Aceitar a outra.

Já aqui falei em jantares só de homens em que o sexo oposto não entra. E expliquei que me faria alguma confusão se, subitamente, começasse a ser confrontada com um jantar dele só de machos todas as semanas. Ia sentir que alguma coisa estava mal. Sei que para muita gente estará tudo bem com um jantar dele só de amigos, com saída incluída, todas as Sextas, por exemplo, mas eu sei que ia achar uma necessidade estranha. Talvez por não estar habituada.

No entanto, se há algo que me esqueci de referir no tal post foi que, apesar de tudo, sempre me habituei a um ritual dele: os jogos com os amigos. Quer vão jogar futebol, quer vão assistir ao Glorioso. Habituei-me e não me custa nada sinceramente. Em casa, é como se estivesse sozinho a ver o jogo: grita, gesticula, salta, insulta, berra, ri-se ou emociona-se. Atira os foguetes, faz a festa e depois ainda apanha as canas. Eu assisto, impávida e nem faço grandes comentários. Vibro de forma totalmente diferente. Por isso, quando ele combina ir ao estádio com os amigos, até fico contente por ele. Sei que vai ter um programa de homens, que vão gritar, gesticular, saltar, insultar, berrar ou rir juntos. Com voz grossa. E pelos no peito. E sinto que é um momento só deles. Nem me tento intrometer.

Fico fora desses programas e fico a fazer as minhas coisas, enquanto ele parte. Aceitei esta paixão assolapada que ele sente pelo futebol há muito e sempre a aceitei. Sinceramente gostava era de sentir uma paixão tão forte por qualquer coisa como ele sente. Algo que me deixasse totalmente apaixonada. E acho até que, no fundo, mais que aceitar essa tal outra paixão dele, o invejo. Deve ser bom ser assim tão apaixonado por algo.