Ora, a história conta-se resumidamente assim: após a morte do seu amigo e colega António Borges, vítima de cancro do pâncreas, o nosso Presidente da República utilizou a página oficial da Presidência no Facebook para apresentar as condolências aos familiares daquele. Até aqui, nada a apontar, pois trata-se de um procedimento normal atendendo às tristes circunstâncias. O pior veio logo depois: um grupo de cidadãos, estranhando a ausência de igual apresentação pública de condolências após a morte dos três bombeiros, decidiu agir. E decidiu agir como? Escrevendo uma carta ao Presidente da República e à comunicação social em que demonstrava o seu desagrado pela ausência de semelhante apresentação de condolências, respeitando assim a memória de tais bombeiros? Apresentando as suas condolências nos seus próprios murais do Facebook, e apelando a que todos fizessem o mesmo? Pois... não foi este o plano encontrado. O tal grupo de cidadãos optou por entrar num (infeliz, no meu entendimento) jogo de condolências em que, fazendo tábua rasa sobre a solenidade do momento, sobre a consternação e tristeza dos familiares tanto do António Borges, como dos bombeiros, invadiu o Facebook da Presidência com centenas de mensagens repetidas: "as minhas sinceras condolências aos familiares dos bombeiros falecidos". Compreendo que, com o calor do momento, tenha parecido uma ideia brilhante. Muitas vezes só raciocinamos mais tarde, com o distanciamento necessário. Só que, mantendo a metáfora do jogo, o mesmo deveria ter terminado por "game over" a partir do momento em que o assessor de Cavaco Silva veio garantir que as condolências haviam chegado directamente a cada corpo dos bombeiros, embora não de forma pública - “a Presidência da República entende que esta é a forma correcta de proceder, com a discrição e a seriedade que a situação humanitária reclama”. O próprio comandante dos Bombeiros Voluntários de Alcabideche, José Palha, confirmou que o Presidente lhe fez chegar as condolências através de um assessor, que "fez várias chamadas" até conseguir falar com o comandante.
Imagino que, embalados por este jogo das condolências, os tais profissionais da indignação (o nome não é meu, retirei daqui) tenham preferido fazer "ouvidos de mercador" e continuar a sua cruzada no mural do Facebook da Presidência da República. A dada altura, a acreditar nas notícias, já eram mais de quatro mil mensagens. Mas para quê...? Não estava sanado o problema? As condolências tinham sido apresentadas. A forma é assim tão mais essencial que o conteúdo? Havia alguma necessidade de continuar o jogo mórbido das condolências, mesmo depois da comunicação dos assessores e do comandante dos Bombeiros?... Parece-me que não.
Concordo contigo Pipa!
ResponderEliminarCompletamente desnecessário...
Concordando em parte com o que dizes, existem dois pontos a reter, tendo também em conta o que também abordas no teu post anterior:
ResponderEliminar- Mesmo que estejamos a falar de adultos, muitas vezes o comportamento de boa parte das população nacional nas redes sociais é de adolescente ou perto disso. Vê-se pelos conteúdos que partilham, pela forma como rapidamente se "ateiam" fogos virtuais por tudo e mais alguma coisa. E quando se trata de comportamentos de multidão (seja ela real ou digital), esta tem sempre uma consciência básica enquanto grupo movido à bruta por um propósito.
- Com o bad blood que existe genericamente contra figuras do Governo/Presidência, a estratégia de presença nas redes sociais deve ser planeada ao milímetro. A proximidade (razão que leva essas figuras a terem conta no Facebook) é um pau de dois bicos e a conjuntura afia cada vez mais o lado que está voltado contra essas entidades.
Posto isto, sim claro foi um exagero de reacção. Mas, se o gesto em relação a António Borges foi de índole pessoal, algo perfeitamente compreensível, então não devia ser utilizado o perfil da Presidência (e eu suponho que o Aníbal não tenha outro). Se foi uma posição oficial, então teria que garantir, face a tudo o que está a acontecer que seriam tidas em conta todas as circunstâncias da actualidade. Quer planeando a comunicação para ter também em conta outros eventos trágicos (que estavam a ser assegurados por telefone, mas que ninguém sabe disso tirando posteriormente), quer comunicação de crise (para a qual também serve o Facebook, quando bem utilizado).
Como é óbvio, o pessoal entra em tilt facilmente e sem posse dos factos todos, mais ainda. Mas não é menos verdade que poucas entidades estão preparadas para estar presentes nas redes sociais, pelo menos no patamar de uso que as pessoas com quem lidam estão. Assessores de imprensa, press releases e afins, são meios de outra cepa e se não temos capacidade de resposta ou um valor acrescentado para estar nas redes sociais, mais vale não estarmos, pelo menos enquanto entidades.
Eu sei que até o Papa tem Facebook nos dias que correm, mas para outros são precisos verdadeiros milagres para esse tipo de comunicação ser funcional.
Totalmente de acordo.
ResponderEliminarA luta de classes ainda abunda em Portugal porque uma grande parte da populacao portuguesa ainda nao acordou para a vida e ainda nao percebeu que bastante mais produtivo do que ir para o cafe ou para internet dizer mal dos ricos 'e realmente trabalhar ou encontrar forma de enriquecer para que o PR faca um mencao honrosa do seu nome quando morrerem.
ResponderEliminarMas ai esta, isto envolve aborrecimentos, risco saborear a derrota,e muito trabalho. Basicamente competir, algo que assusta muita gente e por isso preferem perpetuar este sistema ridiculo de falencia publica que se chama socialismo. E isto nem sequer 'e inventado, 'e apenas a realidade.
Ja agora, so mais uma achega: em vez de andarem com demonstracoes sinceramente de mau gosto em relacao a este topico, que tal questionarem porque e que morrem tantos bombeiros no combate a incendios? Que tipo de formacao e que os bombeiros (mtos deles voluntarios) estao efectivamente a receber?
EliminarEu acho que tem a ver com o reconhecimento público do trabalho dos bombeiros, que deveria ser reconhecido e valorizado pelo PR.
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