sexta-feira, 29 de novembro de 2013

365 dias.

Sim, ontem o blog fazia um aninho. 365 dias sem interrupções de escrita. E, sinceramente, sem querer começar com a conversa do “aii o tempo passa tão rápido” ou “aii ainda ontem era uma criança a jogar ao elástico, como é que já sou adulta?”, certo é que não me parece - de todo! - que um ano já tenha passado. Parece-me impossível! É que a triste verdade é que, para mim, foi praticamente ontem que, em casa dos meus pais, com um gelo lá fora, com a sala quentinha toda só para mim, a noite já avançada e com o computador aberto com a tese de mestrado por concluir, tive um momento de desespero misturado com inspiração e pensei:“agora apetecia-me mesmo mesmo era escrever à vontade e não com esta linguagem tão técnica!!”. Assim, em cinco minutos, não mais que isso, abri um blog - este - para extravasar a minha vontade de dar largas à imaginação, de desabafar sobre tudo e mais alguma coisa, e escrever, mas escrever à vontade, sem formalismos, sem amarras, sem formatação obrigatória, sem linguagem técnica… O nome do blog surgiu logo sem pensar, porque já estava criado em título de brincadeira: metade eu era, metade era uma homenagem. Se fosse hoje, talvez escolhesse outro nome, simplesmente para não ser tão egocêntrico e autobiográfico, talvez optasse por um nome mais abrangente, mas já está, já está. A formatação do blog nunca me ocupou muito tempo, porque nisso já gastava as minhas energias na tese: aqui queria escrever, apenas. Sem pensar na forma, sem pensar em fazer um espaço lindo de morrer, sem pensar em encher isto de imagens de vasos fartos de peónias, e hidrângeas, e outras imagens lindas. Para isso sabia que havia já mil blogs em que eu própria gostava de ir passear e maravilhar os meus olhos. Tampouco pensei em encher-vos de imagens dos meus looks diários, ou de partilhar com vocês dicas de maquilhagem, de moda, de compras várias. Mais uma vez, sabia que havia mil blogs que já o faziam de forma irrepreensível. E nem ousava sequer comparar-me com eles. Sabia também que não me apetecia mostrar a cara. Por nada de especial, mas apenas porque o objetivo era apenas um: escrever. Adoro moda, como qualquer mulher. Adoro coisas bonitas. Mas, acima de tudo, adoro é escrever. Por isso, desde sempre decidi que o que ia partilhar aqui eram apenas palavras. Uma imagem de vez em quando, talvez. Uma partilha de compras se me apetecesse. Mas eu sou essencialmente palavras, por isso, dar outra coisa que não isso seria enganar-me a mim mesma.

Por tudo isto, obrigada a todos aqueles que, mesmo sem fazerem a mais pálida ideia de como sou, de quem sou, do que visto ou de onde almoço, mesmo sem imagens bonitas, continuam a vir aqui apenas por isso: pelas palavras. Gosto de saber que ainda há quem goste de ler tanto como eu. E que até me perdoa o facto de este espaço continuar tão despido e sem grande beleza. Obrigada! Aguentaram por este ano. Obrigada por continuarem desse lado. Ah e obrigada também por me deixarem ter ainda a caixa de comentários aberta a todos, sem restrições, sem moderações. Anónimos incluídos, todos à vontade. É muito bom poder continuar assim. Muito muito bom. Entretanto, se forem hoje ao vodafone mexefest talvez até nós cruzemos por lá. :)

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Adivinha

Quem é que adivinha o porquê de hoje ser um dia muuuuito importante aqui para o blog? Vá, vocês conseguem. :)

Direito de resposta capilar

Para aqueles que gozaram de forma disfarçada com o meu corte de cabelo e disseram que não era assim taaanto, eis a resposta em imagens, para ser mais simples. A foto da direita tinha quatro meses, por isso, podem imaginar onde é que o cabelo já ia, depois da travessia do verão, em que cresce como uma erva daninha daquelas bem teimosas. Assim, e porque o cabelo também direito a resposta, aqui vai:
O antes e o depois (e até já tinha mostrado a foto da direita). Ah a cor é a mesma, não fiz nada! Só muda é mesmo a luz e o facto de uma foto ser interior (com flash) e a outra exterior. A minha professora de espanhol disse-me, quando me viu, e sem ter conhecimento do novo inquilino da minha barriga: "cortou tanto! Sabe, em Espanha as mulheres também cortam muito quando vão ser mães, porque não dá jeito estar na cama do hospital com cabelo comprido e sem poder lavar". Medonho! Eu só fui na conversa do "ser moderna" do meu cabeleireiro, ok? Não teve nada a ver com bebés! Juro. Juro pelo meu querido cabelo. :p

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Música para fazer bebés

Não tenho como negá-lo, por mais vontade que tenha de o fazer: quando os Roxette estavam na moda, muito cantei e dancei ao som deles. Quer fosse a “The look” (“sheee’s got the look!”), “It must have been love” (e lembro-me de ficar muito deprimida com o triste final do amor alheio, cantando de modo muito sentido “but it’s over nooooow”), “How do you do”, quer fosse a “Sleeping in my car”, a “spending my time” (esta fazia-me sentir adulta, não sei porquê) ou a “Vulnerable” (meu Deus, esta é a que tenho mais vergonha – cantava em frente ao espelho, muito concentrada e compreensiva “she’s so vulneeraaable”. Ridícula). Eram os finais dos anos 80, inícios dos anos 90. Quem não passou por essa fase de música romântica?

Na mesma onda sentimental, o meu primeiro slow agarradinha a um rapaz foi ao som da “Porque tu m’aimes encore”, da Céline Dion (quem se lembra daquela início em francês - “j’ais compris tous les mooots”?). Foi uma época cheia de romantismo exacerbado, de cantores que gritavam o seu amor sem medo, cheias de laca no cabelo, lantejoulas, brilhos e ombros do casaco bem definidos, enquanto nós em casa cantávamos. E estes dois exemplos são para mostrar que ouvia música bem lamechas e até gostava e muito. No entanto, à medida que fui crescendo, algo aconteceu e deixei de ter paciência para este tipo de músicas ditas “para-fazer-bebés”. Talvez tenha sido a adolescência e o querer ser mais “fixe” e ouvir música mais animada, mas o que é certo é que o gosto por música mais calminha e romântica ainda não voltou. Raramente gosto de músicas mais “lamechas”.

Por isso, desde que sobrevivi à minha overdose de romantismo do tempo dos Roxette, ando a ouvir música mais rock ou eletrónica. Agora está na moda dizer “indie”, mas o estilo “indie” é tão vasto que continuo a preferir as velhas terminologias musicais. De qualquer maneira, enquanto estava a ouvir há dias Arcade Fire, Kings of Leon, Phoenix, Empire of the Sun, etc, lembrei-me “espera aí, agora a bebé vai começar a ouvir o que eu oiço. Não ficará nervosa com este ritmo todo?”. Comecei a ler fóruns na internet (nunca façam isso!) e todas as mães diziam “só devemos ouvir música clássica para acalmar os nossos bebés. Eles gostam”. Acreditei sem pestanejar e comecei a ouvir Choupin, Bach, Beethoven e Vivaldi (e atenção que, talvez por ter tocado piano, adoro música clássica), apenas. Mas comecei a ficar com sono. Acrescentei alguma “musica-para-fazer-bebés”, já que supostamente a bebé só gosta de música calma. Mas continuei com sono. Cada vez mais. E dizem que não se pode abusar do café nesta fase.

Até que se fez luz! Percebi tudo: as mães têm sono durante a gravidez, porque só ouvem música parada! Abri o meu Grooveshark (dos poucos sites de música que não estão bloqueados no sítio em que trabalho) e voltei ao meu registo habitual, mais animado. A música-para-fazer-bebés já voltou mais. Dancei os slows todos, apaixonei-me e desapaixonei-me, tornei-me adolescente a ouvir os amores e desamores alheios, mas já chega. Tenho que trabalhar e preciso de música animada para me manter acordada. Além disso, se a bebé já está feita, já não preciso da música para a fazer, certo? Certo. ;) Bebé aí dentro, se me conseguires ouvir, espero que gostes da animação! E que gostes de dançar tanto quanto eu.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O dilema de ter filhos, esse pecado capital

Quase todos os dias há, a certa altura, um tema qualquer que gera discórdia aqui no trabalho e cria-se um mini debate. O tema é quase sempre política, não sei porquê, mas também se discutem assuntos mais banais e sem importância nenhuma para o mundo. No outro dia, no entanto, gerou-se uma discussão que me deixou a pensar. E deixou-me a pensar principalmente porque quase todos os homens pensavam da mesma forma. Então qual era a discórdia? Pelos vistos houve, em plenas autárquicas, uma candidata qualquer a determinada Junta de Freguesia que teve a ousadia de fazer campanha já… grávida! E o meu colega estava muito chocado a contar-nos. A preocupação dele não era o cansaço que ela pudesse sentir em plena campanha ou se faria mal ao feto tantas viagens, e comícios, e jantares. A preocupação eram os eleitores que, alegadamente, estavam a ser enganados. “Quem é que vai votar em alguém que já sabe que vai passar seis meses de baixa?”, perguntava ele, de forma retórica, como se a resposta fosse absoluta e inquestionavelmente – “ninguém!”. Só que gerou-se então o debate. Os meus argumentos do contra foram: primeiro, não era certo que tirasse seis meses de licença, podia tirar até só dois e depois ficar o marido em casa. Segundo, o facto de ficar dois ou três meses em casa não era sinónimo de ser uma má Presidente da Junta, pois podia continuar a colaborar ainda que não a tempo inteiro. Terceiro, todos tiram férias e viajam, por isso, podia até acontecer que, no total, ela viesse a trabalhar mais dias que muitos concorrentes não grávidos, mas com queda para as viagens. Quarto, se ele fosse boa candidata, com certeza iria compensar nos restantes 3 anos e muitos meses com um ótimo mandato.
O meu colega continuava: “ela está a assumir um compromisso com os eleitores. Está a candidatar-se, porque quer representá-los. Ora, estando grávida, já sabe que dali a uns meses não os vai poder representar.
“Então não pode candidatar-se?
”, perguntámos nós, mulheres, em coro.
“Pode candidatar-se no próximo mandato. Neste, não. Primeiro tem os filhos, depois pensa na política”.
Eu não estava a acreditar naquele argumento.
“Sabes que muitos homens em que votas podem vir a ser pais, não sabes? Simplesmente não vês a barriga, nem vão para o hospital para lhes ser retirada uma criança de dentro do corpo. Mas sabes que muitos homens em que votas podem vir a ser pais e querer ficar também em casa com a criança, não sabes? Então já agora não votes em ninguém em idade fértil. Ou não votes a menos que se comprometa a não cometer a ousadia de… ter um filho, esse pecado capital!”.

(sim, eu acho que me comecei a passar, porque comecei a “pessoalizar” a história, enquanto trabalhadora grávida)
“Eu não estou a ir tão longe. Se acontecer, aconteceu. Só que eu nunca votaria em alguém sabendo de antemão que ela não vai estar a representar-me nos próximos tempos. Só isso.”
Para mim, não era “só” isso. Para mim, era a prova de que as mulheres continuam a ser vistas de forma diferenciada só porque têm filhos. Para mim, era a prova de que mesmo com a história da licença partilhada pelo pai e pela mãe, há sempre a presunção de que a mãe é que vai ficar em casa meio ano a tomar conta do bebé, enquanto o pai vai continuar a sua vida, como se nada fosse. Pensei que as mentalidades estivessem mais evoluídas e já se presumisse que ambos vão ter participação nos primeiros tempos, seja pai ou mãe. E sim, posso estar a “pessoalizar” isto e não ter o distanciamento necessário para intervir de forma desapaixonada e neutra nesta discussão. Mas que se há-de fazer? Talvez os debates mais acesos surjam precisamente nestes casos, não?

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A nova linguagem – a saga de quem não fala “gravidês”

Há coisas que nem nunca esteve grávida ou rodeada de mulheres grávidas (ou ainda quem simplesmente não decorou tudo o que as amigas grávidas iam contando) não sabe. E eu não sou exceção. Comecei esta aventura a zero, sabendo apenas o ABC básico e cheio de lugares-comuns, tais como: a gravidez são nove meses, a grávida ganha barriga e deve ganhar cerca de nove quilos no total, às vezes tem enjoos, outras vezes não, por norma queixa-se que está sempre cansada e não consegue apertar os atacadores, a grávida fica com a cara um pouco inchada lá mais para o fim, a grávida fica louca sempre que o bebé dá pontapés e repete que ele vai ser jogador de futebol, a grávida tem mudanças de humor súbitas e incompreensíveis. E tinha estas ideias gerais, também porque trabalhei com duas grávidas e achei-as ambas um bocado bipolares, maldispostas, lembro-me que andavam sempre com as mãos na cintura, desenvolveram um certo andar à pinguim e tinha ideia que se queixavam de tudo. Cheguei a comentar com uma amiga minha que detestava trabalhar com grávidas, porque andavam com as hormonas descontroladas e ainda por cima desculpavam-se com o estado de graça a todos os segundos, como se o estar grávida fosse justificação para o estarem a comportar-se como perfeitas idiotas. Tinha também algumas noções gerais de índole mais prática, como o facto de existir o ácido fólico (que era algo para o bebé não ter trissomia 21), de as grávidas esfregarem a fruta e os legumes para não terem bactérias que afetassem o bebé, e de as grávidas não poderem comer carne mal passada porque não estavam imunes a qualquer coisa (que não entendia, mas que acenava que sim-pois-é-perigoso-não-comas-então). Sabia também que as grávidas falavam em semanas e não em meses, o que sempre me irritou solenemente, porque parecia que era para separar o mundo entre as orgulhosas grávidas e o seu dialeto próprio, e os outros comuns mortais. E, por fim, achava piada às grávidas que começavam logo às duas semanas de gravidez a falar de roupas para bebés, e que mudavam a foto do perfil do Facebook para uma foto da barriga delas gigante, com umas mãos à volta do umbigo. Para além disto, pouco mais sabia.

E, por isso, tem sido toda uma aventura iniciar-me no mundo do ácido fólico, dos suplementos, dos cremes anti-estrias, da toxoplasmose (ahh… e afinal até há pessoas imunes e tive a sorte de ser uma delas, por isso, afinal não tenho que esfregar frutas e legumes como se não houvesse amanhã e posso comer carne praticamente crua. Lá se foi um mito abaixo), da placenta alta ou baixa, e até das semanas em vez dos meses. No entanto, tive que descobrir sozinha algo que talvez já todas as mulheres saibam mesmo sem terem estado grávidas: descobri que a história da gravidez ser nove meses não é bem bem bem verdade. Pois então estava eu a fazer contas à vida (neste caso, à bebé) e a pensar “fixe, no dia X chego às 16 semanas. O que significa que são 4 meses, já só faltam 5!”. Só que, no mesmo momento, comecei a pensar “espera lá, mas a data de nascimento prevista é só daqui a quase 6 meses, como é que é possível? Afinal a gravidez são 10 meses?”. Cheguei a casa, peguei no livrinho que comprei e comecei a pesquisar – pois então, blábláblá, a gravidez são 40 semanas, blábláblá, os médicos contam a partir da última menstruação, blábláblá, por isso dá 10 meses lunares. Parei ali. Dez meses lunares?! Mas agora andamos em bruxarias, a seguir a lua? A seguir tenho que cortar uma madeixa de cabelo e colocar uma pata de rã num caldeirão, ao luar? Dez meses? Fiquei chocada. Já para não falar no vídeo com o parto que resolvi ver na internet. Mulheres: nunca façam isso!!

Enfim… Tudo isto está a ser uma descoberta, acreditem. Toda a linguagem, todos os conselhos, tudo… E sinto que, tal como ando a ter aulas de Espanhol, também devia ter aulas de “Gravidês”, porque a verdade é que não falo ainda nada! Nada… A ver vamos se nos meses que faltam aprendo tudo o que é necessário. É que ninguém nos avisa que há todo um mundo novo aqui à nossa espera.

PS: por favor atirem-me à cara e gozem comigo se um dia colocar uma foto de perfil só com a barriga quase a explodir e duas mãos a acaricia-la, com orgulho. Será merecido!

Fenómenos inexplicáveis

Se estão numa festa e, de repente, mal uma música começa a dar, metade das pessoas se alinha, sem combinar nada entre si, e faz a mesma coreografia, sem errar dois passos, isso significa o quê? Que estamos perante uma música-fenómeno, daquela que todos conhecem e - mais que isso - tem coreografia associada que toda a gente sabe de cor. Basta pensar na Macarena, na Saturday Night, na Asereje e, mais recentemente, na Gangnam Style. São músicas que, automaticamente, põem toda a gente a dançar e a reproduzir os passos da dança. Se são músicas de grande qualidade e musicalmente de nível superior? Claro que não. Mas poucos ficam indiferentes: mesmo que odeiem, o corpo começa a ganhar vida própria e a abanar-se ao som do ritmo.

A semana passada a minha irmã mostrou-me uma música que me disse ser o novo "fenómeno". Explicou-me que teve imensas visualizações no youtube mal apareceu e que a prova que estava a ser um sucesso é que já pediam esta música em discotecas, segundo um amigo dela que é Dj (!!) e já havia paródias do videoclip. Ouvi a música e achei tão má, tão má, tão má que me pareceu impossível aquilo ser um sucesso em mundo algum. Primeiro, o homem está estranhamente obcecado com a raposa. Depois, interessa assim tanto o que ela diz? Por fim, a letra remete para um mundo infantil que não coincide com o ritmo acelerado da música. De qualquer maneiram deixo-vos este estranho fenómeno para se prepararem caso um dia destes oiçam nalguma festa e não percebam a rápida movimentação de pessoas para a pista. Vejam lá se concordam comigo:

sábado, 23 de novembro de 2013

Socorro: preciso de um manual de instruções!

Estava ainda eu abananada com o novo papel de grávida e já andava a enfermeira à minha volta a fazer-me mil e uma perguntas para preencher o Livro da Grávida - ou lá como se chama aquele livrinho em que supostamente temos que apontar todas as informações médicas durante estes nove meses.
- Diga-me lá então o seu nome.
- ...
- Idade à nascença da criança?
- Hãnn.. A minha idade quando nascer?
- Sim.
- ...
- Peso?
- ...
- Profissão?
- ...
- Nome do pai?
- ...
- Data de nascimento?
- 1954.
- Pode repetir?
- 1954.
- Isso dá... quantos anos?
- Cinquenta e nove.
- Cinquenta e nove??
- Sim...
Nem pensei mais naquilo.

Só no fim da consulta ouvimos a enfermeira, que me estava a chamar, discretamente, à parte. Fui lá.
- Olhe, quando perguntei os dados do pai deu do pai da criança, não foi?
- Não, dei do meu pai! Não foi o que pediu?
- Ahh!!
(Cara de alívio indisfarçável)
- Ahh! É que era para dar o nome do pai da criança! Do seu marido. Bem me parecia que o seu marido não tinha essa idade.
E riu-se com vontade.

O nó que devo ter causado àquela mulher que, atrapalhada, me via a dar a mão a um jovem e a dar os dados dum homem mais maduro como pai. E o que me rio agora quando imagino o que terá pensado. Não, querida enfermeira. Não era o que estavas a pensar. Podes dormir descansada! Esqueceram-se foi de me avisar que a partir de agora a mãe sou eu e o pai é ele. E acho que vou demorar muuuuuuito a habituar-me. Sim, gosto muito de ser filha e a verdade é que foram trinta e um anos como filha. É compreensível, não é? Ninguém nos deu um manual de instruções para quando chegasse esta altura!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

À Cinderella já não basta o sapatinho servir

Encontrei há dias um amigo que não via há séculos. Palavra puxa palavra, novidades puxam novidades, perguntei-lhe pela vida sentimental. “Ainda namoras com a X?”. “Não. A última vez que tivemos contacto, mandei-lhe entregar um presente de aniversário e ela nem me respondeu nem agradeceu. Nunca mais insisti”. “A sério? E o que deste?” Fiquei boquiaberta com a resposta. Ele tinha-lhe dado o presente de sonho de 99% das mulheres, acreditem. Em forma de sapatos. “Oh… e nem uma resposta? Um mísero agradecimento?”. “Nada. Percebi que tinha acabado aí tudo.” Fiquei a matutar uns segundos naquilo. “Ouve lá, eu não tenho nada a ver com isso, mas só contaste histórias até hoje dela a dar-te para trás. Porque é que gostavas tanto dela?”. Ele riu-se. “Sei lá, talvez por isso. Nunca gostei duma mulher que não desse luta. As que me prendem são as que não respondem logo às mensagens. As que não dizem o que eu quero ouvir. As que não ficam logo todas apaixonadas. Não sei o que dizer. Devo ser masoquista.”. Entretanto, perguntou-me o que andava eu a fazer. Caí no erro de confessar que o meu novo hobby era entreteter-me a escrever num blog diariamente. Fez uma cara de surpresa. “Um blog? E escreves o quê?” Disse-lhe a verdade: “tudo o que me vier à cabeça. Mas o que mais gosto de escrever é sobre relacionamentos. Acho piada ao tema.”. “Olha, então já tens tema para amanhã: fala de homens, como eu, que só gostam das mulheres difíceis. E que, talvez por isso, vamos ficar sozinhos”.

Preferia contar uma história diferente, hoje. Só que a verdade é que fiquei a pensar nas milhares de Cinderellas que fazem o mesmo que ele e andam aí a escolher os príncipes difíceis, porque não gostam dos que lhe oferecem os sapatinhos. E fiquei a pensar nos milhares de príncipes conquistadores que nem veem as mulheres que têm à volta, com os pés frios e descalços. Sim, nem sempre é simples. Nas histórias que aprendemos, não me lembro de haver mulheres esquisitas com a pessoa que lhe leva o sapatinho: ele só tinha que servir e pronto. E o príncipe contentava-se com saber que o sapato assentava que nem uma luva. Sem problemas existenciais. Sem dúvidas. Apenas um: “ai serve? És meu. E tu és minha.” Assim era bem mais simples, não era?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

As inspirações vs a realidade

Enquanto me secava o cabelo, disse-me que ia sentir-me moderna e mais jovem. E que se tinha inspirado na Alexa Chung e na Freja Beha. Fui espreitar e encontrei isto:
E isto:
Dei por mim a sorrir: ia ficar engraçada, até, pensei do alto da minha modéstia.

Mas é o problema das inspirações: quando saí do cabeleireiro e me vi ao espelho, não encontrei o narizinho arrebitado da Freja. Nem os olhos verdes de gata da Alexa. Nem fiquei magra e com mais de 1,70m. Continuei eu. E em mim o cabelo não tem nada nada a ver com estas imagens. Fico só com ar de mulherzinha responsável. Nunca mais acredito nestas inspirações espetaculares! Eu sou eu, e sinceramente só fico bem com o cabelo mais comprido. À ciganita, sim. Sem ter nada a ver com as it girls maravilhosamente giras do momento. Nunca mais aprendo! Tenho que voltar as resoluções para este ano, que deixei aqui escritas para o meu eu do futuro e ficaram esquecidas...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Antes de ser oficial - a saga do segredo

Aquilo já estava a ser estranho. Sempre fui muito certinha, por isso quase uma semana já era assustador. Já não conseguia deixar de pensar nisso. Por isso, lá fui à farmácia e tentei parecer descontraída e casual. Para disfarçar, lembro-me que pedi outra coisa qualquer, para o teste parecer apenas mais um pedido entre tantos. “Olhe, queria um Benuron e… aii o período atrasou-se uns dias, estou a ficar preocupada. Não costuma acontecer, sabe? Mas agora como estou a ficar stressada, ainda é pior… Olhe… é também um teste de gravidez, por favor. Acho que não é nada, mas nunca se sabe”. E tentei sorrir de forma relaxada e ar confidente. Uma pessoa está sempre à espera que aquele momento pareça um filme e que a outra pessoa atrás do balcão nos diga “boa sorte!!” com ar feliz. Estamos à espera de ouvir música e passarinhos na nossa cabeça naquele momento. Mas só nos dizem “olhe, são…. euros. Vai pagar com dinheiro ou cartão? Quer que ponha o seu número de contribuinte?”. E dizemos “cartão... Sim, por favor”, como se naquele momento estivéssemos realmente preocupadíssimas com as deduções fiscais e com o IVA que estamos a suportar, claro. Não há um sorriso de orelha a orelha. Não há cá “depois venha cá dizer-me o resultado!!”, divertido. É o preço, senhores. O número de contribuinte. E um bom dia. Depois, fui com o saco na mão, meia envergonhada por ser transparente, e a tentar por o recibo e o Benuron por fora, para não se ver o “verdadeiro” conteúdo. Depois, foi o momento do xixi. Que momento triste. Ainda não inventaram uma forma mais bonita de uma mulher saber? Estar ali na sanita a fazer xixi e tentar acertar para um pauzinho não é bonito. É aquele momento que nunca é mostrado nos filmes. Nos filmes, a mulher entra na casa-se-banho a sorrir e sai depois com os dois risquinhos no ar, felicíssima. Na vida real, estamos preocupadas a tentar fazer tiro ao alvo. Não é bonito. Lavamos as mãos. Muito bem. Vestimo-nos. Tentamos retomar a compostura. E aguardar que algo apareça naquele pauzinho sem sal. Hei-de inventar um teste com música, para tornar o momento memorável. Cada pessoa escolhe a música com que quer celebrar o momento e a música começa a dar, enquanto a futura mãe dança, canta e salta, feliz. Dois tracinhos silenciosos, só, é demasiado insonso. Mas foi o que aconteceu. O momento dos dois risquinhos cor-de-rosa chegou, muito profissional, acompanhado pelo seu fiel livro de instruções e, com ele, todo um vendaval de emoções. Se me perguntassem há uns meses como achava que iria reagir a esse momento, diria, sem pestanejar: “vou gritar, saltar de alegria, contar a toda a gente, comprar logo mil e um presentes para o futuro bebé, pintar paredes com carneirinhos, comprar o berço e o carrinho. E gritar e saltar de alegria, já disse gritar e saltar de alegria?”. Não tinha dúvidas que aquele iria ser o momento mais feliz da minha vida. No entanto, quando chegou, tornei-me tão racional que nada foi como tinha imaginado. Dúvidas como “estarei mesmo? A X, a Y e a Z também estavam e depois a gravidez não avançou. O W também contou que ia ser pai e depois a mulher perdeu o bebé com dois meses. E o … E o …”. Naquele momento lembrei-me, sem exagero, de DEZ casos próximos em que me contaram a feliz notícia e que, pouco depois, sem que nada o fizesse prever, sofreram um aborto espontâneo. Dez casos próximos. Não é brincadeira nenhuma! Por isso, respirei fundo e mentalizei-me “pode não acontecer nada. É normal. Se avançar melhor, se não, estou bem na mesma”. Só quando fiz a ecografia, no dia seguinte, aquela ervilhinha no ecrã tornou tudo real. Materializou os mil pensamentos. De qualquer maneira, tentei não pensar demasiado no que estava a acontecer e fui fazendo a vida normal, ginásio e algumas corridas incluídas. A parte que me custou mais nesse processo de espera foi mentir às minhas amigas nos jantares (“estou a tomar antibiótico, não posso beber”) e encarar os meus pais e irmã sem lhes dizer nada, quando toda eu explodia com a notícia. A dada altura, tive a certeza que toda a gente sabia. Estávamos a sair dum jantar com amigos:
- Ela sabe! A R. sabe!
- Sabe como?
- Ela olhou-me para a barriga. Na despedida. Olhou-me nos olhos e depois desceu o olhar e parou na barriga. Parou na barriga. E depois voltou a olhar para mim. Ela sabe.
- Oh. Estás paranoica. Achas que toda a gente te olha para a barriga.
- Toda a gente não, mas ela olhou. Ela sabe!!


Não sabia. Perguntei-lhe mais tarde e garantiu-me que não sabia e nem se lembrava de alguma vez me ter observado a barriga. Depois, foi a minha mãe. Estávamos à mesa a conversar e, de repente, disse-me “quando estava grávida de ti, fiz a minha vida normal. Sempre. Dançava, namorava, foi a altura mais feliz da minha vida. Tenho fotografias em que estou de quatro meses, com uma saia justinha, a dançar, e acho que nem se via que estava grávida”. Senti-me ficar corada, mas continuei a fazer conversa. A minha irmã virou-se para mim “Estás muito interessada nestes assuntos. Estás grávida?”. Esta parte matou-me. Estar ali olhos nos olhos com as pessoas que me conhecem melhor, a ter que desviar o olhar como uma mentirosa… Deu-me um ataque de riso, de nervos. A mim e a ele. Ao chegar a casa, expus-lhe novamente as minhas certezas, só que desta vez também eram as dele:
- Eles sabem! Percebeste isso, não percebeste? Eles sabem.
- Pois sabem. E se não tinham a certeza, agora passaram a ter. Não disfarçámos nada. Foi péssimo.
- Pois foi. Que ataque de riso…
- Foi dos nervos. A tua irmã percebeu logo.

Não sabiam. Nem desconfiaram. Perguntámos mais tarde. A minha irmã disse-me depois que achou que estava a tocar num assunto sensível e por isso não insistiu mais.
Afinal, ninguém sabia. Ninguém me olhou para a barriga. Ninguém desconfiou os antibióticos e não poder beber álcool. Nada. Ninguém me leu no olhar “estou grávida”. A verdade é que, até ser oficial, sentimos que levamos connosco uma seta luminosa apontada para a barriga, mas afinal só nós a vemos. Mas ninguém vê. No fundo, é como quando temos uma espinha na cara e achamos que até aquele homem a cem metros, do outro lado da rua, está a olhar descaradamente para ela. É como quando não arranjamos as sobrancelhas e achamos que só olham para lá e que nos acham repugnante. Ninguém repara, na maior parte das vezes. Só nós, que estamos na nossa nova bolha gigante, que aumenta de dia para dia e parece prestes a rebentar. Só nós sabemos. E o resto do mundo, quando o dia chegar. Mas esse dia fica para o próximo post, para não vos maçar já com tudo.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

"É uma menina".

Primeiro foram as suspeitas: o atraso de dois dias. Depois de três. Depois, já tinha passado uma semana. Só que eu não me sentia diferente. Tantas imagens que tinha visto na escola sobre o momento da concepção, tantos relatos sobre grávidas que sentiram logo que algo tinha mudado, tantos anos a imaginar como seria quando acontecesse dentro de mim... E, afinal, nada mudou fisicamente! E nada mudou praticamente até hoje, já quase 4 meses decorridos sobre esse momento. Como é possível?... Afinal, a confirmação chegou: primeiro, com o teste comprado na farmácia. Depois, na consulta com o médico logo no dia a seguir. A minha reação? Lágrimas e um misto de alegria e choque. "Sim, está grávida!", confirmou-me o médico, de forma profissional e sem qualquer emoção na frase. E eu nem queria acreditar. Como é que tinha acontecido tão rápido? Deixei escapar uma lágrima, mas não dei pulos, não me meti no carro e fui avisar os meus pais e a minha irmã, como sempre imaginei que fizesse. Não fui tocar porta a porta em casa de todos os meus amigos a gritar, eufórica - "estou grávida!". Estava eufórica, mas também estava... como dizê-lo? Descrente. Estava descrente. Ouvi tantos relatos nos últimos anos sobre gravidezes interrompidas naturalmente logo no início, que fiquei essencialmente calma e não me permiti saltos e histerismos. Vivemos os dois a nossa descoberta até ao momento em que ouvimos o coração, primeiro, e fizemos a ecografia das 12 semanas, depois. "Está tudo bem!", disse agora o médico, com aquilo que me pareceu ser alguma emoção. Aí, sim, permitimo-nos finalmente sentir a alegria plena do momento. Permitimo-nos pensar como contaríamos a cada pessoa. Permitimo-nos antever as reações de cada. Permitimo-nos sentir-nos "grávidos". E aí, sim, começou verdadeiramente a minha gravidez.

Agora só faltavam vocês. A verdade é que as últimas semanas têm sido passadas com esta nova realidade a ocupar-me completamente os pensamentos. As dúvidas são novas. Os medos conheço-os pela primeira vez. Pensamentos a chegarem novos em folha cada dia. E estava ansiosa por poder ir desabafando a minha vida em pleno aqui, e não só parte dela. São quase 4 meses e posso dizer que não tive enjoos, mal-estares, até a roupa que uso é a mesma de sempre. Continuo a correr, como o que sempre comi (sim, o médico deixa-me) e a minha vida está igual a sempre. Ontem uma pessoa que não via há um mês (e não sabia ainda) disse-me até que me achava mais magra. Por fora, estou exatamente igual, dizem-me. E não sinto nada de novo dentro de mim. No entanto... sinto-me uma nova pessoa. E sinto que mereciam conhecer esta nova pessoa. Mais gordinha, é verdade. E com partes do corpo a crescerem como nunca (a gravidez é o silicone dos pobres, confirmo!). Mas uma pessoa nova, a atravessar uma fase nova, e que gostava que fossem conhecendo como até aqui foi acontecendo.
Aqui está a nova colaboradora deste espaço. Ainda não se manifesta muito, ainda nem nome tem... Mas já é gente. E merece ser apresentada. :)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

E se...

... Eu vos dissesse que, ultimamente, temos sido duas a escrever, deste lado, e não só uma? :) Que conclusão retiravam daí?

Sim, tenho novidades!!

Amor de quatro patas

O cúmulo do amor de quatro patas é ter uma noite de oferta num hotel de cinco estrelas e comentarmos em uníssono, um com o outro, "e a Malti?", porque não queríamos deixá-la uma noite sozinha. Sim, acho que estou aprovada para ser mãe. E desculpem-me os pais se a frase parece chocante, mas acho que, se isto não serve de teste prévio - e passado com distinção - então não sei o que servirá.
E, pronto, à uma da tarde já estávamos todos juntos a espreitar pela primeira vez os enfeites de Natal e a passear no meio de mil feirinhas de rua. Já começaram as vossas compras? Quanto a mim, queria ver se, pela primeira vez na vida, consigo evitar as compras de última hora. Será este ano...?

domingo, 17 de novembro de 2013

Estou viva...

... Depois do post de ontem, só queria dizer que sobrevivi e que fiquei fã da ideia das boleias partilhadas. Não sei se vou repetir, porque não sei se vai ser preciso, mas valeu pela experiência. Sempre achei que era um disparate fazer viagens longas de carro sozinha - desde o desperdício de espaço, aos custos, até à poluição desnecessária de tantos carros vazios a fazerem o mesmo percurso - e agora concluo que o mais inteligente é realmente partilhar. Quem quiser arriscar, tem aqui um relato de alguém que gostou e que recomenda.

Entretanto, não fui raptada nem me cortaram o cabelo para fazerem perucas, mas acabei por cortar o cabelo na mesma. Ia ao cabeleireiro cortar dois dedos e saí de lá sem menos meio braço de cabelo. Ainda estou em choque. "Vamos modernizar-te", disse-me, muito querido e simpático, o meu cabeleireiro. Só que, pelo tamanho do cabelo que me cortou, concluí que vivia nos anos 60 ou 70... Aqui fica uma amostra. Ora digam lá de vossa justiça. Ah e não adianta dizerem que está comprido, porque está logo abaixo dos ombros. Não o usava tão curto desde os 14 anos...


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Hoje vou viver no limite

Se não voltar a aparecer por aqui, já sabem o que me aconteceu: fui raptada, retiraram-me os órgãos, colocaram-nos numa arca com gelo com destino a um país de Leste, cortaram-me o cabelo para fazer perucas (ia dar-lhe um valente corte amanhã, tiveram sorte em raptar-me antes… foi por pouco!), aproveitaram as minhas roupas (gostaram da camisola? Estava a estreá-la. Muito gira, não é? Façam bom proveito e usem-na de preferência com calças de cor forte que a realçam mais. Ah e os botins também levaram sola nova há uma semana, estão praticamente novos. Usem-nos bem e evitem piso em paralelo, que eles não apreciam muito!), deitaram a minha roupa interior num contentor do lixo (não aceito outra hipótese, senhores raptores), ficaram com o meu carro, computador e atiraram os meus restos mortais ao rio, para alimentar as gaivotas e peixinhos que por lá andam. Sim, é o que dá inscrever-me em sites de boleias no Facebook, à maluca. Se nunca mais aparecer aqui, significa que as pessoas com que decidi partilhar hoje carro eram duma rede altamente organizada de tráfico de órgãos. E espero que sirva para aprenderem comigo a nunca confiarem em desconhecidos que só conhecem da internet. Ok? Nem nessas páginas supostamente para fazerem viagens de carro com custos partilhado, ao invés de andarem sozinhos e suportarem sozinhos gasóleo e portagens. Não façam isso.

Se nunca mais aparecer aqui, aproveito para desafiar as pessoas que me são mais próximas a tentarem descobrir a minha palavra-passe. Vá, pessoas queridas, pensem em algo que gosto muito e nalguma data especial. A palavra é um mix das duas acrescida duma inicial maiúscula. Querem tentar? Se conseguirem, ganham a entrada gratuita ao acesso deste blog e a possibilidade de o continuarem em meu nome. Que dizem? Quanto aos restantes, resta-me dizer-vos que foi um gosto enorme partilhar com vocês estes onze meses. Gostava que tivéssemos apagado juntos as velas do bolo de primeiro aniversário, mas olhem… fica para a próxima. Vemo-nos junto ao rio. (Ok, ou veem-me só vocês a mim. Não sejam tão perfecionistas :P)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Perdoem-me, que não resisto a tentações

Às vezes paro um segundo para pensar (ok, talvez um pouco mais que um segundo, não é para ser literal) e chego à triste conclusão que sou uma pessoa que não resiste às tentações. Não tenho autocontrolo nenhum. E odeio isso em mim. Doces? Chocolates? Pipocas? É tudo o que aparecer. Posso ter acabado de sair da balança e estar ainda em depressão, mas se for ao cinema e vir pipocas, os meus pés movem-se nessa direção, a minha boca pede um pacote, e as mãos pagam. O meu cérebro fica caladinho e come. Posso ter acabado de ver a conta bancária quase a zeros, mas se o dia tiver corrido mal e vir um livro que queria muito, ou uma saia que vinha mesmo a calhar, sou capaz de comprar sem chorar o dinheiro. No outro dia, ele dizia-me perentoriamente “não tens capacidade de sacrifício”. E eu contrapus e falei das minhas opções a nível profissional, dos esforços que já fiz por trabalho, dos cursos em que me inscrevi, da pós-graduação, dos institutos de línguas, do mestrado, das corridas que dou mesmo quando estou de rastos, das viagens de horas e horas que faço ao volante mesmo estando de rastos. Tive mil exemplos de força para lhe apresentar. “Tudo certo, mas não consegues resistir a uma coisa tão simples como doces, por exemplo. Dizes sempre que queres emagrecer, mas é a coisa mais fácil do mundo – basta não comer tanto – e nunca te vi conseguir realmente fechar a boca e resistir. Ok, vi-te fazer isso durante dois dias, uma vez. E parecia que ias morrer com tanto sofrimento”. Eu podia ter respondido mil coisas inteligentes, mas fiquei irritada e quando fico irritada e sem razão, não me saem as frases mais sábias do mundo. Saiu-me apenas a frase-cliché que serve para todas as situações na vida duma mulher: “estás a dizer que estou gorda?”. Sim, há que admitir que usamos esta frase mais vezes do que seria necessário. “Eu? Eu acho-te ótima. Tu é que falas nisso e eu acho piada, porque nunca te vi a conseguires realmente cumprir. Comes salada e a seguir pedes sobremesa… Vais correr e a seguir passas no Mc… Percebes? Não sabes fazer sacrifícios”.

E a verdade é que não admiti na altura, mas acho que devo ter um gene qualquer bipolar. Sacrifico-me imenso por trabalho. A sério que sim. E meto-me em tudo: cursos de línguas, ginásios, conferências ao fim-de-semana, mestrado, pós-graduação. Sou chata com as minhas amigas e obrigo-as a marcarem coisas ao Sábado. Só estou bem a fazer mil coisas todos os dias. E, no entanto, o meu calcanhar de Aquiles parece estar à vista de todos: doces e roupa. Será que está nos nossos genes e não posso lutar contra isso por mais que queira? Será que faz parte da condição de ser mulher? Podemos ser ambiciosas, racionais e sacrificar-nos profissionalmente, mas não resistimos a um chocolatinho ou a uma montra? Não podemos ser só fortes e poderosas sem pontos fracos?... E vocês, quais são os vossos pontos fracos?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"O" convite do ex.

Em conversa com a minha prima, soube da grande novidade: o ex dela de há muitos anos (de quem eu até gostava muito, devo confessar) vai casar. Mas a novidade não era só essa: o ex dela ia casar e tinha-a convidado, a ela e ao namorado.
- A sério? E vais?
- Não tenho desculpa para não ir....
- Pois… mas apetece-te ir?
- Nem por isso. Vai ser esquisito. Principalmente porque não vai muita gente que conheça.
- Eu acho que o pior é mesmo para vocês. Os noivos vão estar divertidos e nem se lembram dos convidados todos. O pior é para ti e para o teu namorado, que não se vão divertir muito e vão sentir-se sempre um bocadinho constrangidos.

Haverá alguma regra de etiqueta para estas situações? O/a ex deve convidar para o casamento? E a/o ex deve aceitar e levar namorado/a? Eu sei que há mil nuances e mil tipos de relacionamento, mas partamos dum exemplo comum: namoraram cerca de dois anos, acabaram há quatro. Ficaram amigos, mas à distância. Foram falando, mas nunca marcaram cafés, nunca mais conviveram muito. Arranjaram novos namorados a quem dizem que têm boa relação com o ex, mas nunca houve misturas entre passado e presente, separando-se os grupos e mantendo-se sempre o bom relacionamento apenas ao telefone. Subitamente, vem o casamento. Na minha opinião, quem fica mais incomodado na festa será sempre o ex convidado, que sentirá os olhares e comentários alheios.
- Vês? Aquela é a ex.
- Era bem mais gira. Ele ficou a perder agora.
- Pois, mas ele também engordou muito. Desleixou-se muito nos últimos anos. E já está a ficar careca.
Ou então:
- Já viste a X? Resolveu vir ao casamento. Eu não viria, no lugar dela.
- Nem eu! Achas que ainda estava com esperança de o fazer mudar de ideias?
- Quem sabe… Ela era louca por ele.
Ou:
- Olha a X! Veio com o novo namorado.
- Foi de cavalo para burro.
- Mas acho que o novo tem muito dinheiro.

Não interessa o que se diz. Haverá sempre comentários por parte de alguém, digam o que disserem. E, por muito que sejam comentários inocentes, deve ser desagradável para o alvo dos mesmos. Quanto a mim, nunca estive nessa situação. Se me convidassem, claro que ia e com todo o gosto, mas, por outro lado, não sei se será correto para a cara-metade ter pessoas na festa que sabe que já andaram com a/o sua/seu amada/o. Será? A sociedade terá evoluído tanto ao ponto de já ser socialmente aceite ter antigas histórias no dia de casamento? Não sei. Como disse, não tenho nada contra este tipo de convite. Só sei que deve ser constrangedor para o convidado. Não acham? Convidaram? Já foram convidados?

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens

A frase do título do post é do Saramago, não é minha, e encontra-se na contracapa do seu livro “Todos os nomes”. Mas a ideia aqui presente não é nova. Já a mulher dos óculos escuros do livro do mesmo autor - “Ensaio sobre a Cegueira” - dizia, a dada altura: “há dentro de nós uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos”. A ideia é, convenhamos, assustadora. Então o nome é apenas uma etiqueta dada por engano? Temos que nos conhecer ao ponto de nos atribuirmos o nome correto? Mas então não nos confundimos todos com o nosso próprio nome, a dada altura? Sinceramente, acho que sim. Que Maria se imagina Rute, subitamente? Que Cristiano se imagina Afonso? Somos o nosso nome, gostemos dele ou não. Aprendemos a responder por ele. Associamo-nos a ele. Aprendemos a aceitá-lo na nossa vida e a definir-nos em parte. Mas até que ponto é que o nome nos define? A Maria será diferente da Rute em parte devido ao nome? O Cristiano terá um destino diferente do Afonso? A Carlota será vista de forma diferente que a Marisa? O Bernardo terá mais amigos que o Rúben?

Nunca tinha pensado muito nisso muito a fundo, mas agora, a ler o livro que referi em cima, a verdade é que comecei a pensar que realmente tendemos a associar diferentes características e personalidades a cada nome, mesmo sem conhecermos a pessoa. Pensem: como veem uma Maria do Carmo? E uma Tânia Vanessa? Quem é o Vicente Maria? E o Leonel José? Se torceram o nariz a algum dos nomes, já me ajudaram na resposta: somos o nosso nome, antes de sermos quem somos. E isso muda-nos? A verdade é que, quando era mais nova, lembro-me de andar a combinar com a minha melhor amiga mudarmos as duas de nome. Achávamos que os nossos nomes nos reduziam e que merecíamos nomes mais invulgares. Não queiram saber que nomes desejávamos, porque até tenho vergonha de revelar (o dela, porque o meu, FELIZMENTE, não me lembro, mas sei que devia ser do mesmo estilo assustador), mas chegámos a ir falar com a nossa professora e tudo.

- Professora, nós vamos mudar os nossos nomes, por isso, será que podia começar a tratar-nos pelos nossos nomes novos?
Sim, isto aconteceu mesmo. E seria uma comédia se não fosse uma história tão vergonhosa. Esta história aconteceu e é a prova do peso que os nomes podem ter. Quais são os vossos nomes preferidos? E porquê? :)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Anselmo L.

O Anselmo Ralph está na moda. No entanto, quanto mais se fala no Anselmo Ralph, mais me lembro de outro Anselmo, também com conhecido por dois nomes próprios, que andou comigo na primária. Não sei o que é feito dele, não o vejo desde os nossos nove anos, mas lembro-me dele imensas vezes até hoje. E porquê? Talvez porque o Anselmo L. era a antítese do atual Anselmo Ralph, que tem juntado betinhos e mitras/gunas, nerds e hipsters a dançar ao mesmo ritmo. O Anselmo L. andava isolado e não podia participar em imensas atividades da turma. O Anselmo L. não andava no teatro. O Anselmo L. não jogava futebol. O Anselmo L. não cantava os parabéns quando alguém fazia anos. O Anselmo L. não nos ajudava a montar o pinheiro, no Natal. Nem sequer aparecia para o festejar, na grande festa do final do ano. O Anselmo L. também não queria receber presentes, no Natal, o que causava estranheza a todo o resto da turma. O Anselmo L. faltava sempre quando havia jogos ou festas ao sábado. E eu via muitas vezes o Anselmo L. a passear aos fins-de-semana, com ar triste, atrás dos pais, pelas ruas. Sabia que os pais andavam numa missão religiosa qualquer, mas a minha idade não me permitia perceber bem em que é que eles acreditavam e o que andavam a fazer. Para mim e para todos, se ninguém nos explicava o que tinha o Anselmo L., ele era apenas estranho e demasiado diferente de nós.

A certa altura, no entanto, o Anselmo L. começou a aproximar-se de nós. Convidei-o para a minha festa de anos e, para minha surpresa, apareceu. Fez o mesmo nas festas de aniversários seguintes, de outros colegas da turma. Comecei a vê-lo jogar futebol e à apanhada, nos intervalos. Comecei a vê-lo rir-se. Não foi à festa do final do ano, mas assistiu a dois ensaios. O Anselmo L. andava mais sociável e até parecia outra pessoa. No Natal, para surpresa de todos, ajudou até a decorar o pinheiro. Não participou na troca de presentes, mas quis assistir. Pareceu-me que estava com ar triste, mas estava lá. Passado dois dias, era a festa de Natal. Com certeza ele não iria, como sempre. Por aquilo que me ia percebendo, ele também acreditava em Deus, mas era de outra religião e onde se faziam as coisas de outra forma, sem pinheiros de Natal, presentes ou tantas festas. O dia da festa lá chegou e tudo corria bem. O primeiro grupo cantou. O segundo apresentou uma peça de teatro. Uma dança depois coreografada pelas miúdas mais giras da escola. Um Pai Natal a subir ao palco. Muita comida. Muita música. Crianças histéricas a correr dentro e fora da escola. Do resto do dia não me lembro bem. Não tenho nenhuma cara propriamente marcada na minha memória. Encontra-se tudo muito confuso e nublado, passados tantos anos. Houve, no entanto, algo que me marcou mais que tudo o resto. Enquanto todos gritavam, corriam e exibiam os seus presentes, no recreio, vi o Anselmo L. de lágrimas nos olhos e ar de profunda tristeza a ser arrastado pela mãe em fúria. A ser repreendido. Naquele momento, odiei a mãe dele. Aquela mãe insensível e ríspida que não o deixava divertir-se com os amigos. Que não o deixava receber presentes. Que não o deixava ser igual a nós. Fazer parte da equipa de futebol. Ou simplesmente festejar o Natal. Aquela mãe que o arrastava e humilhava em frente a todos. Odiei-a. E o pior é que, depois disso, o Anselmo L. voltou a isolar-se. A isolar-se. Até um dia desaparecer e nunca mais ser visto por ninguém.

O Anselmo L. desapareceu. E sinceramente, sempre que hoje leio algo sobre as testemunhas de Jeová, sempre que vejo algo relacionado com religiões (tema bastante recorrente no Homeland, por exemplo) lembro-me dele. Espero que tenha encontrado alguma paz de espírito. E que tenha decidido viver plenamente a sua religião ou, se não acredita naqueles princípios, que tenha saído. Imagino que seja difícil afastar-se daquilo em que todos os seus acreditavam, mas se não era feliz a seguir aqueles ideais, espero que tenha tido coragem de o mostrar. Sim, o Anselmo Ralph está na moda. Mas de cada vez que oiço o nome dele, só desejo que o outro homónimo se tenha tornado finalmente alguém feliz. Sinceramente, depois de tudo o que sofreu naqueles anos, acho que merece. Com ou sem futebol. Com ou sem presentes. Com ou sem Natal. Só espero que tenha encontrado alguma paz.

domingo, 10 de novembro de 2013

A minha primeira vez

Há mil coisas que nunca fiz, e até já partilhei aqui algumas delas. Na altura confessei-vos que nunca tinha jogado paintball, nunca tinha andado de elétrico, entre outras. No entanto, havia (e continua a haver, claro) muito, muito mais por fazer. Algumas extremamente simples. Outras mais inalcançáveis. Entre as simples, havia, contudo, algumas tão acessíveis e comuns que se tornava até estranho ainda não ter feito. Entrar numa loja Primark era uma delas. Falava-se imenso da marca, ouvia amigas e a minha irmã gabarem as pechinchas que por lá encontraram, mas eu nunca lá tinha estado. Não sei porquê, mas sempre que passava à porta e via aqueles corredores intermináveis, toda aquela gente decidida a encontrar verdadeiros achados e toda aquela pressão para conseguir o mesmo... faziam-me desistir antes sequer de tentar! Sou a pior pessoa a comprar nos saldos, porque detesto lojas com roupa desarrumadas, cheias de gente e com a promessa da promoção. Acabo por me cansar da procura e, ou encontro algo que já antes queria e está agora mais barato, ou perco a paciência e compro na nova coleção. A Primark parecia igual: demasiada promessa para um espaço demasiado vasto e confuso fazia-me desistir antes de lá entrar.

Hoje, no entanto, tivemos que ir à Fnac ao Colombo, a seguir ao jantar, e vi as letrinhas lá em cima a espreitar. "Vamos entrar?"Lá fomos os dois. No entanto, o fenómeno-saldos aconteceu logo e produziu logo efeitos em mim: comecei a ver demasiada gente a atirar-se às roupas. Demasiados corredores. Demasiada roupa espalhada. Demasiada confusão. A cara dele também não ajudava.
- Desculpa, mas não consigo estar aqui. É demasiada confusão para mim.
- Ok. Para mim também. Vamos embora.
Nisto, vi mil mini-meias transparentes num expositor. Lembrei-me que a seguir era isso que ia comprar. Fui ver o preço: 2€ cada caixa com quatro pares cor tropical cada (sim, é a cor que gosto que as minhas pernas tenham, mesmo quando o verão já levou consigo todo o moreno). Impossível bater aquele preço! Peguei logo em duas caixas.
- Afinal levo isto. Deixa-me só pagar.
Fui à caixa com uma nota de cinco euros na mão.
- Não tem um euro?
- Um euro? Mas é dois euros cada, não é? Dizia lá. Afinal é três?
- Não, não... É um euro, só. São cinquenta cêntimos cada caixa. Está mal marcado.
Não queria acreditar. Com esse preço,
dava seis euros e tal cada meia! Nesse momento, rendi-me. Ali, com quatro euros de troco numa mão e uma caixa com oito pares de mini collants tropicais na outra, rendi-me. A Primark parece uma feira à primeira vista. Enem sequer é uma feira bem frequentada, há que dizê-lo frontalmente. Parece mesmo mau, no início. Mas, em dois minutos, descobri oito pares de meias que precisava e muito mais baratas que um par em qualquer outro sítio onde poderia ir. Estou pronta a dar-lhe outra oportunidade. Desta vez sozinha, que já percebi que não é loja "boyfriend/husband-friendly". É uma loja é "money-friendly" e isso basta-me.
A prova da primeira vez.

E tudo acabou bem

Hoje tínhamos combinado ir à Luz com uns amigos ver o Benfica-Sporting. Às cinco da tarde já ele estava uma pilha de nervos, a olhar para as horas de meio segundo em meio segundo. Tentei tranquilizá-lo:
- Falta tanto. Não comeces a stressar.
- É que já sabes como é para entrar no estádio, nestes dias... E como é andar de metro... Vamos demorar séculos!
- Oh. Temos tempo que sobre, vais ver!

Conclusão? Os nossos amigos acabaram por ficar retidos com um imprevisto e só conseguimos ir todos para o estádio às 7h30. O homem já nem falava. Dava-me a mão e eu reparava que estavam geladas.
- Eu disse-te que hoje ia ser difícil. Nunca vamos conseguir, agora.
- Vamos vamos, respondi-lhe, mas sem convicção.
Não sei como, acabou por exceder tudo as expectativas. Chegámos ao estádio  sem problema nenhum, o metro já estava vazio. Entrámos no estádio e estava tudo calmo. Sentámo-nos dois minutos antes de começar. Eu nem acreditava. Parecia que tinham parado o tempo só para nós. E o melhor? O resultado final. E o facto de não ter havido confrontos. Não houve confusões. Correu tudo bem e o estádio estava com muito bom ambiente. Já não ia lá há algum tempo e estava com medo que hoje fosse algo "violento". No final, ainda ouvi "vês, deste sorte". Como se tudo se resumisse a eu ter ido. Gosto destes momentos de crença futebolística masculina. Como se todo um jogo fosse decidido pela presença de alguém sem ligação nenhuma ao futebol no estádio.
Como se a minha presença mudasse alguma coisa. "Dás sorte!".

Até gostava de saber o número de mulheres que terá ouvido hoje o mesmo. ;)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Quem quer participar na corrida mais lenta do mundo?

Bom dia a todos! Sim, hoje estou mais simpática que o habitual e tudo porque... vou pedir-vos um favor. Posso? Vou pedir-vos que façam comigo um exercício de observação e, na próxima vez que estiverem junto a uma passadeira, na qualidade de peões ou de condutores do vosso ilustre veículo, reparem no fenómeno que decidi batizar de "corrida do caracol". A corrida do caracol consiste no seguinte: o semáforo para os peões está verde, os transeuntes (sempre quis arranjar contexto para poder escrever esta palavra, e hoje foi o dia) atravessam calmamente - enquanto os condutores rezam, cheios de pressa, por um vermelho -, até que, finalmente, a luz verde apaga-se e surge, no seu lugar, a temida por uns e desejada por outros, luz vermelha. Dentro de momentos, o semáforo ficará verde para os automóveis. O tictac começa. Os peões têm que ser ágeis e rápidos. Os peões têm que lutar pela vida e chegar rapidamente ao passeio, antes que sejam passados a ferro por algum automóvel cheio de pressa.

Eis senão quando… Um novo peão chega e, depois de meio segundo de hesitação a ponderar se arrisca ou não, decide avançar, colocar a sua vida em risco e atravessar aquela passadeira numa luta contra o tempo. Esse alguém lança-se, de forma decidida, e dá um sprint inicial cheio de garra. Um passo, dois passos de corrida, ninguém o para! Até que… a corrida dá lugar a um ritmo de passeio. Um passeio calmo e sereno. Foram dois passos de corrida sem repetição. O transeunte (afinal até consegui escrever duas vezes no mesmo dia – que dia feliz!) atravessa a passadeira tranquilamente, só falta parar para apertar um atacador. E só quando fica verde para os condutores e começa a ouvir o som ameaçador dos motores ligados é que volta a correr. Dois passinhos apenas. É a corrida mais lenta do mundo. A corrida que promete no início, mas que afinal só dura um segundo e meio.
A sério. Reparem nisto na próxima vez que estiverem junto a uma passadeira. Se não virem ninguém a fazê-lo, há sempre a hipótese de estarem vocês mesmos a protagonizarem esse momento. Dois passinhos de corrida. E passo em ritmo de passeio. É sempre assim. Porquê? Não sei. E o pior? O pior é que já dei por mim a fazê-lo mais que uma vez também. “Ai está vermelho, vou ser rápida!!”. Corro dois passos e depois começo a andar. Só quando volto a andar é que reparo que o estou a fazer. “Porque é que estou a andar outra vez? Afinal não estava cheia de pressa?”, mas o corpo tem razões que a própria razão desconhece. O corpo tem um ritmo próprio e estes momentos de passadeira são a prova viva disso mesmo. Dois passinhos de corrida. E passeio. Dois passinhos de corrida. Passeio. Não adianta contrariá-lo. Prometem que reparam? :) Até não é um favor muito grande, como viram.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O clube da canja de galinha-fobia

Hoje comecei a pensar em fobias e pancas minhas, e lembrei-me de outra panca que me apeteceu partilhar, na expectativa de encontrar alguém igual ou parecido (sim, vivo com essa remota esperança há demasiados anos): canjas de galinha. Sim, leram bem: canjas de galinha. Odeio canjas de galinha e todo o conceito por trás. Acima de tudo, nunca percebi quem é que se lembrou de não tirar a água àquela massa e frango e, ao invés, optou por comer um prato com potencial para especialidade italiana – só faltava o molho de tomate e um toque de picante, pensem bem – a boiar num prato cheio de água e a comer de colher. Não percebo. Adoro uma boa sopa de legumes. Adoro uma missoshiru (sopa típica japonesa). Agora: massa e carne? Como de faca e garfo, obrigada. Sei que é uma panca, porque desde pequenina que, mesmo comendo tudo o que me pusessem à mesa, sempre me enjoou um prato de canja, mesmo sem o sabor em si ser horrível. Acho que é o aspeto, sinceramente. Sempre me fez confusão ver aquele líquido leitoso com azeite, massinhas a passearem, perdidas, lá no fundo do prato, com ar triste, e pedaços de frango atirados aleatoriamente ali para o meio, com ar deslavado. E depois também me irritou sempre os poderes de cura que sempre se atribuíram, de forma exagerada (no meu humilde entendimento), à dita sopa.

- Estás constipada? Canja de galinha.
- Dor de cabeça? Canja de galinha.
- Engripada? Hmmm... Come uma canjinha!

Como se toda a investigação científica com séculos de existência, no final, tivesse desistido às portas da cozinha, tivesse baixado os braços e tivesse optado por colocar o avental e ligar o forno.“Esquecem as curas para as mil doenças que estávamos à procura! Fazemos uma canja de galinha e as pessoas ficam curadas!”.
Digam-me o que quiserem quando eu estiver doente. Só não me sugiram nunca - por favor - canja de galinha. Há por aí mais alguém a padecer desta canja-de-galinha-fobia? Vá, não tenham medo. Juntem-se aqui. Há espaço para todos.

A solidão da faca e do garfo

Sempre tive uma aversão a fazer refeições sozinha em restaurantes. Quase que uma fobia. Sentava-me sozinha numa mesa, traziam-me a lista, escolhia…. E depois o qua fazer durante a espera? Era um suplício... Desde o não ter nada para fazer e entediar-me com a minha própria companhia. Ao não saber já mais para onde olhar, ou com que ocupar a cabeça – “pensa em coisas interessantes, rápido” –, até não saber o que fazer às mãos, como pôr as costas, enfim... Era verdadeiramente um drama, quase. E o pior era sentir umas legendas gigantes aos meus pés: “mulher sozinha a almoçar”. E a pergunta fatal:“vai almoçar sozinha ou está à espera de alguém?”. Ai, odiava de morte. Até que… subitamente, sem que nada o fizesse prever, algo aconteceu. Sem saber porquê, muito recentemente a fobia desapareceu, os olhos passaram a saber exatamente o que ver, as mãos descobriram o seu caminho, as costas endireitaram-se sem pensar, os pensamentos normais começaram a fluir e passei a sentir que houve até alguém que teve a gentileza de me tirar a legenda com letras garrafais que me acompanhava nesses momentos.

Aconteceu dum dia para o outro: a fobia desapareceu. E agora pergunto-me: será da idade? Será da melhor invenção de sempre – os smart phones – que nos permite ler blogs, espreitar notícias, responder a emails, jogar Sudoku, etc., mesmo estando sozinha? Será que me tornei melhor companhia para mim mesma? Não sei. A verdade é que parece que, dum dia para o outro, superei algo que me parecia insuperável. O próximo passo? Talvez ir ao cinema sozinha. Passei anos a achar a ideia medonha – “cinema sozinha?? E com quem se fala durante o filme? E com quem se partilha as pipocas? Com quem nos rimos? Com quem procuramos lugar?”. Ultimamente, ando até a pensar que tenho que conseguir fazê-lo nem que uma só vez para ultrapassar esta minha outra fobia estúpida.

Alguém partilha ou já partilhou disto? Alguém odeia tanto como eu odiava fazer refeições sozinho em restaurantes e ir ao cinema sozinho? Vá, identifiquem-se e juntem-se aqui, tipo clube de alcoólicos anónimos, versão fobia-a-almoçar-em-restaurantes-sozinho-e-ir-ao-cinema-sozinho anónimos. Quem sabe até somos muitos e podemos partilhar histórias e traumas que superámos.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Corridas, sushi e sapatos

Com o aumento do volume de trabalho, com os termómetros a baixarem de dia para dia, com a mudança de hora e as noites a chegarem mais cedo, com a chuva e com o Brody a piscar-me o olho e a chamar-me para o sofá, as desculpas para ir para casa e agarrar-me a uma mantinha no final do dia são cada vez em maior variedade e com mais força. No entanto, se elas se multiplicam e fortalecem, também eu vou ganhando mais força para as combater diariamente e obrigar-me a fazer qualquer coisa no final do dia, nem que seja fazer o passeio dos tristes e passear a minha cadela meia hora em passo rápido, como fazem as senhoras de idade cujos médicos mandaram fazer exercício. A verdade é que sempre fui pouco amiga da preguiça e já me chega passar mil horas por dia – uso a hipérbole, mas a verdade é que às vezes era capaz de jurar que passo mil horas diárias em frente ao computador – sentada e a apenas a ler e a escrever.

Por tudo isto, quando percebi que as minhas novas colegas eram amigas da corrida, não me fiz rogada e comecei a alinhar com elas numas corridas no final do dia. Primeiro foi esquisito ver-nos a todas descer praticamente um andar, sem os saltos, ver-nos a todas de roupa desportiva e cabelo preso. Parecíamos outras pessoas. Depois? Depois, foi apenas a melhor coisa que podíamos ter combinado. Fala-se muito em “teamwork”, mas estas corridas têm sido a melhor forma de nos aproximar que me poderia lembrar. Tem sido ótimo. Entretanto, amanhã estava marcada nova corrida...

...No entanto, acabei de saber que a Zillian oferece amanhã sushi, Martinis e descontos até 40%. Hmmm… Por um lado, a corrida e a vida saudável. Por outro lado, sushi grátis, calçado com descontos, e eu a precisar urgentemente de umas botas pretas… Hmmm… é difícil a escolha, não é? Ah… e não se ponham a perguntar se é um post patrocinado, porque aqui nunca houve um único post patrocinado, meus filhos. :P Estou apenas a partilhar com vocês aquele que me parece ser um bom programa.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mostra-mos. Rápido. Realiza-mos. Sim?

"Mostra-mos. Da-mos. Realiza-mos. Percebe-mos. Inicia-mos. Não para-mos."
O que leem aqui? Ordens? Pedidos? Desejos estranhos e bizarros? Não são os únicos. Também eu li o pedido de alguém para lhe mostrarmos algo. Para lhe darmos algo que não terá e parece desejar muito. O pedido de alguém para realizarmos os seus sonhos, talvez. Para iniciarmos algo nessa pessoa, mesmo que não se perceba bem o que será concretamente. E o pedido desse alguém para não pararmos o que iniciámos entretanto. São desejos estranhos, sim. Mas não deixam de ser desejos. A surpresa? É que, afinal, esse alguém estava a utilizar, isso sim, a primeira pessoa do plural, falando em nome coletivo – “mostramos, pelo presente, que…”; “realizamos esta tarefa…..”; “damos por demonstrado que….”.
Reencaminharam-me este texto que agora reproduzo em parte, pois o mesmo iniciou uma animada troca de emails, que começou por ser escrita de forma séria e no âmbito laboral, mas cujos erros iniciais desencadearam uma animada troca de galhardetes e piadas. Os emails foram trocados entre homens, por isso, deram azo a muitas piadas masculinas e que ainda me arrancaram algumas gargalhadas com a imaginação das respostas que mereceu. No entanto, no final fiquei a pensar se a pessoa que os enviou teria ficado a perceber o erro ou não. É que, na verdade, é um erro muito comum e não é tão raro como julgamos. Ou “julga-mos”…
Não sou professora de português, nem tenho pretensões de dar aulas a ninguém, mas será realmente difícil perceber que, no primeiro caso, estamos perante o verbo conjugado na primeira pessoa do plural do presente do indicativo e, no segundo caso, estamos perante o verbo conjugado no imperativo, na segunda pessoa do singular? Vejamos, no segundo caso, a entoação certa será: “tu… julga-mos à vontade! Julga os meus sonhos à vontade, mas hei-de conseguir atingi-los”, por exemplo. Além disso, as palavras são, por norma, acentuadas na penúltima sílaba, por isso, lê-se: jul..mos e júl.ga-mos, por exemplo, se tiver o hífen a separar o “mos”. Lê-se de forma completamente diferente num caso e noutro...

Sei que não vou mudar o mundo hoje. Sei que um dia destes recebo novamente um email do estilo. E sei que é provável que me ria novamente até às lágrimas, como aconteceu desta vez. Mas se, entretanto, alguém tinha esta dúvida e eu consegui ajudar, já dou o meu dia por mais feliz. E sinto que passamos a viver num mundo melhor. Ou “passa-mos”. ;)

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

O meu dia Mr Bean

Nunca gostei dos filmes do Mr. Bean. Já sei que muita gente o adora e acha um piadão, mas a mim sempre me fez confusão tanto azar e atrapalhação seguidos, tanta distração e disparate. Parecia-me tudo demasiado exagerado, demasiado condensado numa pessoa só para ser possível. A maioria das vezes apetecia-me entrar no ecrã e ajudá-lo. Entrar história adentro e dizer apenas “oh homem, desiste e senta-te aí que eu trato disso”. Como não podia fazer isso, preferia não ver a sentir-me incapaz de prestar qualquer auxílio ao pobre azarado. Hoje, tive à hora de almoço o meu momento Mr Bean. Só que, neste pequeno filme, ao contrário do que acontece nos filmes do Mr. Bean, tenho a certeza que ninguém se riu, eu não enriqueci, nem houve qualquer contributo positivo para o mundo. Pois então fui a casa almoçar, quando reparei que a minha cadela estava a mancar. Assustada, qual mãe-galinha, peguei nela e pus-me a analisar o que teria a patinha que não punha no chão, sem sucesso. Decidi levá-la até à rua, pensando que talvez com ela no jardim eu percebesse melhor se estava realmente a mancar ou se era só impressão minha. Peguei na trela e abri a porta de casa, sempre a olhar-lhe para a patinha. Conclusão: saímos as duas e as chaves ficaram dentro de casa. As chaves lá dentro e nós cá fora, eu sem saldo no telemóvel, sem carteira, sem casaco, sem nada. Apetecia-me dar-me dois estalos. Toquei a um vizinho, pensando que talvez me pudesse ajudar a abrir a porta com um cartão ou com alguma radiografia. O que aconteceu? Só faltava expulsar-me do prédio.
 - Quer abrir a porta com um cartão? Desculpe, mas não posso ajudar.

E praticamente fechou-me a porta na cara, com ar assustado, como quem fecha a porta ao Anti-Cristo (nunca vi fecharem a porta ao Anti-Cristo, mas acredito que não possa estar muito longe disto). Lembrei-me ainda que tinha umas chaves suplentes no carro. Só que as chaves do carro estavam…. Dentro de casa! Pedi ajuda a outros vizinhos, fiz mil telefonemas, nada feito. Só me apetecia chorar, enquanto o tempo passava. E quanto mais me apetecia chorar de raiva, mais o meu ar devia ser de louca, por isso menos ajuda conseguia. Como consegui resolver tudo e regressar ao trabalho? Resolver tudo, não consegui, mas deixei a cadela num veterinário perto de casa e vim trabalhar. Não sem antes ouvir este comentário da enfermeira, que me encarou com um certo ar de dúvida, depois de ouvir a minha triste história:
- Tem a certeza que vem buscá-la, não tem? É que há uma semana um senhor veio aqui a contar exatamente essa história e nunca mais veio buscar o cão.

Meu Deus. Oh senhor-abandonador-de-cães, tinhas logo que, entre mil e uma histórias rocambolescas possíveis, ir buscar uma desculpa igual à minha - e que, SÓ POR ACASO, é VERÍDICA?! É por isso que, realmente, um azar nunca vem só. E agora encontro-me a trabalhar, com um olho no computador e outro no telemóvel, a correr o risco de ficar irreversivelmente estrábida, e à espera que o “Faz-Tudo” do prédio regresse e me ligue para ir a casa abrir a porta. Sim, porque está sempre pelo prédio, mas hoje que precisava dele, estava apenas a…. 150 quilómetros. Há dias felizes. Este não é um deles.

domingo, 3 de novembro de 2013

Finalmente chegou

Como é que sinto oficialmente a chegada do outono? Não é com as roupas mais quentes. Não é com o edredão na cama. Não é com a necessidade de aquecimento em casa. Não: o outono chega oficialmente quando as ruas começam a cheirar a castanhas. Quando quero por uma mantinha enquanto vejo televisão. Quando troco uma bebida fresca por um chá no final do dia. E castanhas. Ah já falei nas castanhas?

Sim, hoje entrei oficialmente no outono. Venha a manta, o chá e um episódio de Homeland/ Segurança Nacional.

sábado, 2 de novembro de 2013

Os momentos Miranda

Há um episódio do Sexo e a Cidade em que a Miranda tinha acabado de ter o bebé há pouco e a Carrie vai visitá-la. A Carrie acredita que a amiga está igual a sempre e que pode continuar a desabafar sobre os seus problemas mesmo que aquela a oiça com um bebé ao colo. Puro engano. A meio dos desabafos sentimentais da amiga, o bebé não pára de chorar, por isso, a Miranda decide pôr a mama de fora e dar de mamar ao bebé. A Carrie assusta-se com tal cenário, arregala os olhos ao ver o tamanho das mamas da amiga, ali a 10cms dos seus olhos, e acaba por despedir-se e sair mais cedo de casa da amiga.

Ultimamente tenho-me lembrado desta história, porque tenho tido os meus momentos Carrie e Miranda, sendo que eu sou sempre a primeira da história, por motivos óbvios. Nunca vi tantas mamas na vida. Estranho? Na primeira vez, foi um pouco, porque não estava preparada. Depois lá me habituei a ver as minhas amigas nos seus novos papéis. Habituei-me aos novos tópicos de conversa. Habituei-me à nova fase. Mas ainda hoje vi outra amiga minha com "olhos-de-Carrie" perante o momento "Miranda" da nossa amiga. Apeteceu-me dizer-lhe ao ouvido "já passa e já te habituas". Estamos entre amigas, somos todas chegadas. Mas é estranho a primeira vez que vemos a nossa amiga como mãe e não só como mulher. O "olhar-Carrie" é automático. Depois passa. E um dia destes já sei que hei-de ser eu uma Miranda para alguém. Mesmo que acredite com toda a força que vou continuar sempre igual. Mesmo que acredite que sou a outra personagem da história...

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A guerra das pipocas

Depois de ficar órfã de série e andar quase a trepar paredes para aguentar não espreitar fóruns sobre A Guerra dos Tronos ou comprar os livros – custa tanto esperar até março sem saber nada!! –, pensei que ia demorar muito até encontrar alguma série que me enchesse as medidas. Uma coisa é certa: Robb Stark e a sua voz profunda só há uma. E já sabia que era impossível substituí-la. No entanto, depois de perguntar às pessoas mais próximas o que andavam a ver, houve uma série que me despertou mais a atenção pela descrição do argumento e dos atores: Homeland/ Segurança Nacional. A Claire Danes é ótima atriz, tinha lido que a série já ganhou bastantes prémios, por isso dei-lhe uma oportunidade. Até ao momento, pode não ter nenhum Robb para me fazer suspirar, mas mantém-me agarrada à história. Tenho vibrado com cada episódio, tenho esperado pelo próximo, tenho-me contido para não ver logo todos seguidos… E isso é um feito em mim, que me tornei uma esquisitinha com as séries – será por a oferta agora ser tanta?

Se pensarmos bem, as séries são os novos filmes. As séries começam a ter orçamentos milionários, argumentos cada vez mais desenvolvidos, atores brilhantes, histórias mais adultas. E temos já quase o mesmo nível de qualidade em séries e filmes. Claro que continuam a ser formatos totalmente diferentes, e nada ultrapassa o prazer de ir ao cinema, comprar pipocas, o ritual de rasgar o bilhete, escolher o lugar, vibrar com o som e a tela gigante. Mas a verdade é que, com a qualidade das séries a melhorar a olhos vistos, acredito que, em breve, o cinema poderá ter que repensar os preços dos bilhetes. Será que toda a gente continuará a querer dar cinco euros por um bilhete de cinema, quando pode ver em casa, e de graça, um episódio da sua série preferida, durante quase uma hora?... Para já, direi ainda que sim. Mas… e daqui a uns anos, se o mundo das séries continuar a desenvolver-se assim…? A tela gigante, as colunas de som e as pipocas continuarão a valer os cinco euros e o adeus ao conforto do sofá?