quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Cantar e (des)encantar

Estava ontem a ler a lista dos filmes que vão estrear esta semana (faço sempre exercício por mero masoquismo, pois com duas crianças em casa raramente consigo ir ao cinema!) e deparei-me com este que me chamou a atenção. Além de ter a maravilhosa Meryl Streep e o Hugh Grant, atentem na história:

"Passada na Nova Iorque dos anos 1940, a história verídica da lendária Florence Foster Jenkins, uma socialite e herdeira nova iorquina que perseguiu de forma obsessiva o seu sonho de se tornar uma grande cantora lírica. Se quando cantava, a voz que ouvia na sua cabeça era bonita, para todos os outros tratava-se de uma experiência horrível mas hilariante. O seu "marido" e agente, St. Clair Bayfield, um aristocrático ator inglês, conseguiu sempre proteger a sua amada Florence da cruel verdade, mas quando esta decide dar um concerto público no Carnegie Hall, St. Clair sabe que está prestes a enfrentar o seu maior desafio."

Estava eu muito contente a ler a descrição e a ver depois o trailer, quando tive uma epifania. Uma triste e cruel epifania: estou sempre a cantar e nunca ninguém me disse que canto bem. Recuei no tempo. Revivi momentos. Uns atrás dos outros. Viagens de carro com os meus pais, quando eu ainda era uma adolescente, em que o meu pai, a dada altura, desligava o rádio e dizia "Pronto, agora vamos conversar!". Viagens de horas no carro em família, em que canto e coreografo as músicas que passam na rádio e ele começa a cantar por cima, como quem não quer a coisa. Noites com a Constança ao colo, a cantar músicas de embalar, e em que ela cada vez grita mais e mais alto. Hmmm... Algo me diz que posso ser uma pequena Florence em potência. De qualquer dos modos, adoro cantar. Não tenho a pretensão de dar concertos nem de me tornar uma grande cantora lírica, mas hei-de continuar a cantar (melhor ou pior) e a espantar os males, como diz o ditado. Só espero não espantar quem me rodeia. E só espero que os meus filhos não saiam a mim e herdem a capacidade de canto do pai, que, aqui entre nós, canta realmente bem, afinado e com projeção de voz.

Cantar, ainda que pessimamente, faz bem à alma. Pelo menos à nossa.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Para os dias de calor

O calor chama por fruta fresca, salada, sumos com muito gelo, peixe e comidas mais leves, certo?

Por isso, o ceviche foi uma descoberta recente que combina bem com estes dias de verão.

O que leva o ceviche? Leva peixe cru marinado em "sumo de tigre" (bebida feita com o peixe marinado na lima e com os outros ingredientes e que, no Peru, é usada para curar ressacas!, e supostamente dar força e energia), salsa e coentros. Também leva cebola e piripiri, o que dá um travo picante e que convida a beber muito (controlem a mão ao temperar, se não, passam o almoço a beber água!). Pode acompanhar-se com batata doce e legumes, e também com milho. É fresco, é leve e... ando fã. Já experimentaram? Também gostam? Acho que vão gostar e há muitas receitas na internet para todos os gostos e grau de habilidade na cozinha!
Almoço de domingo, no Panca Cevicheria. A acompanhar, limonada bem fresca. De sobremesa um gelado de doce de leite com chocolate. Sim, porque eu falei em comida leve e fresca, não disse que tinha que ser pouco calórica. ;)

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Casamento à vista

Tenho um casamento depois de amanhã. E o vestido, que já devia ter chegado hoje de manhã (via Asos, outra vez - ando muito previsível), nem vê-lo. Começo a temer o pior.

"Mas não tens outros vestidos que possas levar?", perguntam vocês e bem. Tenho, pois. Mas cheguei à seguinte conclusão: os vestidos elegíveis para casamento (excluindo, desde logo, os pretos e os brancos, que nunca uso em casamentos) que tenho no meu armário, ou são bege ou são rosa claro ou são "nude" ou então são verde água. Ah e são todos bem justinhos. Não tenho vestidos com cores vivas e mais largos. E não me apetece vestir roupa clara. Nem vestidos colados ao corpo. O moreno já saiu há muito, mas a barriguinha pós-parto ainda não, por isso, tenho que me esconder num vestido mais largo e com uma cor que não me faça parecer uma triste anémona pálida e leitosa.

Por isso, as hipóteses para este sábado são as seguintes:
Ou vou assim, caso o vestido chegue a tempo
(sendo que estou a desejar muito que aquela transparência ali na cintura seja tapada pela parte de cima)
Ou algo assim: branca e gorda, vestida de bege.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Meninas que estejam pelo algarve

É fácil criticar a forma como somos atendidos e os serviços que nos prestam. Ainda há dias, num café, resmunguei com o empregado porque pedi uma sandes com queijo de cabra e tomate e veio uma tosta com queijo flamengo. "Não tinha os ingredientes da lista? Tinha que me avisar antes de trazer uma alternativa...". Criticamos serviços todos os dias, porque, infelizmente, é comum sermos mal atendidos e é demasiado normal lidarmos com pessoas sem brio no trabalho. É por isso que tenho a convicção que, quando somos bem atendidos, devemos fazer por elogiar e incentivar o bom trabalho.

Isto tudo para dizer que quando, ontem, olhava para as minhas mãos, três semanas depois de ter colocado verniz gel, e reparei que as unhas ainda estavam perfeitamente intactas, sem uma única lasca de verniz já em falta, pensei "tenho que mandar mensagem à Gi a dar os parabéns". A Gi é uma esteticista brasileira que a minha irmã me deu a conhecer há uns anos, em Albufeira, e que faz depilação, manicura e pedicura e também extensão de pestanas. Experimentei o ano passado as pestanas e adorei. Estava sem vontade de colocar diariamente máscara de pestanas e maquilhar-me, pelo que a extensão me permitiu andar todas as férias de cara lavada sem parecer um zombie desmazelado. As pestanas abriam o olhar e davam um ar arranjado, mesmo quando só tinha colocado o creme hidratante. Demorava literalmente dois minutos de manhã, depois do banho: era só pentear o cabelo, lavar os dentes e colocar o hidratante. Este ano decidi repetir e colocar também verniz gel nas mãos e pés para não ter que me preocupar com as unhas todas as férias. Três semanas depois? Unhas - intactas. Pestanas - continuam aqui, não todas, mas as suficientes para continuar a não me preocupar com a maquilhagem mesmo para ir trabalhar.

Por isso, hoje decidi fazer algum serviço público e partilhar com as meninas que, como eu, passem pelo Algarve e queiram andar com ar cuidado sem terem que perder tempo todos os dias. Perdem apenas uma ou duas horas um dia e depois dura três semanas. Eu nunca sei onde ir fazer este tipo de coisas durante o ano, por isso, tenho mesmo pena que a Gi não viva perto de mim. Seria da forma que teria sempre as mãos e pés arranjados. A verdade é que, antes dela, ainda não tinha encontrado ninguém que pusesse as minhas unhas intactas tanto tempo. Pagava imenso e as unhas só duravam uma semana. Não sei se é a qualidade do verniz que é diferente, se é mesmo o jeito que é outro. O que sei é que na 6a vou remover, com muita pena, este verniz e voltar às minhas unhas ao natural. Até ao próximo verão. Ou até encontrar outra Gi que trabalhe perto de mim.

Quem quiser experimentar, envie-me por favor mensagem privada/ email e eu dou o contacto. Tenho a certeza que ficarão tão fãs como eu.
Aqui estão as unhas com três semanas. Claro que já se nota o crescimento e está a chegar a hora de as tirar,
mas ainda não envergonham ninguém, certo?

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sentido de desorientação

Eu tento. Juro que tento. Esforço-me por decorar os caminhos. "Direita, esquerda, quiosque na esquina, supermercado, rotunda, direita, ok!". Só que depois parece que alguém pega nas ruas e altera-as, por pura maldade. "Ui! onde está o supermercado? e o quiosque? duas rotundas? mas era só uma! merda, perdi-me!".

Eu tento mesmo a sério. Tento até quase doer a cabeça. Acabo sempre por me perder. É por isto que o Gps foi, para mim, das melhores invenções de todo o sempre. Sem Gps seria daquelas pessoas que passam em Elvas para ir de Setúbal a Sintra, só porque naquela rotunda saíram na primeira em vez de sair na segunda saída e foram por aí fora, felizes da vida.

Já ele, quase de olhos fechados, consegue chegar a todo o lado. É frustrante! Às vezes vou a fazer de co-piloto, enquanto andamos de carro, e temos diálogos surreais:
- Que gira casa! Já viste? Aqui do lado direito. Adoro a varanda.
- Já vi, claro. Estamos fartos de a ver.
- O quê? Nunca passámos aqui!
- Claro que passámos, esta é a rua da pizzaria.
- Que pizzaria?
- A pizzaria perto de nossa casa. A nossa casa é duas ruas a seguir.
- Oh! É nada...
- Pizzaria aí do teu lado. Vês?
- Nem percebi que já estávamos aqui. Vieste por um caminho novo, pensei que estávamos muito mais longe.
- Hmmm... Casa! Chegámos!

Acho que já não há nada a fazer. Da mesma forma que eu decoro as datas e consigo dizer, sem pensar muito tempo, onde estava em junho de 1998 (e ele perde-se completamente no tempo!), não consigo orientar-me no espaço. Nunca faço ideia para que lado é norte ou sudoeste. Se o mar está para a direita ou esquerda. Seria a pior escoteira da história, se alguma vez tivesse experimentado. Devo ter nascido sem esse "chip". Já pensei submeter-me a hipnose e tudo (aproveito e peço para deixar de gostar de todo o tipo de doces e para perder o medo de andar de avião, num três em um da hipnose).

Mais alguém padece deste mal?

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Férias

É engraçado como o conceito "férias" muda ao longo dos anos. Há uns anos, férias exigiam praia, muita praia, sol, programas atrás de programas, amigos e festas. Agora, a qualidade das férias quase que é medida pelo número de páginas de um livro que se consegue ler. Este ano consegui ler quase um livro numa semana (ando a ler o "As intermitências da morte", do Saramago, e a achar brilhante e cheio de sentido de humor, naaaada tétrico, apesar do nome), o que significa que houve realmente tempo para descansar! Aqueles momentos mágicos em que, depois de muita brincadeira a quatro, ambos os filhos adormeciam ou ficavam sossegados? Aconteceram. E deu para dormir bem, namorar, conversar, ler, apanhar sol e estar com amigos. Andámos pelo Buçaco e Luso, Montargil e Algarve. Foi mesmo bom. O ano passado, com a morte da Malti, tivemos umas férias bastante tristonhas. Este ano fomos compensados com uma semana feliz. Acho que merecíamos.