terça-feira, 29 de abril de 2014

Ainda estou por aqui!

Sempre que fico uns dias sem escrever, ultimamente, recebo logo emails ou comentários a perguntarem-me se já nasceu. Realmente sei que, com trinta e sete semanas e meia, me tornei praticamente uma bomba humana prestes a explodir, mas não, ainda não foi desta. De qualquer maneira, agradeço do fundo do coração a cada pessoa que se lembrou de mim e me perguntou se já tinha nascido. :) Obrigada mesmo!!

Quanto ao fim-de-semana prolongado, eu andava cheia de vontade de ir passear junto ao mar, almoçar um choco por Setúbal, dar um salto ao Portinho da Arrábida, ir até Tróia e acabar a jantar um arroz de lingueirão na Comporta, na Dona Bia, onde fomos tão, mas tão felizes no último Verão. O Domingo estaria reservado para tratar da casa e das arrumações. Pois então lá andámos a passear com nuvens, vento e algumas chuvas tanto na Sexta como no Sábado... Gostava de poder dizer que foi maravilhoso, mas não foi, porque o tempo nunca ajudou muito. O sítio era sempre espetacular, mas faltava qualquer coisa. E essa "coisa" eram o sol e o calor, para mim. Ontem, o tal dia supostamente reservado para as arrumações da casa, acordámos com um sol radiante que me fez maldizer a minha escolha mais de mil vezes durante o dia. Não resisti... "Vamos passear? Vamos passear? Preciso de sol", comecei a insistir. Fui gozada o dia todo - "para que é que queres o sol? O sol não vai acabar amanhã" -, mas eu já não sentia sol na pele há quase um ano e sentia que precisava disso. Além disso, vou passar os próximos meses fechada em casa, certo? Mas os homens não percebem isto, acham que é só um capricho nosso... De qualquer maneira, lá fomos passear um bocadinho. Acho que andámos quilómetros. Senti algumas contrações e hoje outra vez, mas nada que seja fora do normal. Por isso, parece-me que vou continuar por aqui uns tempos sem bebés ao colo, a trabalhar normalmente durante o dia, e a tentar apanhar uns raios de sol aos fins-de-semana.

Nota: de qualquer maneira, ando a pensar dar-lhe a password aqui do blog para que ele possa vir avisar-vos se houver novidades. Que acham? Parece-vos bem?

sexta-feira, 25 de abril de 2014

As mulheres e o ginecologistas

Há um ano, falava aqui da minha resistência a ter uma consulta de ginecologia com um médico homem. Ainda se lembram? Basicamente explicava que me fazia confusão pensar em sentar-me naquela cadeira e ser analisada por um desconhecido do sexo masculino. Para mim, era acima de tudo estranho um homem querer trabalhar numa área que para todos os outros é lazer. Parecia-me contra natura. Só que a vida dá muitas voltas e quis o destino que, pouco depois de engravidar, começasse a ser acompanhada por um obstetra homem -  era o único médico que estava disponível naquele dia, àquela hora, no hospital, e tinham-me dado as melhores referências dele. Eu, que não tinha gostado muito da anterior médica, muito stressadinha para o meu gosto, acabei por ceder e fui sendo, desde aí, sempre acompanhada por este médico homem.

Como tem corrido? Muito muito bem. Não podia estar a correr melhor. Adoro o sentido prático dele, e a forma tranquila com que aborda todos os temas e me responde às dúvidas. Ainda na consulta das 37 semanas, nesta Terça-feira, comentava com ele que tinha ido ao estádio e aos festejos. Pensei que ia ouvir uma reprimenda. O que ouvi? "Então leva a Constança para o meio dum jogo desses? A miúda ainda lhe nasce só para poder fugir dali. Olhe que ela pode ser de um clube melhor!". Conclusão (além de ter descoberto que era sportinguista): até as minhas maiores loucuras são sempre apoiadas por ele. Sabe que continuo a ter que andar centenas de quilómetros de carro por semana, sabe que continuo a trabalhar entre dez a doze horas por dia, sabe que continuo a ir ao ginásio, mas nunca me impediu de nada a partir do momento em que percebeu que o meu trabalho não era fisicamente exigente. Ainda por cima é sempre pontual, é despachado, é profissional e tem sempre um espírito descontraído parecido com o meu. Sinto mesmo que encontrei o meu médico ideal. E afinal é homem. É para aprender a nunca dizer "nunca"!!

Esta semana fez-me, pela primeira vez, o "CTG" (exame para contar as contrações, batimentos cardíacos e movimentos da bebé) e, por fim, o famoso "toque" (quem já engravidou sabe do que falo!). Ou seja, ao fim de meses e meses a fazer ecografias apenas, desta vez tinha que me ver "por dentro" e de forma "manual", se é que me entendem. Como já nos conhecíamos há meses, não foi muito estranho. Sentei-me, tentei descontrair, fechei os olhos e estive ali... uns segundos apenas. Zero dor. Só um ligeiro desconforto.
- Só isto?, perguntei-lhe, ainda com medo da resposta.
- Sim. Queria ver a sua bacia e se a bebé estava bem posicionada. Está tudo ótimo. Ótima bacia.
- Ui... e viu isso tudo nestes segundos? Foi tão rápido!
Começou a rir-se.
- Sim. Já sabia que tinha um bom colo do útero, agora era só para confirmar a bacia e a posição da bebé.
E saiu do gabinete. Eu fiquei ali a vestir-me e a inchar de vaidade, toda orgulhosa do meu colo do útero e da minha bacia. No fundo, sei que deve ser um truque barato que lhes ensinam na Faculdade de Medicina, no internato de ginecologia ou obstetricia, para nos esquecermos do desconforto do exame: "não se esqueçam que elas precisam de uns elogios, depois de lhes tocarmos lá em baixo. Mulheres... já se sabe como são!!" Mas não interessa. Senti-me uma Miss-qualquer-coisa a receber a faixa pelo prémio que conquistou. Só que, em vez de Fotogenia ou Simpatia eu tinha conquistado o prémio da Miss Bacia e Colo do Útero. "Quero agradecer à minha mãe e ao meu pai", diria aos jornalistas.

Não é sempre assim que nós, mulheres, nos sentimos nestes exames, ao ouvir estas palavras? Entretanto, descobri este vídeo que parodia exatamente estes estranhos momentos de elogios ginecológicos. Aquela mulher ali sentada podia ser eu ou qualquer outra mulher. Estava indecisa se o partilhava ou não, mas somos todos crescidinhos, por isso, cá vai. (Nota: de qualquer maneira, aconselho só a sua visualização a quem não ficar incomodado com vocabulário mais "agressivo"!)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Estás demasiado calma!!

Há dias, ouvi uma amiga minha comentar que preferia não pensar ainda muito a sério em ter filhos, porque tinha medo de um dia querer muito e não conseguir. Outra amiga comentava que também que não pensava muito nisso – “e se um dia não puder ter filhos? Prefiro não pensar nesse assunto para evitar desilusões...” E fiquei a pensar naquilo... Fiquei a pensar por que é que alguns de nós serão tão pessimistas e preocupados, e outros tão otimistas. O que nos faz encaixar num lado ou no outro? O que nos faz contornar o pessimismo evitando sequer sonhar? E, pelo contrário, o que nos deixa sonhar e levar a vida de forma mais despreocupada? Quanto a mim, penso que a minha personalidade se desenvolveu em oposição à dos meus pais, sempre a mil, sempre preocupados por antecipação, a organizar tudo com antecedência, a pensar sempre nos problemas que determinado passo pudesse provocar e nas respetivas soluções antes do próprio problema existir. Sempre senti que se preocupavam por eles e por mim, por isso, a única coisa que tinha a fazer era relaxar e acalmá-los. E assim cresci e me mantive. O meu stress como que foi sempre sendo absorvido por eles, ao ponto de ter que ser eu a tranquilizá-los na véspera dos meus exames, ao ponto de aprender a lidar com os meus nervos sozinha e não partilhando tudo, para não os sobrecarregar. Mas cada pessoa desenvolve diferentes maneiras de lidar com o stress… Hoje, gostava de saber exteriorizar melhor as minhas preocupações. Dou por mim muitas vezes nervosa, mesmo no trabalho, e com a plena noção de que mais ninguém se apercebe, porque não sei agir enquanto “ser-nervoso”. Não sei bufar. Suspirar. Dar passos mais rápidos pelos corredores. Soltar uns palavrões. Berrar. Não, essa não sou eu. Eu, mesmo nervosa, sou aparentemente calma e cheia de sangue frio. Só que nem sempre é assim que estou por dentro...
Tudo isto para dizer que, nisto da gravidez, noto alguma preocupação crescente à minha volta. “Como é que vais fazer quando a bebé nascer? Não marcaste data para o parto? Continuas a trabalhar com trinta e sete semanas? Vais ao ginásio na mesma? Vais para o estádio assim? Comes sushi na mesma? Estás calma mesmo longe da tua família e amigos? E se entras em trabalho de parto, como é que vais para o hospital? Não tens a mala pronta? Já compraste isto? Já compraste aquilo? Já decidiste se a bebé vai para o infantário qos quatro meses ou se fica alguém com ela? Tens que decidir já! Achas que vais conseguir fazer tudo sozinha? Não vais! Vais para casa dos teus pais quando a bebé nascer ou vais para tua casa? Tens que decidir já!”. As perguntas cada vez são mais. Os conselhos multiplicam-se, mesmo sem ter que os pedir. E o mesmo vaticínio: “Ainda estás demasiado calma, mas um dia destes vais deixar de estar”, ouvi já muitas vezes, como se fosse um crime estar calma e grávida. Só que não estou calma. Estou serena e otimista, mas preocupada com algumas coisas. É natural... A minha vida está prestes a mudar. E estou ansiosa por conhecer a minha filha. Seria anormal se não tivesse noção da grandeza de tudo isto. Mas, como sempre, tenho a minha maneira de viver as coisas e de lidar com o stress. Sim, posso parecer mais calma que a maioria das pessoas, mas é assim que trato das coisas na minha vida. Se posso lidar com os problemas sem stressar por antecipação, sem perder noites de sono e sem perder o sorriso… por que não fazê-lo? Penso nos problemas todos. Penso que posso precisar de alguém e não ter ninguém por perto. Mas também sei que há táxis e telefones! Penso que há a possibilidade de a bebé nascer com problemas de saúde. Mas há uma voz que me tranquiliza e diz que não, que ela está bem. Penso que as águas podem rebentar a meio do trabalho e alguém terá que cumprir os meus prazos por mim. Mas vou fazer tudo para que isso não aconteça e adiantar tudo ao máximo. Penso que a bebé pode ser feia. Mas hei-de gostar dela na mesma. Penso que posso um dia não ter dinheiro para lhe dar tudo o que gostaria. Penso que um dia posso não saber educá-la em condições. Penso que um dia posso não poder dar-lhe a vida que desejo ou dar-lhe todo o tempo que gostaria de dar. Mas depois páro e inspiro… Um dia de cada vez. Um dia de cada vez. Hoje, a minha filha está aqui dentro de mim. Hoje, sei que está bem. E é por isso que todos os dias sorrio em vez de trepar paredes. Sorrio pelo que tenho. Hoje estou ótima. Os problemas de amanhã, a existirem, logo serão resolvidos. Não vou sofrer hoje pelo que ainda não aconteceu.

PS: entretanto, soube que uma amiga minha, grávida com 35 semanas, já está no hospital. Rebentaram-lhe as águas de madrugada. Vai ter, pelos vistos, uma homónima da minha bebé. E hão-de ser muito amigas, as duas. Que corra tudo bem! Sei que vai correr. :)

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Sabemos que estamos mesmo no fim da gravidez quando...

... Um dos fatos-de-banho que costumávamos levar para a piscina de repente está tão esticado na barriga que ficou tão decotado nas ancas como se via há uns anos nos episódios do Baywatch (só que no caso delas era mais o silicone que esticava os fatos-de-banho ao limite).

... Queremos nadar bruços como antes e sentimo-nos a ir à tona, entre respirações, como se tivéssemos engolido um balão.

Sim, já não há volta a dar. Trinta e sete semanas, a gravidez é oficialmente de termo, e a barriga é oficialmente colossal.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Sabemos que não somos pessoas cheias de glamour quando...

... Vamos levar o lixo e, enquanto a vizinha de longos cabelos brilhantes, pernas intermináveis e umbigo de fora, deita ao papelão um saco gigante de Vogues antigas, talvez já semi comidas pelo tempo e pelo uso, e separa ainda os frascos de verniz para o vidro, nós, mais atrás, de calças largas e barriga no auge dos seus 9kgs, deitamos fora no papelão os pacotes de leite, pacotes de bolachas, revistas sobre gravidez, e caixote do plástico três embalagens vazias de cremes anti-estrias.

O que vale é que Sábado fui finalmente ao cabeleireiro e - supostamente!! e a acreditar nos mais de 100€ que fiquei mais pobre - estou também com um corte "atual" e madeixas "quentes", que "emolduram o rosto". Ah, e arranjei as sobrancelhas, de forma a "rasgar o olhar" (palavras do cabeleireiro e da esteticista). Vizinha-das-revistas-Vogue, por esta é que não esperavas, pois não? Sem Vogue nem nada. ;)

domingo, 20 de abril de 2014

Ideias inteligentes II

Para os que me perguntaram pela experiência na última Quarta-feira, no estádio, só tenho a dizer que até correu bem. A bebé decidiu ouvir os meus apelos e não nascer no meio da euforia, e não houve grandes confusões. O pior foi mesmo a parte que antecedeu o jogo. Saí do trabalho, ia meter-me num táxi... Liguei-lhe para combinarmos:
- Vou agora chamar um táxi e encontramo-nos aí à porta, ok?
- De táxi? Porquê de táxi?
- Porque de metro deve estar impossível. Deve haver imensa gente aos encontrões, não achas?
- Hmm... Não, acho que não. Ainda há bocado estava calminho. No teu lugar vinha de metro, deve estar menos confusão. De táxi vais apanhar imenso trânsito, de certeza... Está tudo parado aqui à volta do estádio...
Senti que estava a ser demasiado princesa, com medo de algo que não fazia sentido. Não quis dar parte de fraca, por isso, lá me meti no metro, direta do trabalho, vestida demasiado formal para aquilo que um jogo de futebol exigia e com a minha barriga do tamanho duma bola de basquete. Quando cheguei à paragem, percebi que tinha exagerado - não estava praticamente ninguém. Suspirei de alívio.

Só que, de repente, começa a chegar gente de todos os lados. E não paravam de chegar. "Ups", pensei, "já fui". Lá me agarrei instintivamente à barriga e meti-me na primeira carruagem que abriu. Que confusão que para ali ia... Aguentei as paragens todas de pé, estoicamente, entalada entre benfiquistas loucos, até ao Alto dos Moinhos. Saltei da carruagem nem sei como. Respirei de alívio por estar intacta e sem ter levado encontrões no meio daquela gente toda. Lá estava ele sorridente à minha espera. Mas eu estava um bocado irritada.
- És mais maluco que eu. És definitivamente mais maluco que eu. És louco.
- Sou louco porquê?
- Eu sou relaxada, mas tu és doido.
- Porquê...? Estava assim tanta gente no metro?
- Estava!! Olha à tua volta... És maluco. Só é suposto haver uma pessoa relaxada por casal. Dois é demais....
- Oh... Ok, a partir de agora assumo o papel de preocupado. Queres? Preferes que seja assim?
- Sim. Não podemos ser os dois calmos demais. Nem é saudável para a bebé. É de loucos. Eu já quis vir ao jogo, mas depois devias cortar-me as asas nas outras ideias todas mais perigosas, como andar de metro em dia de jogo com uma gravidez já no fim...
Ele acenou que sim, muito compenetrado, sem responder. E percebi que levou aquilo mesmo a sério, porque entrámos no estádio com ele sempre a proteger-me a barriga. Não me queria deixar subir escadas. Insistiu em procurar um elevador. Perguntou se precisava de ir à casa-de-banho. Se queria comer alguma coisa. Se queria beber. Se estava bem. Obrigou-me a sentar. Festinha no cabelo. Olhar paternal.

"Ok", pensei, ao fim de menos de cinco minutos, "já chega"... 

Não, definitivamente acredito que podem haver duas pessoas relaxadas num casal. E ainda bem que temos sido os dois assim ao longo de toda a gravidez. Estamos os dois tranquilos e mais relaxados que nunca. Não sei se as hormonas funcionam como drogas, mas juro que me sinto nas nuvens há meses. Sem grandes preocupações ou stresses. Ando feliz como não me lembrava. E, pronto, amanhã lá vamos outra vez. Uma grávida quase a explodir a vibrar no meio de milhares de pessoas e outro maluco ao lado a achar a ideia normal e nada censurável. Se somos malucos? Gosto de pensar que não. Que há mais como nós. E amanhã hei-de contar todas as grávidas com que me deparar no jogo. Entretanto, uma Páscoa bem doce e feliz para todos!!

(Podia fazer trocadilhos com Jesus e a Páscoa, mas seria demasiado básico e não me parece bem misturar os temas...)

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Ideias inteligentes

Estou grávida de 36 semanas.
Estou vestida de azul.
Onde é que hei-de ir à noite, depois dum dia de trabalho? Descansar? Ver um filme bom? Ir jantar fora e relaxar?
Hmmm.. Não. Bora para o Estádio da Luz.
Sim, há ideias inteligentes.
Desejem-me sorte. ;)

terça-feira, 15 de abril de 2014

E a vida quase quase a mudar...

Não sei se passou rápido ou não, porque há semanas que passam a voar e depois há semanas intermináveis. Às vezes parece-me que está quase, quase, mas depois dou por mim a pensar "não, afinal ainda faltam tantas semanas... uiii dá para tanta coisa". Sim, definitivamente não sei dizer se estes nove meses passaram rápido. Será porque estava também absorvida com o trabalho e com a gestão dos poucos tempos livres? Será que foi tanta coisa a acontecer e o tempo sempre a diminuir? Talvez... Mas sei dizer que, de repente, a apenas quatro semanas das 40, estou com uma ansiedade que não me lembro de sentir. Como decidi trabalhar até ao dia "D", começo a questionar tudo, começo a questionar os prazos que tenho, os sítios onde deixo os meus apontamentos, os contactos que vou fazendo... Tenho medo de não poder voltar amanhã e ninguém conseguir completar o meu trabalho, por isso, começo a ficar um bocado dividida: estou ali e, ao mesmo tempo, estou já um mês à frente, noutro lugar. E questiono as minhas decisões do dia-a-dia todas: cortar o cabelo e fazer madeixas esta semana ou para a outra?, fazer a depilação neste fim-de-semana ou no próximo,? colocar já o berço no quarto ou esperar? A somar a isto tudo, de cada vez que vejo alguém que é raro encontrar, dou por mim a pensar que deve ser a última vez que me vê sem ser mãe, e quase me despeço com um "vemo-nos noutra vida".

Sim, decidir trabalhar até ao dia "D" e, ainda por cima, não querer marcar data nenhuma para o parto, é tramado. Não tenho uma data definida para me despedir das pessoas com que trabalho. Não tenho uma data definida para pegar na mala da maternidade e meter-me no carro. Não tenho uma data para fazer a contagem decrescente, despedir-me da vida como a conheço e preparar-me para a aventura que aí vem. Trabalhar até ao último dia pode não ser a melhor solução, admito.

Por isso, pequenina, se me estás a ouvir, vê lá se vais dando ao médico sinais e se vais dando a entender se falta muito para nos conhecermos ou não. Vai-nos dando sinais de alguma forma, ok? Gostava muito de te receber com a pompa e circunstância que mereces, cabelo aprumado, depilação em dia (queres conhecer uma mãe bonita, não queres?), trabalho arrumado, casa limpa e mala da maternidade incluída... Achas que consegues? Vá, vamos ver se nos entendemos bem mesmo sem palavras. Quero muito muito conhecer-te, mas se aguentares estas 4 semaninhas é melhor para as duas. Vá, esta é uma boa forma de mostrares desde já que és obediente e que confias na tua mãe. Estou a contar contigo. ;)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O amor da Fanny iluminou o meu dia

Estava eu à espera que o temporizador do forno apitasse para tirar o jantar, quando comecei a espreitar o Instagram. Uma foto, outra foto... Até que apareceu a Fanny com o seu mais-que-tudo. (Sim, eu sigo a Fanny no Instagram. Culpada!) Até aqui já há três pontos estranhos nesta história, como poderão notar: primeiro, saí cedo do trabalho; segundo, estava a cozinhar; terceiro, sigo a Fanny no Instagram. Mas a história piorou. De repente, fiquei sem luz. Completamente às escuras, só com a luz do telemóvel para me iluminar. Comecei a dirigir-me ao quadro da eletricidade para ver se conseguia ligar aquilo, sempre com o telemóvel a guiar-me o clarinho. O quadro estava ok. Saí para o corredor e fui ver se o prédio tinha luz. Também não. Continuei a guiar-me pela luz do telemóvel e fui procurar ajuda. Até que virei o telemóvel para mim e assustei-me: a Fanny continuava ali, agarrada ao seu amor, a iluminar literalmente o meu dia. Fiquei a olhar para a fotografia e a pensar na frase nesses exatos termos: "o amor da Fanny está a iluminar-me", sem saber bem o que aquilo significava, e se era para rir ou para chorar. E este momento podia ter tido o seu quê de poético, se não se tivesse apenas tornado deprimente e embaraçoso: é que, neste meu momento de paragem cerebral, apareceu um casal de vizinhos atrás de mim e só puderam ver uma lunática num corredor, às escuras, especada a olhar para uma fotografia da Fanny no telemóvel.

Ah, entretanto a luz voltou. E o meu jantar até estava bem bom. Menos mal.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Vinte e cinco anos

A minha irmã, a minha eterna pequenina, vai fazer vinte e cinco anos. Vinte e cinco. Só hoje comecei a matutar nestes dois números com calma: dois, cinco. E se primeiro veio o choque com a grandeza do número, depois veio uma certeza: afinal continua a ser pequenina, porque ainda tem toda a vida pela frente. Dei por mim a pensar que, com vinte e cinco anos, a minha vida era tão diferente daquilo que é hoje que sinto que foi outra pessoa que apagou as vinte e cinco velas e não eu. A minha vida estava tão longe daquilo que hoje se tornou que concluí, afinal, que a minha irmã ainda nem chegou à parte mais interessante disto de viver. E posso, por isso, continuar a vê-la assim, como a minha pequenina.

Quando festejei vinte e cinco anos, estava eu solteira há dois ou três dias. Foi um dia estranho e com sentimentos totalmente opostos, porque, por um lado estava meia tristonha por estar sozinha e por saber que tinha magoado alguém que não merecia, e por outro lado tinha as minhas amigas e família mais próximas de mim que nunca, algo que nunca hei-de esquecer. (Sim, eu tinha magoado alguém que gostava de mim e, se pudesse voltar atrás, dava dois valentes estalos ao meu antigo eu, que bem merecia. Adiante.) Não posso voltar atrás. Mas posso perceber que, desde então, cresci. E gosto de acreditar que cresci e muito. A pessoa que apagou as vinte e cinco velas, de facto, não era eu. Era alguém mais incompleto, mais ansioso, mais inconformado, mais sedento de vida. Era alguém mais sonhador, mais idealista, mas também mais insatisfeito. Gosto de acreditar que me tornei uma pessoa melhor. Gosto de acreditar que, com cada vela que acrescentei ao bolo de aniversário, acrescentei também calma, tranquilidade, paz e felicidade. Sim, sou tão mais feliz hoje que aquilo que era aos vinte e cinco... Quando festejei vinte e cinco anos, lembro-me que ainda não sabia bem quem era ou o que queria ser. Estava a estagiar e não me sentia completamente realizada. Estava a começar a tornar-me independente financeiramente, mas ainda precisava dos meus pais. Estava solteira há três dias por culpa minha, mas também não sabia bem se ainda gostava daquela pessoa ou não para continuarmos a namorar. Sentia-me dividida em tudo, sem saber bem o que queria ser da vida ou onde queria chegar.

Passou pouco, mas ao mesmo tempo, sinto que passou uma vida. E, por tudo isto, só posso relaxar perante a idade que a minha irmã está prestes a fazer. Vinte e cinco anos. Afinal é tão pouco...! O que pode ainda fazer... E orgulho-me tanto de ver que é tão mais segura, independente, prática e decidida que aquilo que eu era quando soprei as vinte e cinco velas. Orgulho-me tanto de ver que pode chegar tão longe... Vinte e cinco anos pode não ser nada, mas se a minha pequenina continuar a crescer como tem crescido, tenho a certeza que, em pouco tempo, se vai tornar uma mulher muito mais completa do que eu poderei algum dia ser.

sábado, 5 de abril de 2014

Decisões, decisões...

Nisto dos bebés, parece que há sempre decisões a tomar. Primeiro andámos meses à volta do nome. Este nome soava a velha, aquele a criança, o outro nome fazia lembrar aquela fulana insuportável, aquele ia parecer uma homenagem a uma avó e não às duas, este era o nome da ex, aquele era o nome da filha da prima da vizinha e não pode ser, o outro nome estava demasiado na moda e por aí fora. Depois foi o carrinho. Este tinha esta vantagem, mas era maior, aquele era mais giro, mas mais caro, o outro era difícil de abrir e fechar, mas mais em conta, aquele era aconselhado pela amiga, o outro era aconselhado pelos testes de segurança, etc etc. Depois onde fazer o curso de preparação para o parto. Este curso é mais caro mas mais perto, o outro não dá para fazer só aos sábados apesar de ser mais barato, ali não gostei do atendimento, ali gostei muito, mas o curso tem menos horas... Depois foi a caminha de grades. Ikea? Aquele daquela loja todo giro, mas mais caro? Depois foi a banheira. Chantal? Banheira de encaixar na nossa? Banheira com estrutura? Depois foi a discussão do infantário ou de por alguém em casa com a bebé nos primeiros tempos, à falta de avós disponíveis, e até ter idade para ir para a escola que queremos (tem que ter três anos). Pelo meio andámos a decidir se vimos logo para casa, após o parto, ou se aceitamos o convite dos meus pais de ficarmos lá as primeiras semanas. Eu confesso que não estou nada inclinada a aceitar, mas os meus pais sabem ser muito persuasivos... A ver vamos...

Entretanto, como nem só de decisões fundamentais vive o homem (ou a mulher grávida), comecei a ver na net capas para o carrinho e ando maluca com as alternativas. A que já temos é bege, mas estas duas tiveram a minha atenção assim que as vi. Qual é que gostam mais?

(E desculpem andar em "total-modo-bebé", mas a verdade é que já não me resta muito tempo para estas decisões e deixei tudo para o fim...)
A de cima ou a de baixo? :) Ou nenhuma, pronto...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

As barrigas são magnéticas

Já me tinham avisado para o fenómeno: “quando engravidares, vão aparecer mãos alheias de todos os lados para te agarrar a barriga. As barrigas são magnéticas!!”. Só que, até ao momento, até questionava o que estaria a fazer mal, porque só duas ou três pessoas (amigas chegadas e família) é que tinham demonstrado à vontade suficiente para se alaparem à barriga, falar com ela, dar beijinhos ou procurar movimentos internos. Ontem, no entanto, a minha barriga mostrou-me que estava tudo bem com ela e que era tão digna e atraente como uma barriga de grávida qualquer. Lá fui eu nadar mais uma vez, ao ginásio em que ando, quando no final, enquanto me vestia, a premonição se realizou: vindos ainda não sei bem de onde, apareceram dois braços que agarraram a minha barriga como se fosse irresistível.

Adoro barriga de grávida!!, confidenciou a mulher que vinha atrás na outra extremidade agarrada aos braços.

Fiquei um bocado constrangida, confesso. Além de sermos duas alegres desconhecidas, além de ainda estar semi-vestida, a mulher continuava colada à minha barriga, com ar intrigado, como se estivesse à espera de algum fenómeno surpreendente. E continuava ali, agarrada a mim, eu sem saber muito bem o que dizer ou como descolá-la. Até que…

Ah mexeu! Sentiu-me e mexeu logo! Que amor! Adoro barriga de grávida! É mágico!!

Eu ia jurar que a bebé não se tinha mexido nada (eu sinto-a, certo? Está dentro de mim), mas não quis estragar o momento e muito menos prolongá-lo. Se a mulher já tinha tido o que queria, melhor.

Já treinaste a respiração? Vai ser muito importante no dia do parto. Tens que vir à minha aula, que eu ensino. Dou yoga.

E despiu-se, muito descontraidamente, enquanto dizia isto. Eu, com mais oito ou nove quilos em cima e barriga onde cabem duas Carolinas Patrocínios, ela com o melhor corpo que me lembro de ver, completamente tonificada e ainda cheia de curvas, barriga lisinha tinha mesmo o corpo que sonho um dia ter.

Nem te perguntei, desculpa... Importas-te que te mexam assim na barriga? É que nem pensei, vi a barriga linda de grávida e não resisti.

Eu já só pensava no yoga e em ficar com um corpo igual àquele, daqui a uns meses. Naquele momento, se ela me garantisse que com as aulas eu ficaria igual em pouco tempo, tudo seria perdoável.

Não, não. De todo. Estás à vontade. Toca na barriga quando quiseres.

"Se é o preço a pagar pelo passaporte para um futuro corpo de sonho, toca-me na barriga à vontade", pensei. Sim, as barrigas são magnéticas. Com bebés ou sem bebés dentro.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

E desejos? E desejos?

Até agora, não tive ainda desejos de grávida surpreendentes e relevantes, o que me desilude muito. Imaginei-me uma grávida cheia de estilo, a salivar com alimentos raros e de requinte, e a contar a todos "sim, de facto tive alguns desejos.... ostras, foie gras aromatizada com vinho do Porto e redução do mesmo, camarão tigre com molho de leite de coco e caril sobre risotto de ervilhas, magret de pato marcado ao momento em cama de puré de batata-doce... nada de especial, portanto". Mas seria mentira. As únicas vezes que dei por mim a salivar por algo foi ao ver alguém beber gin (é mau, eu sei), ao passar no Mcdonald's e a sentir aquele cheirinho a batatas fritas, e ao ver uns croissants de chocolate ótimos que há ao pé do meu trabalho. De resto, a gulodice normal de antes e a necessidade semanal de ir comer sushi. Desculpa, filha. Não vais poder dizer mais tarde, em conversa com amigos, num qualquer restaurante in do momento, a saborear um prato gourmet qualquer "acredito que este prato é dos meus preferidos, porque já a minha mãe adorava e tinha desejos disto quando estava grávida!". Desculpa se te impeço de brilhar e de ganhares a admiração de todos com a tua classe e requinte que já vem do útero.

Peço também desculpa por não andar a ouvir todos os dias Chopin, Bach, Beethoven, Schumann, Liszt e Tchaikovsky de forma a permitir que o teu cérebro se desenvolva a uma velocidade estonteante, como os livros e os fóruns de grávidas na internet recomendam. Sim, ando a ouvir os meus grupos do costume, que vais com certeza achar antiquados quando fores mais velha.

Ah e desculpa também não andar a ler obras do Sófocles, Virgínio, Confúcio, Shakespeare, Goethe, Baudelaire ou Dostoievski no original, em voz alta para ti, todas as noites, de forma a nasceres já poliglota e intelectualmente evoluída, como também já li nalgum lado que devia fazer.

Desculpa. Mas garanto-te que, mesmo sem ter desejos de pratos gourmet, sem ouvir música erudita ou sem ler os grandes clássicos da literatura durante os meses em que estive grávida de ti, desde que te senti a primeira vez que não caibo em mim de alegria. Foi uma gravidez feliz, tranquila e sorridente. E acredito que, no final, isso vale mais que qualquer truque barato lido em fóruns de grávidas ou lido em livros dos grandes entendedores de bebés para fazer de ti uma pessoa também feliz e confiante. Sentes esta alegria toda, não sentes? Sentes este amor que não cabe em mim, não sentes? Quanto à tua erudição... Temos toda a vida para tratar disso se for essa a tua vontade.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O melhor elogio que podem fazer a uma mulher grávida é....

Opções:
1. Estás linda! Não engordaste nada, tens zero celulite, o teu corpo está tonificado e só ganhaste mesmo barriga. A gravidez fica-te mesmo bem!
2. Acho que nasceste para ser mãe. Vais ser uma ótima mãe, não tenho dúvidas.
3. Uau as tuas mamas cresceram tanto! Não consigo deixar de olhar para o teu decote, parecem magnéticas!!
4. O seu colo do útero é ótimo. Maravilhoso!! Olhe só que perfeição de colo de útero.

Então, estão inclinados para qual opção?
Txann txaan txaaan taaaaaan. E a resposta correta é mesmo a última hipótese. Ouvi isto da ginecologista e saí de lá como um pavão em plena conquista: inchada e toda orgulhosa de mim mesma. Sim, definitivamente a gravidez põe-nos em modo totó. Noutra altura qualquer, quase nada poderia suplantar as outras 3 hipóteses. Nesta altura do campeonato, no entanto, a definição de "o que conta é a beleza interior" ganha novos e perigosos contornos...