terça-feira, 17 de setembro de 2024
Os Nossos Filhos
quarta-feira, 4 de setembro de 2024
Método do Silêncio
sexta-feira, 23 de agosto de 2024
Ser Boa Pessoa
Li estas férias o livro "Desvendar Mentes", de David J. Lieberman. Apesar de adorar uma boa história, tenho tentado fugir dos livros que apenas me entretêm de forma passageira, sem nada me acrescentar, e tenho procurado ler livros que me ensinam algo e me deixam algum ensinamento mesmo depois de os fechar. Nem sempre é fácil. Há livros que, de tão pedagógicos que são, e com tanta informação me trazem, me deixam cansada e me levam a desistir. Leio imenso em trabalho e preciso dum equilíbrio suave - basicamente, uma leitura que me ensine sem me maçar.
Este livro conseguiu essa proeza de me deixar a pensar e a trocar impressões com quem me rodeava, sem, no entanto, me deixar nunca cansada. Sublinhei, parei, meditei, voltei a ler. Foi muito bom! A dada altura, o autor explicava porque é que a forma como vemos os outros revela a nossa essência e porque é que a forma como tratamos os outros revela, essencialmente, o estado da nossa saúde mental. E dei por mim a rever-me em tantas situações em que me chateei apenas por estar mais cansada e irritável! Percebi também que o nosso cérebro filtra a maioria das situações e nunca nos culpabiliza pelo que corre mal. Não vemos os nossos próprios defeitos e tendemos a amenizar o que fizemos mal, para não estragarmos a nossa narrativa de personagem principal da nossa vida. Por outro lado, concluí que devo ser, no fundo, boa pessoa, porque sempre achei que toda a gente seria boa pessoa também! O autor diz expressamente que não é assim e devemos aprender a detetar os sinais dum manipulador, psicopata ou sociapata, para não cairmos nas suas teias. Olho aberto!
Aconselho mesmo. É um bom livro para ponderarmos as ações de quem nos rodeia e analisarmos de forma mais objetiva, mas também para mergulharmos no nosso próprio mundo de forma mais analítica. Leiam e digam-me algo!
terça-feira, 23 de julho de 2024
A crise dos 40
E agora?
Namorei. Fui pedida em casamento. Casei. Tive a lua-de-mel. Trabalhei muito. Engravidei. Tive uma filha. Mudei de trabalho. Vivi numa bolha. Voltei para o trabalho. Voltei a fazer desporto. Fiz uma São Silvestre. Engravidei outra vez. Tive outro filho. Vivi numa bolha outra vez. Ele foi trabalhar para fora. Vivi sozinha a 3. Foi duro. Voltou. Voltámos a viver juntos os 4. Trabalhei muito. Voltei ao desporto. Eles cresceram. Veio a pandemia. Sofri muito em casa. Sofremos. Trabalhei muito. Senti-me prestes a ter um burnout. Mudei de emprego. Trabalhei muito. Comecei a fazer desporto diariamente, ao acordar. Eles continuaram a crescer. E a crescer.
E agora?
O que vem depois? Quem sou eu agora? Para onde vou? O que acontece a seguir? Que objetivos se tem aos 40? Com o que podemos sonhar? O que devemos desejar e onde devemos investir?
Estarei com uma crise de meia idade?
Voltei a escrever para ir partilhando, essencialmente, como é a vida depois dos 40 e depois de já termos concretizado os objetivos a que nos propusemos e depois de termos realizado os sonhos que tínhamos para nós.
E agora?
segunda-feira, 22 de julho de 2024
2024
Há uns tempos, vi um vídeo algures em que um perito qualquer (são sempre peritos!) dizia algo como "quando pegamos num papel e numa caneta e escrevemos,
não conseguimos pensar em mais nada ao mesmo tempo - todos os nossos
pensamentos estão concentrados naquela caneta, no papel e nas palavras que
estamos a escrever. É impossível escrever uma coisa e pensar noutra diferente
ao mesmo tempo". Fiquei a pensar nisso. A palavra "terapia" já
me tinha vindo várias vezes à mente quando pensava na escrita, mas nunca tinha
percebido exatamente o porquê de escrever ter, para mim, esse efeito
terapêutico, e o porquê de me sentir tão leve e curada enquanto escrevo.
"Eureka!", pensei, depois do vídeo. "É mesmo isso - se estou a
escrever, não existo em mais nenhuma dimensão! Se estou a escrever sobre o
dia de sol que está, não consigo ter, em simultâneo, um pensamento palpável e
claro sobre outro tema qualquer.”
E lembrei-me das horas que passava,
há anos, agarrada a este blog, e do quão feliz me fazia este simples exercício
de materializar pensamentos leves, sensações felizes, ou apenas dúvidas, incertezas,
sonhos ou desejos. Era tão feliz aqui!
Sei que, em 2024, já ninguém lê
blogs.
Em 2024, passamos horas a fazer
scroll do Instagram, a ver fotografias paradisíacas das vidas dos outros, pessoas de sucesso a falar sobre o seu próprio percurso extraordinário, a ver vidas mágicas, e a assistir a mini vídeos de segundos, incessantemente,
anestesiados e alheados dos nossos próprios sentimentos mais profundos. Em 2024, estamos
todos ligados através dos ecrãs, somos todos bonitos e elegantes, somos todos
sociáveis, vamos a sítios incríveis e estamos gratos pela vida que temos. Em
2024, no entanto, quando desligamos os ecrãs, sentimo-nos mais cinzentos e sós, mais banais, desmotivados e infelizes que nunca.
Em 2024, decidi voltar a escrever
porque tenho medo de me perder nesse vício das cores e da magia das redes
sociais. Ontem desabafava com uma amiga sobre inseguranças físicas (nunca
estamos bem, não é? E até sei que estou em melhor forma que em 99% da minha
vida) que, depois de me ouvir, se calou, e me disse “conheço-te há quê? 15 anos? És a pessoa que conheço
que mais me faz rir. Mesmo quando estás mal, falamos e és a única pessoa que me
anima e arranca uma gargalhada. Não te percas, corpos há muitos, tu marcas pela
tua conversa interessante e sentido de humor. Não te percas”.
Fiquei a pensar naquilo. E sei que me perdi algures. Perdi-me no sentido de me deixar levar pela droga do scroll constante, de perder horas a ver as vidas dos outros, mini reels que 99% das vezes me esqueço, e de deixar de investir neste cantinho que tão bem me fazia e onde sentia que era mais Eu que nunca.
Em 2024 ninguém lê blogs, mas quis
encontrar-me e voltar a fazer a minha terapia aqui. Se alguém me ler e sentir isto uma
chamada de atenção para deixar de perder tanto tempo, passivamente, em futilidades
como as redes sociais, e para voltar a investir naquilo que realmente lhe enche a alma, já valeu a pena este regresso e esta deambulação de hoje.
É bom estar de volta.