei que namoras com a X. Vi que foi com ela que trocaste mensagens.
- O quê?
- Filha, eu gravei o número dela quando me ligaste do telemóvel dela, no último fim-de-semana.
- Ahahah. Achas que sou lésbica?
- Filha, não tem mal. Vou sempre aceitar-te.
- Ahahah.
Agora, tem piada. Para a mãe dela, foi uma semana sem dormir, convencida que a filha era homossexual e tentar a assimilar aquela ideia aos poucos. Afinal não era. Era tão heterossexual quanto fosse possível. Acontece que ainda agora brincam com isso, sempre que a X vai lá a casa.
- Vem cá a minha namorada, ok, mãe?
- Brinca, brinca... queria ver se fosse contigo!
Ao contrário teria sido igual, claro. Por muito liberais e open minded que sejamos, estas notícias custam sempre um bocadinho a assimilar, não é?
Os pais topam tudo. Por mais que os filhos pensem que são os mestres do disfarce. Podem ter ideias erradas mas topam sempre que algo está diferente.
ResponderEliminarhomem sem blogue
homemsemblogue.blogspot.pt
adorei a história xDD
ResponderEliminarno meu caso os meus pais descobriram, era mesmo verdade e tiveram de aceitar XD
Também já aconteceu com uma amiga minha.
ResponderEliminarEla pôs um nome de outra rapariga no número de telemóvel de um rapaz que andava atrás dela. A avó gostava de lhe cuscar o telemóvel e depois começou a mandar indiretas do tipo "sempre achei que aquela Joana era muito estranha..." "Tens de deixar de andar com essa rapariga, ela não é boa companhia!".
É o que dão as cusquices...
eheh coitada dessa mãe a pensar num problema e afinal era outro =)
ResponderEliminarLOL, ninguém lhe mandou ser cusca :P
ResponderEliminarEu, sinceramente, não sei se teria dificuldade em aceitar se o meu filho um dia me dissesse que era gay. Ou melhor, até sei. Iria aceitar e admirá-lo por assumir, mas tendo sempre em conta que a sociedade é a merda q é e q ele podia sempre sofrer com isso.
N tnh qq tipo de problemas com gays ou lésbicas, as pessoas q me são mais próximas são-no e lido com isso desde miúda, sem problema algum.
Já os meus, quando lhes contei que namoro com uma rapariga, ameaçaram-me e disseram-me que preferiam que eu estivesse doente :)
ResponderEliminarPor mais que lhes custe assimilar, há sempre um limite. Acho que a mãe da tua amiga foi muito corajosa e uma grande amiga dela.
Bom, eu já falei sobre isso com o meu marido e filhas. Se alguma delas me dissesse que é homossexual, o meu marido disse que é na boa, que não se importa nada. Eu disse que não vou saltar de contentamento até porque sei as dificuldades que isso ainda traz. Por muito liberal que eu seja e por todas as merdas que tenha feito na adolescência, sim, ainda há coisas que não se fazem cantando e rindo. Mas seria incapaz de falar contra ou tentar impedir, quem sou eu para mexer na felicidade "marital" das minhas filhas??
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