Pensei que escrever fosse como andar de bicicleta - depois de aprender e ganhar o jeito, nunca mais esqueceria. Mas começo a ter dúvidas que assim seja. De cada vez que fico alguns dias sem escrever, cada vez custa mais recomeçar. Abro a folha em branco e não sai nada. Os pensamentos fluem e as ideias são imensas, mas nada que se converta em palavras.
Não, escrever não é nada como andar de bicicleta. E retomar custa sempre.
Tudo isto para dizer que não venho cá há mais de um mês e que hoje está a custar mais que nunca. Bloqueio de escritor? Podia ser, se fosse escritora. Como não sou, chamemos-lhe apenas "bloqueio". Sinto que já não sei escrever, que o jeito falta. O ano novo, que seria altura de resoluções e força de vontade para escrever cada vez mais, veio afinal trazer este bloqueio maldito que teima em crescer. Hoje decidi que era tempo de escrever algo, nem que fosse um
"estou aqui, estou bem, estou só bloqueada". Porque é tudo verdade. E, por outro lado, porque me sinto há mais de um mês em falta com quem me segue. Estou em falta com quem me lê. E estou em falta comigo mesma, porque tenho a cabeça num turbilhão, cheia de ideias, cheia de novidades (tantas novidades!!), cheia de planos, cheia de medos, cheia de dúvidas, cheia de sonhos, cheia de tudo... e, se não atualizo isto tudo, em breve expludo.
Escrever não é como andar de bicicleta. Hoje sinto que estou outra vez com as rodinhas pequeninas atrás, sem equilíbrio nenhum e com o corpo a cair, ora para a esquerda, ora para a direita, sem saber bem como se conduz isto. Pelo menos não caí. E cheguei ao fim do quarto parágrafo. Agora é pousar a bicicleta. E ver se o jeito volta.... naturalmente. Para vos contar tudo. Para recontar tudo também a mim também.