terça-feira, 5 de novembro de 2013

Mostra-mos. Rápido. Realiza-mos. Sim?

"Mostra-mos. Da-mos. Realiza-mos. Percebe-mos. Inicia-mos. Não para-mos."
O que leem aqui? Ordens? Pedidos? Desejos estranhos e bizarros? Não são os únicos. Também eu li o pedido de alguém para lhe mostrarmos algo. Para lhe darmos algo que não terá e parece desejar muito. O pedido de alguém para realizarmos os seus sonhos, talvez. Para iniciarmos algo nessa pessoa, mesmo que não se perceba bem o que será concretamente. E o pedido desse alguém para não pararmos o que iniciámos entretanto. São desejos estranhos, sim. Mas não deixam de ser desejos. A surpresa? É que, afinal, esse alguém estava a utilizar, isso sim, a primeira pessoa do plural, falando em nome coletivo – “mostramos, pelo presente, que…”; “realizamos esta tarefa…..”; “damos por demonstrado que….”.
Reencaminharam-me este texto que agora reproduzo em parte, pois o mesmo iniciou uma animada troca de emails, que começou por ser escrita de forma séria e no âmbito laboral, mas cujos erros iniciais desencadearam uma animada troca de galhardetes e piadas. Os emails foram trocados entre homens, por isso, deram azo a muitas piadas masculinas e que ainda me arrancaram algumas gargalhadas com a imaginação das respostas que mereceu. No entanto, no final fiquei a pensar se a pessoa que os enviou teria ficado a perceber o erro ou não. É que, na verdade, é um erro muito comum e não é tão raro como julgamos. Ou “julga-mos”…
Não sou professora de português, nem tenho pretensões de dar aulas a ninguém, mas será realmente difícil perceber que, no primeiro caso, estamos perante o verbo conjugado na primeira pessoa do plural do presente do indicativo e, no segundo caso, estamos perante o verbo conjugado no imperativo, na segunda pessoa do singular? Vejamos, no segundo caso, a entoação certa será: “tu… julga-mos à vontade! Julga os meus sonhos à vontade, mas hei-de conseguir atingi-los”, por exemplo. Além disso, as palavras são, por norma, acentuadas na penúltima sílaba, por isso, lê-se: jul..mos e júl.ga-mos, por exemplo, se tiver o hífen a separar o “mos”. Lê-se de forma completamente diferente num caso e noutro...

Sei que não vou mudar o mundo hoje. Sei que um dia destes recebo novamente um email do estilo. E sei que é provável que me ria novamente até às lágrimas, como aconteceu desta vez. Mas se, entretanto, alguém tinha esta dúvida e eu consegui ajudar, já dou o meu dia por mais feliz. E sinto que passamos a viver num mundo melhor. Ou “passa-mos”. ;)

6 comentários:

  1. Eu, às vezes, ainda fico de boca aberta com estes erros.

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  2. Anna12:20

    Este tipo de erros traz ao de cima o "Grammar Nazi" dentro de mim. E "disses-te", "fizes-te", "trouxes-te"? É que nestes casos nem há a desculpa de que dá para se fazer confusão, isto lido "corretamente" não faz o mais pequeno sentido. Que nervos!

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  3. Mariana12:45

    E o à/á!!!/há

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  4. Olá! ;)

    A par do ano passado, este ano vamos fazer novamente a Árvore de Natal da Blogosfera (cabazes de Natal). Caso desejes participar, consulta este post para tomares conhecimento.

    Um beijinho e obrigada.

    Belle

    http://mmaktubb.blogspot.pt/2013/11/arvore-de-natal-da-blogosfera-2013.html

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  5. E o vistes / fizestes / compreendestes?
    E os quaisqueres?

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  6. E as pessoas que não dizem os verbos no passado? Ontem ficamos em vez de ontem ficámos!

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