quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O novo iPhone

Faltam 10 minutos para ser lançado o novo iPhone 7. Se estou ansiosa? Estou, sim, principalmente porque a minha querida filha me partiu o ecrã do telemóvel e preciso urgentemente de um novo.

Mas em dia de lançamento de novo telemóvel dei por mim a percorrer esta galeria e a lembrar-me do meu primeiro telemóvel, que não está aqui: o Nokia 5110.
É incrível como um telemóvel que, à data, nem SMS dava para enviar (a operadora não suportava o serviço), causou tanto impacto na minha vida. Tinha a capa vermelha, que adorava, e só o facto de poder falar com as minhas amigas em qualquer lugar já era motivo para muita excitação.

Sim, não havia selfies, não havia Apps, não havia nada para fazer a não ser telefonemas - sim, espantem-se, crianças, mas só podíamos usar o telemóvel para conversar! - mas fui muito muito feliz a conversar com o meu telemóvel vermelhinho. Saudades desse tempo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

XX e XX vs XX e XY

Dei um jeito ao pescoço no último treino e andava há dias como se tivesse engolido uma vassoura - muito esticada, sem conseguir mexer o pescoço para um lado nem para o outro.

Como não sabia mais o que fazer, marquei consulta num osteopata e fui lá hoje. Levava uma camisola larga e com decote em forma de barco tanto à frente como atrás, para lhe dar espaço de manobra. Só que, quando lá cheguei, ouvi algo que não estava à espera - "dispa-se, por favor". "Dispo? Mas é só o pescoço que me doi", disse eu, enquanto tentava parecer descontraída e relaxada. Não estava. Era um homem, pouco mais velho que eu, não havia mais ninguém em todo o gabinete, a rececionista tinha ido almoçar e senti-me desconfortável. "Tem que se despir, porque tenho que ver onde está a origem do problema. Até pode estar na anca".

Continuei a sentir-me desconfortável, mas lá o fiz. E ainda bem que fiz, porque saí de lá, uma hora depois, a sentir-me praticamente nova e quase sem dores.

Sei que para os profissionais da área da saúde deve ser indiferente o sexo da pessoa que lhes aparece à frente. Mas não me lixem: é sempre diferente, pelo menos numa primeira consulta, estar à frente de um homem ou de uma mulher, principalmente se for duma idade próxima da nossa. E, ou a pessoa que está à nossa frente é tão profissional e descontraída que, a dada altura, já nem nos lembramos que é um homem - é apenas um ótimo profissional, como era o meu ginecologista - ou, então, o desconforto mantém-se e nada feito. Neste caso, mais vale mudar.

Talvez por isso, há uns tempos, uma pessoa conhecida me disse que tinha tido um treino com um PT e que desistiu logo. Agora só queria ser treinada por mulheres.
- Mas desististe porque era desconfortável?
- Não chegou a ser. Ele era mesmo muito profissional. Mas assim a probabilidade de haver um momento desses, de desconforto, é de 0%. Prefiro evitar problemas. Até porque o meu marido podia um dia não gostar de me ver a trocar mensagens com ele.

Concordam? Também preferem ser seguidos por pessoas do mesmo sexo?

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Terceiro dia de escolinha

E pensava eu que ao segundo dia já não ia custar tanto, nem a ela nem a nós. Pensava eu que, ao terceiro dia, já seria tudo fácil e sereno. Errado. Hoje deixei-a e continuou a chorar tanto que senti que deixei parte do meu coração atrás de mim. Chamava pela ama, chamava por mim, pelo papá, pedia colinho, dizia que não queria "escolinha"... e eu só queria conseguir explicar-lhe que isto é o melhor para ela, que é melhor estar ali com outros meninos que ficar em casa fechada mais um ano, e que me sai caro pagar ama e escola, e que é um sacrifício que fazemos pelo bem dela. Só que o meu lado racional desfaz-se em cacos ao mesmo tempo que o coração se parte e também me dá vontade de chorar, e choro mesmo, e saio dali a pensar "vou mas é acabar com isto e deixá-la ficar em casa mais um ano, coitadinha".

Enfim. Isto é mesmo duro. Custou menos regressar ao trabalho no fim da licença que isto. Porque ao menos nessa altura sabia que ela ficava no ambiente dela e que a podia visitar quando quisesse. Escola? Ninguém me tinha avisado que custava tanto. Às duas. :(

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Primeiro dia de escolinha - A cromice da mãe

Hoje é (ou era?) o primeiro dia de escola da Constança. Esteve até agora em casa, as coisas foram correndo bem, o registo e a dinâmica pareceu ir funcionando para todos os envolvidos, por isso, fomos mantendo na base do "vamos indo e vamos vendo". Eu nunca tive um plano a longo prazo, nunca fui extremista ao ponto de defender só casa ou só escola, sabia que havia vantagens e desvantagens em cada um dos cenários, daí que tinha definido que a iria por na escola quando sentisse que a casa já não a estimulava o suficiente. Esse momento aconteceu depois do bebé nascer. A dada altura percebi que, com o bebé para dar atenção, não conseguia (eu ou a pessoa que estivesse em casa) focar-me no desenvolvimento dela, levá-la a passear, a andar de triciclo ou ao escorrega, não conseguia sentar-me ao lado dela a desenhar (e a limpar depois tudo o que sujava), a ensinar novas músicas ou palavras, ou até a insistir para ela deixar de usar fraldas. Sobrevivia-se, as coisas iam-se fazendo, mas começou a haver demasiado Canal Panda para o meu gosto - "senta-te aí a ver a Patrulha Pata enquanto a mamã vai trocar a fralda ao bebé"; "olha o Panda! não posso brincar contigo, porque tenho que dar o leitinho ao bebé", e por aí fora. Por outro lado, desde que terminou a minha licença comecei a perceber que a Constança andava mais irritadiça, a precisar de atenção, e comecei também a questionar se o bebé teria estímulo suficiente, uma vez que a ama não conseguia ter dois minutos para o por no tapete de atividades (a Constança atirava-se logo para cima dele) ou passear com ele, por exemplo (é difícil para a ama passear sozinha com os dois).

Posto isto, tomei a decisão (um bocado sozinha, porque o pai inicialmente não concordava): estava na hora de ir para a escola. Consegui uma vaga para setembro, na escola que queria, por isso, foi uma questão de ir tentando convencer o pai, nos meses que faltavam. Lá consegui que ele concordasse comigo.

Hoje é (era?) então o dia "D". Já tinha a mala pronta desde ontem, o lanche e a farda da escola preparada para a vestir. Ontem, no entanto, comecei a stressar. Mas a stressar a sério. Não me deu para a choraminguice (estranho!), mas para os nervos. Comecei a questionar tudo. Será que a iriam compreender na escola? Eu percebo o dialeto dela, ela até fala relativamente bem, com alguns verbos e pronomes pelo meio, mas há palavras que ainda não diz direito e que nem todos percebem. Ela fala uma língua própria e às vezes tenho que a traduzir para os outros que não dominam a língua. Quem é que vai saber o que é o "Kuim" (coelhinho) e a importância que tem para ela? Quem vai saber o que é o "tim" (leitinho) e que, se o está a pedir, é sinal que tem sono? Quem vai saber o que é a "chi" (bolachinha) e que ela está com fome? Quem vai perceber, quando estiver triste, que o "cóínho" é ela a pedir colo? E o "Tai" (Panda style), quem é que ia perceber que, quando falar no "Tai", ela quer dançar? E isto ia piorando de minuto para minuto. Depois lembrei-me que eles não iam saber o ponto de desenvolvimento dela. Não sabem que sabe ler os números em português e inglês, e também as cores. Não sabem que sabe as notas musicais e adora cantar enquanto as toco. Não sabem que adora animais, dançar e dar cambalhotas. Não sabem o que a faz rir. Não sabem como reage quando tem sono ou está chateada. E como lhe dar a volta. "Coitada da minha filha, vai ser incompreendida!" Quando dei por mim, estava a escrever um "manual de apoio à Constança". Às duas da manhã. E a enviar por email à educadora. Incluí um dicionário Constança - Português. Incluí os pontos fortes do desenvolvimento e os pontos a desenvolver. Incluí conselhos. Tornei-me uma croma. Tornei-me uma croma. Tornei-me uma croma.

A seguir ao almoço vou deixá-la lá. Se não me der um ataque de choro. Sim, é o primeiro dia de escolinha. E custa muito. Mas acho que custa verdadeiramente é às mães. Os pais vivem isto mais na desportiva. As crianças acabam por adorar (eu sempre adorei a escola, por exemplo, e por norma é um sítio feliz para as crianças). As mães é que são umas cromas, muitas vezes. Pelo menos eu acuso-me!