quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Para quem vê "House of Cards" (e para quem fuma)

Tenho visto a série House of Cards. E cheguei a uma conclusão (irrelevante para o mundo, mas que quero partilhar na mesma): gostava de gostar de fumar. Passo a explicar. Não fumo. Odeio cheiro a tabaco. Odeio o fumo e toda a neblina que se cria nos sítios em que se fuma. Odeio o vício e a forma como os fumadores se reduzem perante a dependência do tabaco. Não fumo nem hei-de fumar. Mas, se fumasse, gostaria que fosse como, nesta série, o casal principal faz todos os dias à noite (depois de engendrarem os mais maquiavélicos planos): seria um cigarro fumado a dois, um cigarro partilhado, ambos encostados no parapeito na janela, fumando à vez, enquanto conversam. Se fumasse, seria assim, "um pensativo cigarro", como dizia o nosso Eça de Queirós. Gosto do conceito do casal a conversar, no final do dia, a partilhar aquele prazer, aquele pequeno vício, com estilo e descontração. Quem não fuma, nunca terá exatamente esse momento, pois não?... Não é por acaso que nunca um Eça de Queirós escreveu ou nenhum argumentista fez séries em que as personagens principais bebem um "pensativo sumo de laranja", cheios de estilo, no final do dia, ou comem uma "pensativa tablete de chocolate" com todo o glamour. As personagens principais de livros, séries ou filmes bebem álcool ou fumam, no final do dia. Nunca vou passar de uma personagem secundária, está visto.

3 comentários:

  1. Mas se quisesses fumar com classe, não seria cigarro e sim charuto ;)

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  2. Anónimo09:06

    És fantástica! Lufada de ar fresco!

    Pois como fumadora te digo , nós temos muitos motivos para fumar. A tristeza, a alegria, um compasso de espera, um café, dois dedos de conversa, uma pausa no trabalho e um cem números de outras razões.
    Quem não fuma não entende, e tendo em conta que não fumas , agradou me a descrição. Leio sempre devagar aquilo que escreves. Gosto de sentir a suavidade que sempre encontro por aqui.

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