sexta-feira, 31 de maio de 2013

Programa barriga lisa para o vestido.

Encontrei este programa para quatro dias (já com mais dum ano, mas estas coisas devem manter-se sempre actuais... digo eu) que garante menos 12 centímetros de cintura e confesso que até fiquei tentada a experimentar. Tenho um casamento daqui a uma semana e qualquer vestido ficava melhor com uma cinturinha de vespa, com certeza. Só que nunca experimentei estas dietas malucas, não só por não acreditar muito nelas, mas também por nem ter a força de vontade suficiente (a minha eterna gulodice). Lembro-me de ouvir falar em dietas milagrosas, como a dieta da seiva ou da sopa, mas nunca quis saber mais. Porque é que não nasci sem apetite? Ou com um daqueles metabolismos hiper acelerados?... Genética, genética, podias ter sido mais minha amiga.

De qualquer das formas, ainda não comprei o vestido e, com ou sem cinturinha de vespa (aposto mais no SEM), ando à procura dentro de algo deste estilo. Alguém tem sugestões de vestidos bonitos?

Este é da French Connection, a minha marca preferida para vestidos. Tem ali um ligeiro decote, para as maminhas respirarem, mas não mostra praticamente NADA. É mais conservador do que parece. 
Esta é da (muito!!) mais acessível e amiga-da-carteira Zara. Tem umas costas engraçadas, mas de frente não é nada "Wow"! A vantagem é que dá para conjugar de mil maneiras diferentes conforme os acessórios e calçado.
Este também é da Zara. Gosto, mas não sei se será apropriado ir para um casamento assim.
Sempre fui de vestido. O que acham?

Os melhores preliminares.

Ontem desabafei aqui um pouco no calor no momento. Estava fula com ele, mas como não sou mãezinha, não podia dar dois berros ou dar-lhe uma palmada no rabo. Ainda resmunguei, mas depois pareceu-me mais terapêutico escrever aqui no meu cantinho. Pensei que ia ouvir vozes discordantes, como é normal nestes assuntos, mas a verdade é que a maioria das pessoas veio insurgir-se contra o rapaz. Sendo assim, achei que devia defendê-lo um pouco, uma vez que só eu posso fazê-lo aqui.

A verdade é que sempre defendi a divisão de tarefas e sempre foi para mim ponto assente que, um dia que fosse viver com alguém, teríamos que ajudar os dois em casa. E defendia isto, apesar de eu própria ter tido, durante anos, empregada em casa e ajuda dos meus pais e da empregada deles. Roupa? Não tinha máquinas de lavar e sacar e enviava para a empregada deles. Comida? Cozinhava alguns pratos, mas nada muito elaborado. Limpezas de casa? Dava uns toques, mas evitava limpar o pó, por exemplo, com a desculpa das alergias. Por isso, fui sendo bastante poupada à verdadeira vida como fada do lar. Até há alguns meses.

Quando comecei a partilhar a casa, aprendemos juntos a ligar uma máquina de lavar e de secar a roupa. Divertimo-nos a passar a ferro lençóis de cama, por serem tão compridos. Estudámos juntos o manual da televisão. Decidimos o melhor pacote de internet para casa. Aventurámo-nos juntos em pratos mais rebuscados. E, quando só nos víamos aos fins-de-semana, era eu que era brindada com pequenos-almoços na cama, talvez para me compensar das longas viagens que fazia. Como cheguei a mostrar neste post de Dezembro, ele está apenas a dar os primeiros passos na cozinha e demais tarefas, mas esforça-se. E, tal como disse na altura, a ajuda dum homem em casa será sempre, para mim, o melhor preliminar que se pode proporcionar a uma mulher. Acreditem em mim. Mulher "ajudada em casa" é mulher feliz. É mulher divertida, descontraída e pronta para o romance. Ontem foi um mau dia, como sei que há em todas as casas. Mas acho que o importante é que os homens leiam isto e interiorizem bem: ajudem em casa e só ganharão com isso. De todas as maneiras possíveis. Não concordam, mulheres que me lêem?

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Os homens são uns preguiçosos.

Tive um dia de cão, cheia de trabalho, reuniões, andar para um lado e para o outro, prazos. Enfim... Nem parei para respirar. Ele chega a casa, estou no computador ainda a responder a emails e peço-lhe, com jeitinho: "não me queres preparar um lanche?". Sendo que eu, sempre que posso, lhe preparo o lanche, o jantar, a ceia ou que quer que seja que envolva comida.
- Lanche? Estás sempre com fome.
- Pronto, esquece. Eu faço.
- Oh pronto. O que queres? Diz lá...
Isto perguntado com ele enterrado no sofá, a jogar um jogo qualquer que não podia ser interrompido. Disse-lhe para esquecer. Detesto que me façam fretes.

Entretanto, saltei do computador, voei para os correios mais próximos para enviar uma carta que tinha que seguir hoje. Liguei-lhe de lá, porque o meu telemóvel não estava a aceder à internet e precisava duma morada. Atende.
- Morada? Aiii. É xxxx.
- Hmm... olha que essa morada era a anterior. Oh vê se não está aí a morada nova.
- Aiii. Que seca.
Que seca. Adivinhem o que fui interromper? O jogo qualquer no telemóvel. Sendo que a seguir quem vai arrumar tudo, tratar da roupa, da comida, etc? Moi. Moi même.

Os homens são uns preguiçosos. Preguiçosos. Preguiçosos. Preguiçosos. E desculpem lá as excepções que me estiverem a ler, por norma não gosto de generalizar. Mas são. Ok, QUASE todos.

Dress code? N-A-D-A. Não tragas nada.

Caminhávamos os dois pela praia, na zona de Odeceixe. A dada altura, começámos a ver homens e mulheres completamente despidos a passear, alegremente, como se fosse a coisa natural do mundo. Olhámos melhor para o areal: alguns jogavam raquetas, outros apanhavam sol, outros liam um livro, outros espalhavam protector solar, outros passeavam com os filhos, e outros ainda nadavam. Em comum? Todos se encontravam sem calções de praia, fato-de-banho, bikini ou qualquer outro tipo de tecido a cobrir qualquer parte do corpo. Comecei a sentir-me eu a pessoa estranha, como se não tivesse lido atentamente o "dress code" que vinha no convite. Comentário dele:
- Tira também! Tira pelo menos a parte de cima do bikini.
- Não tiro nada. Não me sinto bem.
- Não tens por que não sentir. Aqui o que é estranho é estares tapada.
- Oh. Vou mostrar ao mundo em dois segundos o que te esforçaste tanto para ver??
Riu-se.
- Ok, mas aqui estás simplesmente a desrespeitar quem está sem roupa.
- Que exagero.
- Tira lá. Não sejas envergonhada. Tanta gente faz topless! É tão normal, hoje em dia.
- Já viste bem a nossa conversa? Devemos ser ao contrário dos outros casais! Tu queres que me dispa, os outros homens querem que as namoradas se tapem. Não te entendo.
- Oh é simples. Gosto de ver o teu corpo.

A verdade é que costuma ser ao contrário, não costuma? Mas não consigo deixar de pensar nisto: se vamos fazer topless numa praia, parece-me que deixa de fazer sentido toda a espera que obrigámos os nossos namorados a sujeitarem-se até poderem pôr as mãos debaixo da nossa roupa, por exemplo. Fizemo-los pensar que era algo inacessível, algo que era suposto esperar até se merecer ver, quanto mais tocar. Isto não deita abaixo todo esse jogo? Isto não deita por terra o jogo da espera, do adiar, da expectativa? A ser tão normal fazer topless, afinal não é preciso esperar tempo nenhum para ver mamas. Estão aqui, à vista de toda a praia e o mundo inteiro pode contemplá-las. Não é que não seja um cenário bonito - porque é com certeza - e não me causa estranheza nenhuma, só acho que é que nos torna a nós, mulheres... incoerentes! Temos o "Estou a apaixonar-me por ti e andamos a jantar todos os dias? Ok, mas ainda não podes tirar-me a roupa! Tens que esperar para ver!! Taradão!! Querias ver já hoje?? Isto leva o seu tempo!" vs "Olá, não me conhecem de lado nenhum, mas vou tirar a parte de cima do bikini perante vocês, caros desconhecidos!".

Ou então sou só eu que sou "old-fashioned". Talvez seja isso.

PS: Meninas que fazem topless, não me batam. Defendam-se apenas e mostrem os vossos pontos de vista. As nossas opiniões estão sempre a tempo de mudar. ;)

Por vezes vale a pena esperar.

Eram um grupo pequeno de amigos. Três colegas de faculdade. Não estavam sempre de acordo, mas sabiam discutir e até se completavam. Ela, a única rapariga do grupo, era atrevida, dizia sempre tudo o que pensava, não tinha papas na língua, mas era ao mesmo tempo um pouco carente, pois não namorava e era muito inexperiente no amor. O L. era nadador de competição, participava em provas todos os fins-de-semana, não fumava, raramente bebia, dedicava-se ao desporto e era o eterno amigo das raparigas, que o viam como um óptimo ouvinte, divertido, bonito e muito bem parecido. O S. era o garanhão, que compensava a inexperiência dela com engates todas as semanas. Era um pouco intolerante, crítico, louco, mas muito amigo do seu amigo e fazia tudo pelos outros dois.

Andavam sempre os três. Ela e o S. planeavam festas, noites, jantares e acabavam sempre por convencer o L. a ir. Riam, conversavam, recordavam episódios vividos, comentavam histórias de pessoas que conheciam, ouviam as histórias das conquistas do S., as abordagens feitas ao L. e delineavam planos de ataque para ela conquistar o homem dos seus sonhos. Eram um trio dinâmico e feliz. E mesmo quando o S. ou o L. namoravam ou tinham alguém especial, as namoradas eram aceites pelos outros dois.

Um dia, ela e o L. acabaram a noite, sem saber como, aos beijos. Decidiram não repetir, para não estragar a amizade. A partir daí, no entanto, o L. começou a evitá-los. Arranjava desculpas como os estudos, os treinos ou até a doença da avó de que os outros nunca tinham ouvido falar. Passou a viver praticamente na biblioteca. Ela começou a ficar farta e decidiu confrontá-lo. Foi ter com ele à biblioteca. Procurou, procurou... E lá lhe viu as costas, debruçadas de forma muito atenta para o computador. Aproximou-se. Não podia acreditar! Ele estava a ver fotografias de homens aos beijos, sem roupa. Parou. Ele continuava a ver fotografias. Estava num site especializado. Ela não conseguiu avançar.

Foi para casa pensar no que tinha acabado de ver. E começou a lembrar-se dos últimos anos daquele trio de amigos. Da pressão que lhe faziam para arranjar namorada. Das vezes que insistiam para se meter com raparigas. Lembrou-se das vezes em que gozaram com colegas da faculdade com tiques. Dos nomes que lhes chamaram. Lembrou-se que ele ficava sempre calado. Eles sempre tinham achado que era por ser tão bom ouvinte. Qual bom ouvinte? Ele tinha andado, isso sim, anos em silencioso sofrimento, sem poder contar o que sentia nem aos melhores amigos.

Sentiu-se péssima amiga. Que amiga era ela que, afinal, não deu abertura ao melhor amigo para lhe revelar um segredo destes? Que amiga era ela para nunca ter desconfiado pelo seu olhar, pelo seu silêncio, pelo seu constrangimento? Que amigos eram eles, afinal? Será que o S. desconfiava? Não, nem por sombras. Ia ter que fazer alguma coisa. Ou não? Ser amigo não é dar espaço para nos contarem o que quiserem? Decidiu esperar. Ia ser paciente. E só lhe restava esperar que ele se sentisse preparado. E esperou. Esperou. Esperou. Dez anos. Nem mais, nem menos. Dez anos depois, ele contou-lhes. Tinha um namorado. E queria apresentar-lhes. O S. ficou em choque. Mas ela só sorriu. E abraçou-o. Com tanta força! Finalmente ele tinha confiado neles. Tinha valido a pena esperar.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O namorado da amiga

Sempre foi assim: ia sair com as minhas amigas e cada uma tinha o seu "fã-tipo", isto é, um estilo (mais ou menos definido) de rapaz que reparava em cada uma nós e, eventualmente, nos abordava. Comigo costumavam ser os mais "betinhos" a meter-se. Com outra amiga, eram os que tinham um estilo mais descontraído e desportivo. Com outra, eram quase sempre rapazes mais altos e magros estilo "bad boy". Com outra, eram os rapazes mais divertidos que se metiam, para dar alguns exemplos. Acresce que, na maioria das vezes, os nossos gostos, ao comentar o panorama masculino que nos rodeava, não coincidiam. Nunca coincidiam, por incrível que pareça. Resultado? Hoje em dia, coincidência ou não, nenhuma das minhas amigas tem namorados/ maridos que façam fisicamente o meu estilo de homem. De qualquer das formas, independentemente destas considerações iniciais, jamais ponderaria envolver-me, nem sequer num futuro longínquo com todos nós solteiros outra vez, com algum deles. Jamais. Namorado de amiga torna-se assexuado para mim. Torna-se uma amiga também. Esta é das poucas certezas que tenho na vida. Das poucas coisas em que consigo afirmar convictamente: "nunca".

Por isso, nunca entendi como é possível, na maioria das séries, o elenco acabar por rodar todo, como um baralho de cartas que é partido, misturado e distribuído outra vez. A, B, C, D e E trocam entre si e formam todos os pares possíveis e imaginários. Não há mais possibilidades de pares? D assume-se como gay e agora anda com E. E, por sua vez, tem o coração dividido entre A e B. Mas B envolve-se com C. C gosta de D. Que afinal não é gay, é bissexual. E até sugere a E algo a três com C. Mas E descobre que gosta mesmo de A. Que está grávida de B. Que se envolveu com C, mas arrependeu-se e acaba na cama com A, numa noite de copos. Estão a ver o estilo, certo? Nunca entendi.

Para mim, namorado de amiga pode ser o homem mais interessante à face da terra, mais bonito e culto alguma vez visto, mas há-de ser sempre um ser assexuado, na mesma linha dum familiar. E não percebo a forma como, nestas séries que passam todos os dias na televisão (Grey's Anatomy, Private Practice, 90210, Gossip Girl, entre outras) se desculpabiliza assim o andar com o ex-namorado da melhor amiga. Como é tudo visto de forma tão leviana. Como se os sentimentos fossem descartáveis. E as histórias de amor se apagassem com uma borracha. Como se as histórias a dois não significassem nada, afinal. E fossem antes histórias da comunidade. É que, para mim, uma relação de amor entre duas pessoas deve ser sagrada - partilham-se histórias, pensamentos profundos, sentimentos, segredos e planos de vida. Se for como nas séries, para quê, afinal? A seguir, troca-se de par. E começa tudo de novo. Não percebo.

Os homens gostam de desprezo

Ela tinha que tomar a maldita vacina antes de ir de viagem. Ia-se esquecendo! Foi a correr ao centro de saúde mais próximo e pediu para lhe espetarem a porcaria da seringa. Só não espetou ela própria, porque com os nervos ainda fazia alguma asneira e magoava-se a valer.
- Olá! Vou viajar pela Ásia durante três semanas, disseram-me que tinha que vir aqui vacinar-me...
- Olá!
- Que sorte. Lua-de-mel?
- Não, viagem de amigas. Para a lua-de-mel ainda falta. Primeiro tenho que descobrir o futuro marido!!
Riram-se. Ela reparou, como quem não quer a coisa, nas covinhas que ele fazia a rir e nos olhos verdes gigantes dele. Que lindos! E não tinha aliança... Devia ser pouco mais velho.
- Levante a camisola, por favor.
Ela distraída com os seus pensamentos, preparava-se para tirar a camisola completamente.
- Não! Só preciso que levante a manga. A injecção é no braço.
- Oh desculpe. Estava distraída.
- Até onde vai viajar? Já tem itinerário?
Ficaram a falar de viagens. Demasiado tempo, porque a dada altura repararam na fila que se tinha formado fora da sala.
- Bem, já lhe tomei muito tempo. Obrigada! Depois conto que tal correu.

Quando chegou a casa, já tinha um convite dele no Facebook. Como a teria descoberto? Pelo nome que deixou na ficha que preencheu? Falaram no chat. Escusado será dizer que, no dia seguinte, alguém embarcou de directa num voo de doze horas. Mas sentia-se invencível e sem sono. Ele parecia incrível!! Há tanto tempo que não conhecia assim alguém. Três semanas depois, sem internet e sem contactos com o mundo, voltou para casa da viagem da sua vida. Ligou o computador. "Já tenho saudades. Volta depressa", tinha-lhe dito ele às 4h da manhã três dias antes, numa Sexta-feira. Seria o álcool? Respondeu. Conversa puxa conversa, marcaram um encontro. E depois outro. E depois outro. Acabaram por se envolver e ficar em casa dela. Ela estava apaixonada. Completamente apaixonada. Como não se lembrava de alguma vez ter estado.

Dois meses depois de começarem a andar, ele disse-lhe que ia para o Algarve de férias duas semanas, só com os amigos. Despediram-se como amantes que se despedem para sempre. Ela ficou sozinha, a morrer de saudades, até que decidiu fazer-lhe uma surpresa. Meteu-se no carro e apareceu no aldeamento em que ele estava.
- Surpresa!!
- Tu? Aqui??
- Sim!! Em choque?
- Sim... Completamente.
Acabou por passar com ele uma noite. Sentiu que ele não estava muito à vontade junto aos amigos, que estavam todos sozinhos, sem companhia. No dia seguinte, ela decidiu ir embora.

Quando ele voltou, foi esperá-lo à porta de casa, para fazer nova surpresa.
- Surpresa!!
 Ele estava cansado, por isso apenas dormiram. No dia seguinte, ela desmarcou um jantar com amigos para estar com ele. Queria recuperar o tempo perdido. Nessas duas semanas a seguir, sentiu-o estranho, mas não se deixou vencer. Ligava-lhe sempre. Para jantarem. Para irem ao cinema. Para namorarem. Até que reparou que era sempre ela que ligava. E que ele deixou de poder sempre. Quis falar com ele.
- Então? Que se passa?
- Nada.
- Estás diferente.
- Não estou.
- Porque te tens cortado e já não me ligas?
- Sei lá... Tenho andado com mais trabalho.
Ela já conhecia a desculpa de cor. Não era nada trabalho. Ela é que se tinha entregue demasiado. Deixou de ter vida própria. Passou a viver em função dele. Decidiu mudar. Não lhe ia ligar mais. Por muito que custasse.

Uns tempos depois, reencontraram-se por acaso numa discoteca. Ela estava com amigos. Parecia divertida e estava com bom aspecto.Ele foi ter com ela.
- Estás aqui.
- Aparentemente.
- Tenho saudades tuas.
- Agora?!
- Sim. Afastaste-te. Deixaste-me com saudades. Mas sabes? Gosto de te ver assim independente e autónoma.
- Não. Tu gostas é de desprezo. Vamos apostar? Vou virar-te costas, não vou ligar-te mais e vais ficar obcecado por mim nos próximos tempos.
- Ahah. Combinado. Mas aposto que não vais conseguir não ligar-me.
- Não me conheces bem. Espera para ver.

Assim foi. Ela aguentou. Sem ligar uma única vez. Ele passou a semana a seguir a pensar nela. E como ela tinha garra. Lembrava-se da primeira vez que a viu, com os olhos a brilhar a falar da viagem. Da vez em que apareceu no Algarve, sozinha. Da coragem que teve em ir, mesmo sabendo que se podiam desencontrar. Lembrou-se da loucura dela. E riu-se sozinho. Realmente, agora, sozinho naquela cama, percebia o mulherão que tinha encontrado. Pegou no telefone. Decidiu ligar-lhe. Sempre sem deixar de pensar: "sempre é verdade o que diziam. Os homens precisam é de despezo."

terça-feira, 28 de maio de 2013

Ódios de estimação. Quem os não tem?

Ela canta "brilha intensamente como um diamante" (aqui). E eu mudo de estação de rádio. É assim desde o "não quero ser uma assassina" (aqui). E foi assim também com o "debaixo do meu guarda-chuva. Uvaaa. Uvaaaaa" (aqui). Não consigo. Ou ela ou eu. Não consigo conviver com ela no mesmo espaço. Aquele surgir da menina dócil dos Barbados que, de repente, desatou a tatuar-se como se não houvesse amanhã, a rapar o cabelo e a mostrar o lado mais "wild". Aquela relação com o outro que lhe batia, a fotografia dela espancada a correr mundo e depois as pazes inesperadas. A rapariga pode ser boa pessoa, mas não se deu o "click" e não sinto empatia por ela. Desculpa-me, Rihanna. Sei que hoje vais ter um mar de gente a seguir-te no concerto que vais dar, e que te adora, mas eu não sou uma delas. Espero que esta informação não te estrague o dia. Tenta ultrapassar isso e ser feliz na mesma.

A outra canta "esta rapariga está em fogo" (aqui) e eu estou já é a quinhentos metros. Adorava-a no tempo em que se tentava ao piano, cheia de trancinhas, mas desde que começou a "rihannizar-se", largou o piano e começou a subir mil tons até cantar num tom que, para mim, se tornou humanamente impossível suportar, deixei de a conseguir ouvir. Sinto que esta nova música terá sido atribuída mais ou menos no seguimento duma conversa deste estilo:
- Estou, Rihanna?
- Não, fala a Alicia.
- Ah desculpa, foi engano. Tenho aqui uma música para a Rihanna, mas enganei-me no número. Devia estar a pensar em ti.
- Pois... É boa, essa música?
- É óptima! Vai ser um êxito.
- Oh. E porque não me dás a mim? Ela agora anda em grande. Eu nem por isso...
- Mas a música é muito aguda. Não é para o teu tom de voz.
- Estás a dizer que não consigo cantar como ela? Mas eu também consigo ser soprano!
- Ok, mas tens uma voz mais grave e rouca. A Rihanna tem uma voz mais límpida e aguda.
- Ohh mas eu consigo. Prometo que consigo!! Queres ver?
- Pronto, está bem. Vamos lá ver. De qualquer maneira, a Rihanna também não atende.
- Deve estar com o Chris.
- Pois... Então vou mandar-te a música por email. Vê se gostas.
E pronto, a Alicia Keys ficou com a música só para provar a ela mesma e ao mundo que consegue cantar mil tons acima do normal nela. O pior é que o resultado ficou horrível e ouvi-la só me causa sofrimento. Até me dói a garganta a ouvi-la.

E vocês, têm ódios de estimação? Vá, partilhem aí.

Sabemos o que fizeste na última noite

A história que contei aqui de manhã foi inspirada no filme Last Night, como referi. E esse filme, visto há mais quase dois anos, gerou várias discussões aqui em casa. A principal questão foi: quem esteve pior? Ela, que está ainda apaixonada por outro homem, apesar de negar a si mesma e mesmo não revelando ao marido? Ou o marido, apaixonado pela mulher, mas que não resistiu aos avanços duma mulher sexy (no filme, interpretada pela Eva Mendes)?

Na altura, ele defendeu que ela esteve pior: apesar de não ter chegado a trair, foi jantar com uma pessoa que não lhe era indiferente, conversaram sobre os dois, permitiu que houvesse um clima, tocaram-se de forma nada inocente, e a verdade é que, no final, ela foi para casa a pensar nesse encontro. Dizia-me ele que as mulheres por norma traem dessa forma: ao entregar-se de forma emocional, ao permitirem-se apaixonar-se por outro, ao conversarem com outro de forma íntima, ao revelarem segredos e ao partilharem o seu mundo. Para ele, a traição do marido não tinha sido tão grave, porque foi apenas algo físico, passageiro. A colega nunca iria roubar um segundo dos seus pensamentos.

Para mim, no entanto, a traição dele foi imensamente superior à dela. Simplesmente porque ele não resistiu, ao contrário dela. Perante uma pessoa que nem dizia grande coisa, a não ser a nível de atracção física, foi fraco e deixou que a carne cedesse. Ela, por seu turno, ao confrontar-se com o segundo homem da sua vida, com alguém que mexia com ela há anos, conseguiu resistir. Falaram muito? Falaram, sim. Pode uma conversa ser mais íntima que uma louca noite de sexo? Acredito que sim. Mas a verdade é que se controlou. Junto àquele corpo cujos contornos, odores e reacções conhecia de cor, resistiu. E para mim é isso que releva no fim. Os pensamentos nem sempre podemos controlar. Os actos, sim.

E agora deixo-vos a vocês a questão: quem esteve pior?

(não) Sei o que fizeste na última noite.*

Conhecem-se desde a faculdade. São um casal, mas gostam de dizer, com assumido orgulho, que são também os melhores amigos um do outro. Conversam sempre imenso no final do dia. Cada um quer sempre saber tudo sobre o dia do outro e tudo lhes interessa. Cortam os legumes, temperam a carne ou põem a mesa juntos. São uma equipa. E bem eficaz. Sentem-se ambos completos. Percebem-se um ao outro com um simples olhar.

Um dia, ela conhece, numa festa da empresa onde ele trabalha, a nova colega dele. Morena, cheia de curvas perigosas, olhar desafiador e sorriso de quem consegue tudo o que quer. Tens uma colega nova? Sim. Não me disseste nada. E contas-me sempre tudo. Não calhou. Ele desculpa-se. Mas o olhar mente. Foste com ela na semana passada naquela viagem de trabalho? Fui. O olhar dele foge.

Passado uns dias, em casa, ele diz-lhe que vai ter que passar dois dias fora. Em trabalho, novamente. Ela vai? Vai, sim. Vamos três. Vão. Ela fica sozinha por dois dias. Entregue a si e aos seus pensamentos negros, sabendo que ele está bem longe perto da tentação. Decide sair de casa e espairecer.
- Hey!, gritam.
- Oh... Por aqui? Mas tu vives do outro lado do mundo.
- Voltei.
- Oh... De vez?
- Sim. Conto-te tudo ao jantar. Queres jantar?
- Sim, claro!
Aceita jantar. Ele? Uma antiga paixão que não deu certo. A única pessoa, para além do marido, que fez bater mais forte o seu coração.
- Nem acredito que estou contigo. Isto é real??
- É. Belisca-me.
- Estás igual.
- Também tu.
- Relembra-me porque é que entre nós as coisas não resultaram.
- Mau timing. E a distância.
- Ai a distância...
- Essa foi a tua desculpa.
- Foi verdade. Não imaginas o quanto custou vir embora.
- Não deve ter custado nada! Nem um bilhete deixaste.
- Não havia bilhetes onde coubesse tudo o que tinha para te dizer.
- Tretas. Olha, um brinde a nós adultos. Olha para ti, de aliança e toda senhora de si.
- Oh. Que saudades que tinha tuas.
E ali ficaram toda a noite a conversar. A recordar. O vinho a subir. Os casacos a cederem ao calor. Aos mãos a tocarem-se por tudo e por nada. Os olhares que nada mais viam. O restaurante fechou. Saíram.
- Eu seguro-te. Estás trôpega.
E foram, bem encostados. Ele a cheirar-lhe o cabelo, qual drogado a sair da ressaca. Ela a relembrar-se do peito largo dele. Não apetecia largar, era viciante.
- Vais contar ao teu marido sobre esta noite?
Ela não sabia. Ele deixou-a em casa. Deu-lhe um beijo bem perto da boca. Era um atrevido. E até amanhã. Ela subiu e sonhou que, por uma noite, aquela almofada era o peito largo dele. Toda ela eram saudades.

A dois mil quilómetros dali, ele ia para a cama com a colega. Mal falaram, foi atracção fatal.
- Esquece que isto aconteceu, ok? Foi do álcool. E foi uma cena física. Esquece por favor. Sou casado.
Foi dormir. Sonhou com a mulher e morreu de saudades dela. Estava arrependido. Que disparate que tinha acabado de fazer. Nem gostava assim tanto da colega!

No dia seguinte, o casal reencontrou-se. Ele trouxe flores, revistas do aeroporto, chocolates e um perfume. Abraçou-a e sussurrou-lhe um "amo-te". Ela sorriu, com um olhar triste, e disse apenas "temos de falar".

*História baseada neste filme, cuja história adoro, e que tem o Guillaume Canet, actor e realizador interessantíssimo.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Foi tudo por tua causa. Tudo.

Entrei no carro do meu amigo. Olá. Olá. Tudo bem? Sim, e contigo? Os cumprimentos habituais. O carro arrancou. Onde vamos? Vou mostrar-te a nossa casa nova. Ok, estou ansiosa por conhecer. Continuámos, estrada fora. Até que o carro começou a abrandar o ritmo. Estamos a chegar? Sim, é já ali. Parámos numa rua sem saída, entre um prédio em obras e um descampado.
- Olha, a verdade é que não estamos nada a chegar.
- Não...?
- Não. Trouxe-te aqui, porque precisava de falar contigo longe de tudo.
- Então porquê...?
- Estou muito desiludido contigo. Muito. Meteste-te na minha vida. Meteste-te entre mim e a X. Dizias que querias juntar-nos, mas só nos afastaste. Por tua causa, afastámo-nos para sempre. A X ficou magoada por eu ter falado contigo. Achou que não devia ter desabafado com ninguém, nem com uma amiga dela. Não me atende o telemóvel, desapareceu do mapa. Fugiu e nunca mais a vou ter!
- Mas...
- Não há mas... Foi tudo por tua causa!
- Mas eu só queria...
- NÃO TINHAS QUE QUERER. Destruíste a nossa relação. Foste uma péssima amiga. Meteste-te onde não eras chamada. Foi tudo por tua causa!! Não vês isso?
- Mas como é que...
- Acabou a conversa. Agora sai do carro!
- Mas deixa-me explicar...
- Não há explicações!!
A voz teimava em sair. O meu poder de argumentação tinha sido todo sugado por ele e por aquele carro, durante aquela viagem. A garganta tinha secado. Um nó enorme havia-se formado e já nem um simples "ai" conseguia sair.
- ...!
Nada. Queria berrar. Responder. Chorar. Nada. O meu interior era um nó gigante. Uma dor, uma injustiça tinham-se apoderado de mim e tinham-me petrificado. E a dor aumentava, o nó impedia-me de respirar, enquanto ele me empurrava para fora e fechava a porta do carro. Quis abrir a porta e não consegui. Quis bater no vidro e nada. Uma dor que crescia e crescia. Fechei os olhos. Senti um beijo.
- Bom dia!
- ...
- Bom dia!!
- Hãan?
- Estás mesmo ferrada no sono.
- Dá-me um abraço.
Não tinha pesadelos há anos, mas ultimamente teimam em aparecer. E este foi outro "daqueles". Não sei o que se passa com a minha cabeça. Lembram-se desta história? Pois, este pesadelo veio desse meu impasse. Parece que mesmo quando nos tentamos convencer que estamos bem e atiramos os problemas para o lixo, a verdade é que está tudo no cérebro e este arranja sempre maneira de ir buscar tudo, o malandro.

Juro que não entendo.

O Sábado prometia: finalmente Sol, calor, o vento mal se sentia e até o jogo de futebol dele foi cancelado. Pegámos na nossa cadela e rumámos para a praia, com uns amigos. Escolhemos um sítio abrigado, estrategicamente protegido da leve brisa existente. Estendemos as toalhas e tirámos a roupa. Toca a pôr protector aqui, protector ali, deitámo-nos a conversar e a contemplar o mar, com o olhar meio encadeado pelo sol. Que grande tarde que estava! Ao longe, um casal de surfistas procurava teimosamente as (poucas) ondas existentes.

Até que ela cedeu. Não havia ondas? Voltaria outro dia. Decidiu sair do mar. E ficámos todos hipnotizados. Até a conversa parou. Lentamente, emergiu das ondas. Fato de surf bem justo ao corpo. Prancha debaixo do braço. Cabelos longos e brilhantes. Morena. Caminhava com atitude. Passos confiantes. Agitou o cabelo, atirou-o para a frente e recuperou-o para trás. Dirigiu-se às toalhas. Um grupo de meninas de cerca de seis anos rodeou-a, qual ídolo. Ela abriu o fato, gentilmente. Puxou o fecho eclair até abaixo e começou a tirar uma manga. Depois a outra. O fato parecia uma segunda pele e teimava cair. E ela parecia ter todo o tempo do mundo. Qual borboleta a sair do casulo, tirou finalmente as duas mangas e vimos todos o seu bikini reduzido e o decote avantajado. Barriga lisa. Pele bonita. Estávamos todos em suspense. Ninguém falava. Nem nós as mulheres.

De repente, o fato já a meio, uma das meninas sorriu. Ela respondeu. O fato quase a cair. Ela sorriu de volta. O fato quase... Vimos os dentes. Faltavam os pré-molares. Mas ela agora não parava de rir. Não te rias, não te rias, não te rias, pensávamos nós. Tarde demais. Subitamente, aquele era o momento mais feliz da vida dela e ela não conseguia descolar aquele sorriso rasgado da cara.

Fechámos todos os olhos. O sol estava muito forte. Continuámos a conversar. Mas todos os nossos pensamentos estavam centrados no mesmo.
- Onde é que íamos?
- Não me lembro.
- Eu só penso em dentes. Porque é que há tanta falta de pré-molares em Portugal?
- É o síndrome do pré-molar.
- Isso existe?
- Inventei agora.
- Não percebo, juro que não percebo.
- Devia fazer-se uma campanha de sensibilização.
- Acontece tantas, tantas vezes. Quando falta um dente é o pré-molar.
- Pois é. Sempre!
- Oh E., tu que és dentista, porque é que acontece?
- É por causa da mastigação (explicação técnica  e longa) depois tem que se desvitalizar (explicação técnica) e por isso se vê tanto.
- ... Eu só sei que é feio. E preferia gastar dinheiro nos dentes que no silicone, plásticas ou outras coisas. Não acham?
- Eu claro que acho! Sempre melhorava a minha vida como dentista.

Fica a sugestão. Pessoal: pensem primeiro nos dentes primeiro, e só depois noutros melhoramentos. Não há "corta-pica" pior que uns maus dentes. Ou a falta deles.
O dia de praia visto do ângulo mais "cliché" de sempre, a seguir à foto dos pés.

domingo, 26 de maio de 2013

A melhor amiga

Dizia-me ele ontem, subitamente solícito e preocupado com o meu blog (sim, porque às vezes peço-lhe ideias e nada): "olha, devias falar sobre um tema que sempre sempre achei engraçado". Quis saber o que era. "Devias falar sobre um fenómeno interessante que é o facto de muitas vezes as mulheres não ligarem nada a um homem que as aborda. Mas se o mesmo homem se mete com a melhor amiga e esta começa a rir e a achar piada, já ficam incomodadas e reivindicam o tal homem. É uma velha técnica dos homens e resulta sempre".

A verdade é que cresci a ouvir a história de amor de uns tios meus e foi realmente nestes moldes que tudo aconteceu. A minha tia é uma espécie de Brooke Shields. É linda, alta, magra, com um cabelão espectacular e uns olhos felinos. O meu tio sempre contou que, depois de algumas investidas sem sucesso, decidiu meter-se com uma das melhores amigas delas. Começou a falar com a amiga, ia ter com ela e com a minha (futura) tia, saiam os três, tratava a amiga super bem, mostrava-se divertido e bom ouvinte. Até que... aconteceu o quê? A minha tia começou a reparar nele e, meses depois, estavam apaixonados. A amiga foi madrinha de casamento, acabou tudo bem.

E se conheço este exemplo, tenho a confirmação dele e dos amigos de que resulta "sempre" ou quase sempre. Comigo confesso que nunca aconteceu, se bem me lembro, mas alguém confirma esta teoria? Já vos aconteceu?

"A" viagem

O problema dos sonhos é sempre o mesmo: depois de o realizarmos, voltamos à estaca zero e temos que arranjar novos sonhos por que lutar.

Até há pouco tempo, a minha viagem de sonho era fazer um safari em África e conhecer os locais em que o "África minha" tinha sido rodado. Queria ver perto de mim os "Big Five", queria visitar as casas dos Maasai e aprender um pouco mais sobre eles, queria ver ao perto os milhares de flamingos no Lago Nakuru, queria conhecer as praias paradisíacas africanas e viver um pouco a cultura africana. Realizei esse sonho. Depois disso? Voltei à estaca zero.

Hoje, uma antiga colega de faculdade pediu dicas para locais a visitar em África, porque vai viajar por lá algumas semanas. E não consegui deixar de pensar que tenho que arranjar novo destino de sonho, para começar a sonhar com ele durante os próximos tempo e ter um objectivo a atingir. Para já, ando com ideias de fazer uma viagem entre a Rússia e a China no Transiberiano. Ele não se mostra muito receptivo. Mas também temos tempo. É uma grande viagem e o mundo não termina amanhã. Nem o dinheiro cresce das árvores.

E vocês? Têm alguma viagem de sonho?
Os Maasai a mostrar-nos como é que se engata lá no sítio.
O ritual envolve cânticos, saltos e cabeças de leão. Ganha o que saltar mais.
Ah e defendem que uma mulher se partilha com os amigos. Não fiquei fã da cultura.
Este lodge em Aberdare tentava assustar, mas nós passámos na mesma o muro e ignorámos.
Não contem a ninguém, ok? Shiiuu.
O rinoceronte branco. Dizem que é difícil de encontrar, porque é uma espécie ameaçada.
É imponente. Foi a primeira vez que temi pela integridade do jipe. Passou ao pé de nós e sustive a respiração.
"Cu-cu!! Já viram o tamanho das minhas pestanas? E são naturais, queridos."
Reconhecem a casa??
"Cu-cu!! Parecemos inofensivos, mas somos o animal que mais mata em África. Fujam!" 
"Ouviram os hipopótamos? Pois, ao lado deles sou um doce de animal."
"Papá, estão ali a tirar-nos uma fotografia. Olhó passarinho!!" 
Os restos deixados por algum predador.
Quatro girafas a imitar a capa do "Abbey Road", dos Beatles. Nem em África há originalidade.
Um macaco com uns traços um pouco humanos. Ora reparem bem.
Não me importava de ficar a viver aqui.
Miúdos simpáticos que, passado uns minutos, só estavam preocupados com o meu cabelo, porque acharam
"feio e sem tranças". Não ficámos os melhores amigos.
Um macaquinho cheio de estilo. Reparem no colar. Ligava mais a acessórios que eu.
"Hakuna matata". "Está tudo bem, aproveitem a vida", repetiam-nos neste barco.
A ancorar. "Podemos ficar aqui a viver??"
"Portugal?? Vasco da Gama!!". Na rota dos antigos navegadores portugueses.
Uma irmã separada à nascença. Mas era mais rápida que eu!

sábado, 25 de maio de 2013

Isto está tão errado

Estava a ver um filme e surge novamente a cena: ele e ela cada vez mais perto. Uma tensão no ar. Os olhares que não se descolam. E, de repente, o beijo. E são felizes para sempre? NÃO. Ela grita, descontrolada, "isto está tão errado!!" e pára. Acrescenta: "não costumo fazer isto. Eu não sou assim!!". Escusado será dizer que, dois nano-segundos depois, nem temos tempo de pestanejar e já estão novamente aos beijos. Afinal o errado tornou-se certo? Afinal ela passou a ser assim?

A questão é que realmente nunca percebi. Se a ficção imita a realidade, esta cena é bastante recorrente, porque surge todos os dias em séries, filmes, telenovelas ou livros. Certo? Afinal porque é que é que se pára para dizer que aquilo está errado se depois se vai continuar? Se alguém souber a resposta, agradecida.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

As giras e as sexy

Há uns tempos, comentava com ele que determinada mulher que conhecemos os dois era a mulher mais bonita que eu conhecia. Ele respondia-me que era realmente bonita, mas que tinha um ar tão desinteressante e sem sal, e que era tão pouco sexy que nunca na vida se interessaria por ela. Quis saber mais. Até que ponto o sexy era mais importante que a beleza. Disse-me que a questão era mais de provocar um desejo no sexo masculino ou não. E que ela simplesmente não provocava.

Pus-me então a pensar nisso. E cheguei à conclusão que realmente as mulheres que conheço que despertam mais interesse nos homens nem sempre são obrigatoriamente as mais bonitas. Muitas vezes são as mais engraçadas, as que têm um sentido de humor mais apurado, as que são mais sociáveis e com menos inseguranças. E isso com certeza torna-as sexy.

Hoje, a ver este vídeo que partilhei no Facebook duma mulher lindíssima e cheia de pinta, que muitos conhecerão, e que é a Chiara, percebi mais uma vez isso. Esta mulher tem uma beleza inquestionável. Mas a verdade é que é tão "desengonçada", tão pouco feminina nos seus gestos que duvido que com base apenas neste vídeo (obviamente, porque de resto parece-me ser super feminina e elegante) algum homem se sentisse atraído por ela. Estarei certa? Afinal o que será mais importante: a beleza "estática", contemplativa, ou simplesmente o parecer "interessante", despertar interesse e vontade de conhecer melhor a pessoa, mesmo que não tenha uma cara simétrica, lábios carnudos e um corpo deslumbrante?

As mulheres querem um bombeiro.

Ontem, falei nas mulheres simples e nessa categoria que, pelos vistos, os homens preferem.
No entanto, quanto às preferências das mulheres, diziam as quatro protagonistas do Sexo e a Cidade noutro episódio (e dá-se a entender também num recente anúncio da Axe Apollo), que elas preferem, não os simples ou os complicados, mas simplesmente os bombeiros. Motivos? Usam uniforme, têm limite de peso que não podem ultrapassar, costumam ser giros, e têm aquele ar de quem é capaz de salvar até o nosso gato. Remantam ainda dizendo que a verdade é que muitas mulheres querem é, no fundo, ser salvas. Mas será sempre assim?
A seguirmo-nos pelo tal anúncio da Axe, não. É que, depois de ser salva por um bombeiro lindo de morrer, a resgatada troca-a por um astronauta. Porquê? Fica a dúvida no ar. Afinal queremos ser salvas ou precisamos apenas dum homem que nos leve à lua? (ok, este trocadilho era fácil demais)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

São dois ou três, afinal?

Tenho uma dúvida há algum tempo. Escrevi na página do Facebook na noite dos Globos de Ouro, mas as autoridades competentes e/ou familiares dos mesmos não agiram. Digam-me: fui a única a perceber que o Rúben Rua foi separado à nascença dos gémeos Sampaio??
- Irmãaaaaos!! Não finjam que não me estão a ver!! Esperem!!
(diálogo inteligentíssimo entre os dois)
- Como é que estás aqui e na foto em cima?
- Não sou eu. Pensei que fosses tu.
- Eu não, eu estou aqui contigo.
- Também eu.
(em coro) - Então quem será???! É igual a nós!!

Eles e as ex

Caso 1 - Ficam amigos e íntimos da ex, mantêm o contacto e até se encontram de vez em quando. Pensamentos da nova namorada: "muito bem, é um amor de pessoa ao dar-se bem com quem significou tanto para ele, mas ao mesmo tempo, não lhe estará a dar esperanças?"

Caso 2 - Deixam de falar com a ex, cortam todos os laços. Pensamento da nova namorada: "é correcto, porque a deixou seguir a sua vida, mas será que não devia continuar a preocupar-se com a pessoa com que esteve tanto tempo?"

A verdade é que, no início duma relação, raras vezes a nova namorada considera que as coisas com a ex ficaram devidamente resolvidas. E há quase sempre um ciumezinho que virá. Posso dizer que, no meu caso, felizmente nunca aconteceu. O que aconteceu foi até o caso 2 - deixou de falar com ela, depois de acabarem (amigavelmente). Cheguei a insistir que desse os parabéns à ex, porque ela parecia ter um carinho muito grande por ele. Cheguei a lembrá-lo no dia - "ouve lá, é hoje, liga-lhe". E cheguei a chamar-lhe insensível. Lá está - parece que nunca estamos bem, quer seja num caso ou noutro. No entanto, imagino que o caso 1 possa ser mais dramático. A falar com uma amiga hoje que tem que conviver várias vezes com a ex do namorado fiquei a matutar nisso. No difícil que deve ser ter que se confrontar tantas vezes com o passado dele, em carne e osso, ali a dois metros. No difícil que deve ser ter que lidar com a vida antes do namoro dele. Com as pessoas que faziam parte dessa vida. Deve ser difícil e uma prova constante.

Acredito, contudo, que manter algum contacto com uma ex namorada é possível, é saudável e é o correcto a fazer. Se a pessoa que tivemos no passado foi importante para nós, porquê apagar todos os vínculos? Não digo que seja necessário falar todos os dias - no meu caso, falo para aí três vezes por ano - mas sei que, na dose certa, nenhuma nova relação fica em risco. Basta dialogarem um com o outro, desabafar, e o convívio com quem quer que seja sairá facilitado. E o namorado? Reforçado.

Eles preferem as simples.

Há uns tempos, falava com uma amiga em fase de dúvidas existenciais sobre relações e o porquê dos homens escolherem esta ou aquela mulher para assumir um compromisso sério. Dizia-me ela que não entendia como é que alguns homens tão bem parecidos e interessantes acabam por escolher, de todo o leque à escolha, as mulheres mais desinteressantes e sem sal. Não entendia também porque é que alguns homens assumiam um compromisso com uma mulher, se depois pensavam noutras e as traíam à menor oportunidade. A minha conclusão foi: esses homens preferem mulheres mais básicas, sem grandes dramas ou inconformismos. Preferem ser idolatrados e admirados, mimados e apaparicados que serem loucos por uma mulher demasiado gira. Terão medo de a perder? Medo da concorrência? Talvez.

Ontem, a rever um episódio do Sexo e a Cidade, que tem passado na Fox Life, assisti a um diálogo entre as quatro que me fez lembrar esta nossa conversa. O diálogo começa com a Carrie a queixar-se do noivado do Big com outra. E remata com um "porquê ela?". A pergunta não podia ser mais directa. Nem mais desesperada. "Porquê ela?!!". As amigas dizem que tudo se resume a uma palavra - "Hubble". E quem é o Hubble?, quer saber a Samantha. O Hubble foi uma personagem desempenhada pelo Robert Redford no filme "The way we were", explicam-lhe. Este encontra-se loucamente pela Barbara Streisand, no papel de Katie. Só que a Katie é muito complicada. É meia louca e também um cabelo indomável, cheio de selvagens caracóis. O Hubble não aguenta e termina a relação. Acaba por se casar com uma rapariga simples de cabelo liso. Um dia, a Katie vê-o com a nova mulher. Aproxima-se dele, enquanto ajeita o cabelo. E diz-lhe apenas "Your girl is lovely, Hubble".

A Carrie percebe então que é uma "Katie girl" e não uma "simple girl". A minha esperança é que os Bigs deste mundo comecem a perder o medo das Katie. Percam o medo das mulheres interessantes, destemidas, cultas, viajadas, inteligentes e por vezes indomáveis. Vão ver que há muitas Katie que vão valer a pena. Podem agitar o vosso mundo. Mas há mundos que precisam de ser agitados.
 

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Isto é uma pouca vergonha

Vivo com um prostituto. Enquanto cozinho, ele está no sofá. Mas a ver televisão? Não, senhor. Não consegue. Está simplesmente a ser usado pela nossa cadela para acalmar os seus ímpetos (dela, da cadela, claro). A imagem não é bonita. Ela não o larga. Agarra-se ao braço, respira de forma descontrolada e não descola. Ele está com a maior cara de tédio/ estupefacção/ o-que-hei-de-fazer que já lhe vi. Às vezes ri-se. Depois só oiço um decidido "pronto, sai daqui. Vai procurar um namorado".

Eu? Eu volto para a cozinha, claro. Não participo em poucas vergonhas.
A expressão dele a ser usado... Priceless!!

Como rejuvenescer dez anos em dez minutos.

Hoje fui apresentada a um colega bastante mais velho que eu. Costas direitas, sorrisos contidos, aperto de mão, apresentação formal, e ficámos depois num grupo grande a conversar. A dada altura, não sei como, ficámos os dois sozinhos. E a propósito não sei de quê, deu-me o contacto telefónico. Tentei escrever no telemóvel, mas atrapalhei-me com as teclas e demorei um pouco mais do que era suposto.
- Quer ajuda?
- Desculpe, sou nova no mundo dos iphones.
- Oh Dra, vê-se que a Dra. é nova em todos os mundos.

Engasguei-me. O que é que quereria dizer com aquilo? O telefone tocou e não se esclareceu. Desligou.
- Não nos conhecemos de algum lado?
- Não, Sr. Dr., julgo que não.
- Que pena. Ia jurar que sim.
- Geralmente tenho boa memória fotográfica e não me recordo, confesso.
- Bem, sorte da tua sósia, então.

No fim, ia estender a mão de forma firme, como tinha feito no início, para me despedir. Fiquei com a mão no ar. Ele atirou-se de cara. Deu-me um beijo. E assim passei de respeitada Dra. a miúda em dois minutos. E agora vou enrugar a testa dez minutos até ganhar uns vincos, para ver se ganho uns dez anos.

Sorria. Por cinco euros à hora.

1. Ela estava a tirar o curso e, em simultâneo, trabalhava como hospedeira numa empresa de trabalho temporário. Congressos, reuniões, conferências, eventos variados. Ela estava lá. De farda, cabelo esticado, maquilhagem impecavelmente aplicada, collants nude e salto não muito alto. Sorria e ajudava no que fosse preciso. Tudo por cinco euros por hora, pagos a recibos verdes. Chegou a conhecer alguns políticos, empresários ou profissionais influentes. Sentia-se bem naquele meio. Ganhava para as férias. Não incluiu essa experiência no currículo, apenas porque trabalha na área da saúde e acha que não seria visto como mais-valia.

2. Ele estava à espera que o estágio na empresa em que tinha sido escolhido finalmente começasse. Tal seria apenas em Outubro. Por isso, até lá, decidiu que iria servir numa esplanada junto ao mar, de segunda a sexta. Aos sábados, trabalhava por vezes num bar perto de casa. Servia amigos, oferecia umas bebidas à miúdas mais giras e tornou-se um rapaz muito popular nesse verão. A empresa onde veio a estagiar e a tornar-se trabalhador, valorizava o seu empenho e ambição e aconselhou-o a incluir essa experiência no currículo. Para eles, era, sem dúvida, elemento valorizador.

3. Ele era novo, estava a estudar, mas gostava mesmo era de jogar futebol, bilhar e matraquilhos com os amigos. Tudo era pretexto para trocar os estudos por estas brincadeiras. Resultado? Mau aproveitamento. O pai pegou nele e obrigou-o a segui-lo nesse Verão. Para onde me levas, pai? Levo-te para o trabalho duro. Vai-te habituando. Foram cavar milho para a horta do avô. E as minhas férias nas praias dos Olhos de Água, pai? Estão lá os meus amigos todos! Esquece-as. Quem não se esforça, não merece ser recompensado. Junho a Setembro. Debaixo dum sol atordoante. Ele habituou-se. É hoje Presidente da República. E não tem pudores em partilhar esta história de aprendizagem sobre o valor do trabalho duro.

4. Ela tirou o curso de Engenharia Civil. Habituou-se a um ordenado milionário. E a uma vida passada nos melhores sítios e com o melhor. Tinha um grande futuro pela frente. Ou teria, porque a empresa fechou portas. É a conjuntura económica, repetiram-lhe vezes e vezes sem conta. É a conjuntura. O culpado tinha um nome, mas ela não sabia onde encontrá-lo para ajustar contas. Mandou currículos. E mais e mais e mais currículos. A conjuntura lá espreitava de mansinho e impedia-a de arranjar emprego. Até que, um ano depois, encontrou trabalho numa sapataria. Vai aceitar. E isto, deve pôr no currículo? Morre de vergonha. Habitou-se a um ordenado milionário. Tinha o futuro pela frente. Desde quando é que o futuro deu lugar a estas caixas de sapatos?, pergunta-se.

Em comum a estas histórias? A vergonha inicial. O sentir que estavam a trabalhar abaixo das suas capacidades, abaixo do seu estatuto. Mas a ambição e a necessidade supera tudo. E um deles chegou mesmo a Presidente da Republica, devo lembrar? Hoje, quero desejar toda a sorte em quem esteja neste momento em situações semelhantes. Conheço alguns casos e é perfeitamente normal. "É a conjuntura", dizem. Sei que há um grande preconceito em ir trabalhar para uma loja, ou para os ditos "trabalhos menores", tendo-se um curso superior. Custa, claro que sim. Mas sei que o trabalho árduo compensa sempre. A sorte protege os audazes. E acrescento que os trabalhadores também.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O meu cabelo

Por estes dias, o meu cabelo anda a cair-me tanto que, das duas, uma:
1. Ou vou ficar sem cabelo, como um bonito e rechonchudo dente-de-leão depois de ser soprado;
2. Ou vou ter que dar um valente corte, como ando a ameaçar (sem nada fazer) e saio do modo primitiva/ mórmon. Palpita-me que o facto de ter o cabelo com três metros de comprimento, quase, não ajuda, porque o cabelo fica preso em todo o lado e cheio de nós. Sim, eu sei, devem ter ficado com uma bela imagem na cabeça. ;)
"Não sopres, por favor. Poupa-me", parece gritar o pobre dente-de-leão.

Amor é prosa. Sexo é poesia

Não sou particularmente fã da Rita Lee, mas sempre que esta música passa na rádio, dou por mim a pensar na letra de uma forma que acontece com poucas músicas. Ora, para a cantora, "sexo é escolha. Amor é sorte. (...) Amor é prosa. Sexo é poesia. (...) Amor é divino. Sexo é animal.", entre outras comparações. E fico sempre a pensar se concordo. Concordo? Como aprendi na faculdade, às vezes a resposta certa poderá ser o "depende". E neste caso, para mim depende.

Sexo é escolha? Ok, mas às vezes também é uma questão de sorte. Sorte em escolher alguém que seja compatível connosco. Amor é sorte? Sim, mas é também uma escolha. E nem sempre se escolhe amar e nem sempre se escolhe amar a pessoa que seria a certa. Uma amiga minha costuma dizer que nisto do amor "era baralhar tudo e distribuir outra vez". E a verdade é que nem sempre se escolheu a pessoa certa, mesmo depois de se ter tido a sorte de a encontrar.

Amor é prosa? De facto, é contar uma história em vários capítulos. Mas é também paixão, é tristeza, é carinho, é loucura, é rimar e de seguida esquecer todas as regras silábicas. Amor também pode ter muitos momentos de poesia. Sexo? Pode ser escrever em cadência, em monossílabos, com pontos de exclamação e sem reticências. É poesia, sim. Mas pode tornar-se também num belo enredo, numa elaborada prosa, em que dois amantes se procuram continuamente na ânsia de escreverem juntos mais que um capítulo das suas histórias.

Amor é divino. Sexo é animal. Mais uma vez, tudo se pode misturar e confundir. O verdadeiro amor pode transcender todo o físico. Pode soltar as amarrar do corpóreo e tocar no mais fundo de cada um de nós, na nossa alma. Mas o verdadeiro amor também exige toque. Abraços. Beijos. Calor. E carinho. Exige que o lado animal dos amantes se una. E o sexo, quando entre duas pessoas que realmente se entregam, que gostam e que se completam, pode ser divino.

Afinal de contas, parece-me a mim que é sempre difícil separar o amor do sexo. O sexo é parte integrante do amor. E não consigo falar de amor sem pensar em sexo. E acho que é por isso que fico sempre calada quando esta música passa e a dar voltas à cabeça. "Amor é isto? Sexo é aquilo?" Amor é tudo e mais alguma coisa, é a minha conclusão. E o sexo é a esperança de lá chegar.

Mafamude's Next Top Model*

- Tenho um jantar da empresa! O X. lembrou-se de marcar um jantar.
- Ok, fez bem. Aproveito e marco qualquer coisa também.

E nunca mais se falaria nisto a não ser "correu bem? O restaurante foi giro?". Jantares e almoços de trabalho toda a gente tem e fazem bem (além de rimar). Só que apareceu no Facebook que alguém tinha escrito no grupo do tal jantar. Espreitei, a título de curiosidade. Ele do lado a rir-se. Eis quando vejo as Misses escolhidas para o evento:
1. Miss 1. Optou por colocar maior quantidade de silicone que o seu estreito corpo conseguia aguentar. Tem fotografias em que as mamas saltam para o pescoço e assumem praticamente a função de colar. Pelo menos sempre poupa em acessórios. Adora praia e noite, e não consegue parar de mostrar como a vida é feliz e como se sente bem consigo mesma e com o seu corpo. Aliás, aproveita qualquer ocasião para usar o mínimo de roupa possível. "Carpe diem" poderia ser o seu mote de vida. Mas é uma expressão demasiado comprida para ser dita por quem parece estar constantemente asfixiada com o excesso de pressão pulmonar.
2. Miss 2. Foi modelo na escola secundária, ficou em 3.º lugar no concurso "Miss Liceu" e almeja ser encontrada na rua como aconteceu com a Kate Moss. Para tal, decidiu pintar o cabelo também de loiro, apesar de manter pronunciadas raízes morenas que a denunciam. Deixou de comer há três anos. Quer ser ainda mais magra que a própria Kate Moss. Adora ser convidada para desfilar em discotecas na sua freguesia e arredores, e publica sempre as fotografias no Facebook para as futuras agências a descobrirem melhor. "Mafamude's Next Top Model" poderia ser o seu programa preferido. Só que ainda não foi criado.
As restantes não tinham fotografias.

Ainda dizem que os homens não ligam ao físico. Acham que as colegas mais cheiinhas e com óculos foram convidadas? Qual quê. Também pode acontecer que temam pela vida destas colegas, que praticamente não comem, e por isso as tenham decidido alimentar. Sim, com certeza foi isso. São almas caridosas, estes senhores. E não, não tem nada a ver com o facto de serem como um helicóptero: giras e boas. Porque são. É apenas pela personalidade. Almas caridosas, estes senhores.

*Não conheço ninguém de Mafamude, mas é dos nomes de freguesia mais cómicos que conheço. Além de ter sido utilizado num sketch famoso dos Gato Fedorento (aqui).

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Tirem-me o pão, mas não me tirem o futebol


Diálogo durante um almoço, no fim-de-semana, ao almoço num restaurante que estávamos a conhecer:
- Sete euros por uma sandes?
- Sim, mas é uma sandes de chef. Diz aqui que é "com assinatura".
- Preferia assinar eu e pagar só três euros.
- Mas tu não és chef.
- E é preciso ser chef para fazer uma sandes?
- Estas sandes são especiais. São originais, têm ingredientes diferentes e são mais elaboradas. Então não sabes que agora até há hamburgers gourmet? A ideia é pegar no que era fast food e torná-lo em comida mais requintada.
- Hmmm... mas sete euros?
(eu a desesperar, já) - Ok. Mas queres que te lembre quanto foi o bilhete para Amesterdão? E era um jogo, só. Apenas um jogo.
- Mas isso é futebol!! É paixão! É uma coisa que me faz feliz.
- Olha, e eu tenho paixão por comer sem estar a ouvir forretices.
- Sete euros. Por um pão...
- Shiu.
(À falta de melhor argumentos, saiu-me isto. E o almoço prosseguiu, entre os vasos de flores e um sol agradável. E um amuo que passou pouco depois.)

As sandes? Eram uma delícia. O sítio impecável, junto ao Parque da Cidade do Porto. Oferecem mantas se estiver frio, chapéu se estiver calor. Há cerveja caseira portuguesa. E croisants quentinhos franceses a sair ao lanche. Ah e sempre ao som de boa música. Podem ver o sítio aqui. Se forem, já sabem: levem pelo menos sete euros. Eu prometo que o prendo em casa e não o deixo ir lá chatear-vos.
A foto não faz justiça ao local, mas parece que entramos subitamente
numa pequena aldeia no meio do nada, com casinhas bem arranjadas.
Para "Sovina" (a cerveja artesanal que nos trouxeram), sovina e meio!
O nome pareceu ter sido escolhido
por alguém que sabia bem quem ia acabar a beber a cerveja.

A JLo e o Cooper

Recebi por email o relatório da avaliação física do ginásio. Pus-me toda contente a analisar e comecei por constatar que, afinal, até estou ligeiramente abaixo da média de percentual de gordura (segundo a composição corporal do pomposo "Protocolo de Pollock", ou teste das três dobras, segundo se lê no Relatório, a média é de 23% - eu estou nos 21%); e que afinal o peso ideal para mim até poderá ser de 59 kgs e não de 55 kgs. Estava a ficar toda orgulhosa de mim, a sorrir sozinha, por isso continuei a ler o relatório com outro ânimo..... até me deparo com estes dizeres:

"Resistência Aeróbia Teste de Cooper
VO2 Máximo
Valor: 22,92
Resultado: MUITO FRACO!!!"

(Ok, os "pontos de exclamação" e o amarelo fui eu que pus.) Confesso que não faço a mínima ideia de quem foi o Cooper e o que exigia no seu teste. Mas ninguém gosta de ler um "muito fraco"!! "Muito fraco"?? Posso ter asma e uns pulmões com menos resistência que um fumador de cento e cinco anos, mas isto não vai ficar assim.

Além disso, foi deprimente ver os números das minhas "circunferências", vulgo medidas conhecidas como 86-60-86. Pois esta medida famosa é duma modelo em forma de ampulheta perfeita, duma Gisele, duma Adriana ou duma Sara. Eu sou uma pêra insuflada em baixo, uma JLo com retenção de líquidos só pode. A minha medida na anca? Três dígitos. Três. Três digítios. Até fiquei com falta de ar. E não, não foi da asma.

Cooper, aqui vou eu. Daqui a dois meses vamos ver quem é o "MUITO FRACO"!! Seu insolente. Mal agradecido. Então não ando a correr, a tentar lutar contra o caracol asmático que estava destinada a ser?? Ando a dar tudo por tudo e vens-me com um "MUITO FRACO", sem dó nem piedade? Hás-de ter muitos amigos, oh Cooper. Daqui a dois meses conversamos. E podes despedir-te também da JLo.

Cenas a três? Fazes sempre filmes. (Ou a amizade H-M.)

Nota prévia: acredito que um homem e uma mulher possam ser amigos. Sem maldade, sem segundos pensamentos. No entanto, se forem solteiros e bem parecidos, acho que as probabilidades de um dos dois achar piada ao outro aumenta em 99%. É só a minha opinião, vale o que vale, mas parece-me que, mesmo que não venha alguma vez a verbalizar os seus pensamentos, vai sempre haver um dos dois que pensa no outro de forma diferente, que vai ter ter um "se" gigante a pairar sobre a cabeça, em determinado momento, e vai forçar-se a chamar "amizade" a algo que é mais que isso.

Assim, a menos que sejam amigos de infância, que vão tendo a sua vida afectiva organizada, ou ainda a menos que não achem minimamente piada ao físico um do outro, haverá sempre um momento de "hmm.... e se?". Trata-se de uma nuvem negra que ameaça muitas relações entre homem e mulher, e por isso admiro os que conseguem sobreviver sem filmes e com uma amizade firme e intocável. Admiro mesmo.

No entanto, como tenho sempre esta visão um pouco maliciosa, por vezes não me contenho. Um dia destes, a minha irmã - que não concorda comigo neste ponto, e que defende que a amizade entre homens e mulheres é perfeitamente possível e sem filmes - falava comigo a propósito dum casal amigo que a convidou para dormir lá em casa quando quisesse.
- Foram impecáveis, não foram?
- Hmmm... Sim. Mas são um casal de namorados e lembraram-se de te convidar para dormires lá com eles?
- Têm um T-2.
- Não querem cenas a três contigo, pois não?
- Oh Pippa, por favor! Que disparate.
- Só comentei... Ok, tu é que os conheces!
- Também não conheço assim muuuuito bem. Eram colegas meus. Mas fomos ficando amigos.
- Ahh... mas então não conheces assim muuuuuuuito bem. Nunca se sabe.
- Oh cala-te! Agora nem vou conseguir relaxar e descontrair-me se for lá.
- Mais vale assim a seres apanhada desprevenida.
- Aiiii! Fazes sempre filmes.
- Ok, ok. Eu calo-me.

Pronto, calei esta mente perversa. A verdade é que nem sempre fui assim maliciosa. Mas acho que o crescimento, infelizmente, também é isto: é passar a ver maldade em quase tudo. E às vezes tenho saudades do véu cor-de-rosa que me pendia sobre os olhos e que me permitia ter uma visão romântica de tudo. Perdi irremediavelmente esse véu e não há meio de o recuperar. De qualquer das formas, quero a vossa opinião sincera: nesta matéria da amizade entre homens e mulheres, mais vale ter esta visão um pouco negativa (achar que acaba sempre por haver filmes) ou não (acreditar numa amizade pura, sem "se"s)?

domingo, 19 de maio de 2013

E, subitamente, ele diz que quer ir às compras

- Queres ir às compras?
- Sim. Estamos praticamente sem nada em casa.
- Vamos agora? Anda, vamos lá.

Isto podia ser um cenário perfeito se não fossem apenas o stress dele e a angústia a falarem mais alto.

- São 18h. Vamos? Continente ou Pingo Doce?

Noutro dia qualquer, diria que íamos estar os dois sozinhos, num mar de mulheres. Hoje, no entanto, palpita-me que muitos homens andarão a passear entre o corredor da fruta, das carnes, dos detergentes ou dos legumes até serem 20h. Ou a correr na rua, phones postos. Ou a dar-lhe no ginásio. Ou simplesmente em retiros, longe de tudo e todos, sem tecnologias disponíveis.

E às 20h renascerão. Uns felizes. Outros derrotados. Uns sairão para a rua, agitando cachecóis, bandeiras e gritos de vitória. Outros irão apenas para a casa procurar o conforto e afogar as mágoas.

O futebol é isto. Como em tudo na vida, uns dias ganham uns. Outros dias ganham outros. Que hoje sejam os vermelhos. É o que mais desejo.

Vou arrendar outra casa, ok?

As coisas andavam esquisitas. Uns olhares vazios. Uns silêncios demasiado longos. Os horários que deixaram de coincidir. Até a vontade de fazer amor parecia ter dissipado. O trabalho... Ai o trabalho era tão cansativo! À noite tinha muito que descansar. E doía-lhe muito a cabeça. Vou já para a cama, não levas a mal, pois não? Eu não levava. O trabalho... Era tão cansativo! Ele tinha mesmo que descansar. Os olhares vazios? Os silêncios? Os horários sempre trocados? A falta de beijos, mimos, toque, desejo? O trabalho. Não podia levar a mal!

Até que um dia me deu a notícia: "encontrei um apartamento mais perto do trabalho. Não te importas que vá viver para lá, pois não?". O trabalho... Claro que não! O trabalho era muito importante.

Mas subitamente comecei a sufocar. Vai embora assim do nada? Ao fim de tanto tempo? Não é normal. Não pode ser. Preciso de respirar. Estou sem ar. E está tanto calor! Quando é que ficou assim? Estou mesmo a sufocar. Preciso de ar fresco. Tirem-me esta camisa. Arranquem-me os botões. Não consigo respirar. Não consigo respirar.

Abri os olhos. E acordei. Era um sonho e dos mais estúpidos de que tenho memória. Estou doida.

sábado, 18 de maio de 2013

"Nasci para ser noivo"

Ontem, em viagem, dizia-nos um amigo "nasci para ser noivo, não tenho dúvidas". Quisemos saber mais. Era por estar apaixonado? Por saber que era mulher da vida dele?

"Estou a adorar organizar tudo. Tratar da festa para receber os convidados. Vai ser o melhor dia da minha vida e estou a adorar."

Se não se ouviu um "ohhhh" colectivo feminino foi só porque ficámos silenciosamente enternecidas. E não, a noiva não estava ali. Mas que mulher não gostaria de ouvir isto? Um homem que está a adorar organizar tudo, mesmo trabalhando a quase 400 kms, cerca de 12 horas por dia. Um homem que diz sem vergonha ou constrangimentos que sabe que vai ser o melhor dia da vida dele. E que diz, sem sombra de ironia, um frase daquelas.

E que, de seguida, quando o telefone toca, atende sem vergonhas em alta voz no carro e fala de forma carinhosa, em tom preocupado e paternal. Desta vez, se não se ouviu um "ohhhh" colectivo feminino, foi porque cada uma estaria a pensar com os seus botões, relativamente aos seus respectivos: "hmm... porque é que ele a mim não atende assim de forma querida e descontraída quando está com mais gente no carro?".

Felicidades, M.!! De certeza que vais ter um casamento muito feliz. E despeço-me com um valente "ohhhh" que me ficou ontem retido na garganta. Ohhhhh!!

sexta-feira, 17 de maio de 2013

BILFA

(Female) Bloggers I Would Like To ... ou, nas palavras do seu criador, "pelo dom da escrita que possuem nos fazem idealizar que a rambóia com elas deve ser top." Já conheceram? (aqui) É preciso ter grande imaginação!!

Quais seriam as vossas escolhas?

Ah e já agora, vi lá uma nomeação. Obrigada!!! (acho eu)

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Uma lady na mesa

Estava a ler este post do Romântico à Forca e, mal me deparei com o título, não pude deixar de me lembrar d"a" conversa que a minha mãe teve comigo. "A" temível conversa. "A" conversa que todos os pais têm com os filhos a dada altura do seu crescimento, e que significa que finalmente os vêem como adultos. Comigo, a conversa foi tão subtil que mal estava a dar pela sua presença. Não fosse o ar nervoso da minha mãe e o conteúdo tinha-me passado um pouco ao lado:
- Filha, eu sei como és em público. És bem-comportada. Educada. Tens maneiras. Sabes portar-se correctamente em qualquer situação, como uma verdadeira princezinha.
- Sim...?
- Sim. Mas o meu medo é dentro de quatro paredes.
- Estamos dentro de quatro paredes agora. Estou a portar-me mal?
- Não é isso. Dentro de quatro paredes... Sozinha...!
- Dentro de quatro paredes... Sozinha... Achas que me porto mal quando estou sozinha?
- Sozinha com o teu namorado.
- Ah... queres que me porte bem com o meu namorado?
- Sim. Percebes? Deves comportar-te correctamente. Como foste ensinada.
- Como é que fui ensinada?
- A ser uma princezinha. E deves sê-lo mesmo dentro de quatro paredes.
A conversa pareceu-me circular e não chegou a sair daquela indefinição. Tive que ler nas entrelinhas e no olhar nervoso da minha mãe o que as palavras não diziam. "A" conversa tinha chegado. E tinha aprendido que devia portar-me como uma princesa. Até dentro de quatro paredes.

No entanto, a sabedoria popular (e o Marco Paulo) ensinam-nos o oposto. Em que ficamos? N"a" conversa maternal/ paternal ou na sabedoria popular? Bem, este vai ter que um post um pouco inconclusivo. E lido nas entrelinhas também. Mas sinceramente palpita-me que o Marco Paulo fez mais por toda a sua geração e gerações vindouras que todas estas conversas entre pais e filhos.