segunda-feira, 13 de maio de 2013

Sobreviver à distância

Falei aqui sobre o tema e escreveram-me a pedir para desenvolver mais e, se possível, para dar alguns conselhos a quem estivesse a passar pelo menos. A verdade é que tenho amigos que já me colocaram essa tão difícil questão - "aceito esta proposta de emprego, vou trabalhar para fora?" - e dei por mim sempre a responder o mesmo: "sim, se o emprego é importante, vai! Eu também já fui. Mas prepara-te para a pior altura da tua vida". A questão é que, para um casal que se habituou a estar junto numa base diária, não há nada pior que a separação. É termos que nos confrontar com o pior depois de termos passado pelo melhor. É sempre preferível o contrário, certo - primeiro namorar à distância e depois ficarem juntos?

Para mim, enquanto durou (e ainda foi bastante tempo), não houve dia em que não me sentisse triste a adormecer, não houve dia em que demorasse até conseguir relaxar e adormecer. E sou pessoa para adormecer em dois segundos, num dia normal. Depois de me habituar à companhia, ao dia-a-dia do casal, ao acordar com música, entre mil e um pormenores, custou-me horrores ter que me habituar a um quarto solitário, ao acto de redefinir as rotinas a solo. Custou-me realmente muito. Se é possível? É. Se se sobrevive? Sim. Mas custa. Isso não vou mentir. Tenho amigas mais racionais que sobreviveram/ sobrevivem à distância melhor que eu, mas eu não consegui relativizar como queria: custava, ponto final.

Conselhos? Pensar na questão do currículo - é necessário estar aqui, o meu percurso profissional vai ficar muito mais valorizado depois disto. Pensar na questão económica - a minha conta bancária agradece que aqui esteja, e vou tentar poupar para o futuro. Pensar na maturidade adquirida - estar sozinha vai permitir conhecer-me melhor, crescer, e tornar-me mais madura. Tentar dar valor às saudades - é importante sentir saudades da outra pessoa, é sinal que significa muito para mim. E valorizar sempre o tempo de qualidade a dois - de cada vez que estivermos juntos, vou aproveitar o tempo ao máximo, para recuperar o tempo perdido. Ah, e, por fim, aproveitar para pôr a escrita em dia - escrever emails, mensagens - e ligar. Acredito que, se se seguir realmente estes pontos, a distância fica bem mais fácil de suportar. E o longe pode tornar-se bem mais perto. Além disso, se há altura em que o romantismo deve vir ao de cima, é nesta. Que tal enviar uns miminhos para o local de trabalho, de vez em quando? Ou uma viagem inesperada a meio da semana, quando der?

Espero ter sido mais inspiradora, desta vez. Porque a verdade é que o amor resiste a qualquer contratempo, se for forte. E este é daqueles clichés que vale a pena repetir, porque é realmente verdade.

7 comentários:

  1. Francisco12:42

    Estou desde setembro no Reino Unido a tirar um mestrado e a minha namorada está em Portugal. Temos uma relação que já dura há 3 anos. Sobreviver à distância? Sinceramente, penso que depende do tempo. Se for uma separação física com data limite estabelecida, se não for muito mais do que um ano, normalmente sobrevive. Se for mais tempo do que isso, já coloco algumas reservas. Por muito forte e verdadeiro que seja o amor há algo que se perde por muitas horas que se passe no skype. Algo que ajuda e muito são visitas regulares.

    O conselho que dou para as pessoas que estão a pensar ficar indefinidamente fora do país a viver é que façam os possíveis para trazer a outra metade com eles.

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  2. Eu acho que não conseguia viver uma relação à distância, uma semana de vez enquanto no máximo duas, agora muito tempo acho que não aguentava e comigo não ia resultar, por isso não consigo deixar a minha casa e partir...o dinheiro não é tudo na vida!

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  3. Esta questão tem muito que se lhe diga. Se há uns anos eu diria que longe da vista, longe do coração. Agora acho que tudo depende de muita coisa, em que fase da vida se está, que tipo de relação se tem, se a relação está bem, se está menos bem, etc etc.
    A distância física na minha opinião mata muita coisa. Se a vida quotidiana também mata, a distância então... Mas lá está tudo depende :)
    No meu caso já vivi isso 2x. A primeira há uns 12 anos em que namorei com um rapaz estrangeiro. Ele foi embora do sítio onde estávamos e por muito contacto que tentássemos manter... morreu tudo ao fim de alguns meses. Mas era uma relação muito imatura, havia diferenças culturais, nunca teria pernas para andar :)
    Há pouco tempo, vivi uma outra situação de distância. Desta vez com o meu marido. Teve de ir para fora 1 ano. E tinhamos um filho muito pequeno. Eu fiquei cá com o meu trabalho e a cuidar dele. O skype ajuda, mas muito fica a desejar. São situações dificeis em que se pensa se fizemos bem ou não. Mas há uma coisa boa a tirar. Aliás muitas! Quem vai para fora sente-se realizado profissionalmente com novos projectos (no caso dele foi isso que aconteceu) e com novas esperanças para o futuro. No meu, apesar da "prisão" de ter 24h a meu cuidado um bébé pequeno, de estar sozinha a fazer TUDO (fiquei com mto respeito em relação às mães solteiras); apesar disso o estar por minha conta também foi bom. Pus a leitura toda em dia, vi a televisão que quis, decidia tudo o que queria. Passei tempo COMIGO. Pensei, pensei na vida, gozei a minha companhia (e a do meu maravilhoso pequeno). Foi bom. E em termos de relação passei a valorizar mais o que tinha, a quebra na vida familiar quotidiana trouxe-nos coisas boas, novos assuntos, novas conquistas. As vezes que fui ter com ele souberam bem, souberam a aventura.
    Mas isto lá está: relativo a um período específico de tempo. Concordo com o Francisco, se for tempo indefinido é melhor o casal resolver mudar-se para o mesmo sítio, senão é sentença de morte. Na minha opinião claro :)

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  4. Sim estar longe da família, dos amigos, do namorado num país estranho com hábitos/estilos de vida/comida que por muito que tentemos nos vão ser estranhíssimos e difíceis de incorporar...Eu estou fora de Portugal há sensivelmente um ano e só posso dizer que não fica mais fácil com o passar do tempo, muito pelo contrário. Cada vez que vou a Portugal agora só vivo as coisas boas e custa-me cada vez mais o dia da partida. Para uma relacão também não é fácil mas se houver amor e certezas ela sobrevive, com muito choro pelo meio é certo, mas sobrevive por algum tempo...depois é decidir quem é que muda para onde, porque não se pode viver eternamente separados!

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  5. Okidoki23:45

    Não é nada fácil ter uma relação à distância. Durante os últimos 5 anos só estávamos juntos ao fim-de-semana (o que era muito bom, comparado com agora) mas senti que a nossa relação perdeu muito com isso. Eu perdi muitos momentos dele e ele perdeu outros tantos meus. Mas, no meio desta distânia semanal, fui para fora por 6 meses. E sofri muito, foi muito desgastante a nível emocional, foi um sentimento de solidão e perda enorme... hoje, olhando para trás, sei que isso aconteceu porque a nossa relação não estava numa fase "madura". Nem eu, nem ele estávamos preparados para aquela distância... mas fez-nos bem. Fez-nos ver muito bem o que queremos um do outro, onde queremos chegar juntos. A nossa relação mudou para melhor, arranjámos um "cantinho" nosso e começámos a partilhar aqueles pequenos momentos do dia-a-dia.

    Hoje ainda estamos "juntos" e, por "juntos" entende-se ele fora e eu ainda cá em Portugal (a vida não pára de dar voltas, ein?). Foi uma das decisões mais difíceis que tomámos, mas foi uma decisão nossa. Ainda custa, é verdade, as saudades são imensas, mas já sabíamos que iria ser assim. E agora, após 1 ano da sua partida (com muitas visitas pelo meio), serei eu a partir também. Em breve voltarei a estar presente nas pequenas coisas do dia-a-dia.

    Não conhecemos ninguém que tenha tido um percurso assim, mas acho que saber que aguentámos isso tudo e que ainda estamos juntos (e em breve, juntos de facto!) mostra que o amor volta e meia vence a distância :D

    (por vezes, questiono-me se é pelo amor que sentimos ou por sermos ambos Escorpiões :P )

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    1. Anónimo16:34

      Olá
      ao ler a tua historia estou a rever a minha
      o meu namorado, futuro marido, teve que ir tabalhar para fora
      já estamos separados há 1 ano e não sei quanto tempo mais vai ficar no estrangeiro - indeterminado?
      é muito muito dificl aguentar e tem dia que parece impossivel
      nunca poderei ir ter com ele, ou seja viver fora do país, porque trabalho em portugal e tenho um filhote de meu ex-marido e nunca irei separar filho do pai.
      não sei o que fazer e não sei se esta relação tem futuro, parece condenada.
      é um amor impossivel de 20 anos que reencontrei há 3 anos atrás mas parece, mais uma vez não vamos ficar juntos.
      É um amor sem fim e sem barreiras mas dificl de suportar a distancia que nos separa!

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  6. Eu vivi uma situação dessas durante três anos. Tínhamos ambos 19 anos quando ele partiu para estudar fora. Foi muito complicado, até pela idade imatura que tínhamos. Sinto que aqueles que podiam ter sido os melhores anos da minha vida, ficaram muito aquém disso.
    A verdade é que ele voltou e foi a maior alegria que tivemos. Continuamos juntos até hoje, quase com 25 anos. A distância tornou-nos mais fortes e ajudou-nos a apreciar as pequenas coisas, os pequenos momentos. A rotina, que sempre me cansou imenso, é hoje olhada de outra forma. Não que já goste dela, mas em alturas em que acontece, por mais trabalho, dou comigo a pensar: "Há uns anos davas tudo para o ter contigo, nem que fosse assim.". E vejo logo as coisas de outro ângulo, deixando de ser tão injusta com o que a vida me dá.

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