quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Música para fazer bebés

Não tenho como negá-lo, por mais vontade que tenha de o fazer: quando os Roxette estavam na moda, muito cantei e dancei ao som deles. Quer fosse a “The look” (“sheee’s got the look!”), “It must have been love” (e lembro-me de ficar muito deprimida com o triste final do amor alheio, cantando de modo muito sentido “but it’s over nooooow”), “How do you do”, quer fosse a “Sleeping in my car”, a “spending my time” (esta fazia-me sentir adulta, não sei porquê) ou a “Vulnerable” (meu Deus, esta é a que tenho mais vergonha – cantava em frente ao espelho, muito concentrada e compreensiva “she’s so vulneeraaable”. Ridícula). Eram os finais dos anos 80, inícios dos anos 90. Quem não passou por essa fase de música romântica?

Na mesma onda sentimental, o meu primeiro slow agarradinha a um rapaz foi ao som da “Porque tu m’aimes encore”, da Céline Dion (quem se lembra daquela início em francês - “j’ais compris tous les mooots”?). Foi uma época cheia de romantismo exacerbado, de cantores que gritavam o seu amor sem medo, cheias de laca no cabelo, lantejoulas, brilhos e ombros do casaco bem definidos, enquanto nós em casa cantávamos. E estes dois exemplos são para mostrar que ouvia música bem lamechas e até gostava e muito. No entanto, à medida que fui crescendo, algo aconteceu e deixei de ter paciência para este tipo de músicas ditas “para-fazer-bebés”. Talvez tenha sido a adolescência e o querer ser mais “fixe” e ouvir música mais animada, mas o que é certo é que o gosto por música mais calminha e romântica ainda não voltou. Raramente gosto de músicas mais “lamechas”.

Por isso, desde que sobrevivi à minha overdose de romantismo do tempo dos Roxette, ando a ouvir música mais rock ou eletrónica. Agora está na moda dizer “indie”, mas o estilo “indie” é tão vasto que continuo a preferir as velhas terminologias musicais. De qualquer maneira, enquanto estava a ouvir há dias Arcade Fire, Kings of Leon, Phoenix, Empire of the Sun, etc, lembrei-me “espera aí, agora a bebé vai começar a ouvir o que eu oiço. Não ficará nervosa com este ritmo todo?”. Comecei a ler fóruns na internet (nunca façam isso!) e todas as mães diziam “só devemos ouvir música clássica para acalmar os nossos bebés. Eles gostam”. Acreditei sem pestanejar e comecei a ouvir Choupin, Bach, Beethoven e Vivaldi (e atenção que, talvez por ter tocado piano, adoro música clássica), apenas. Mas comecei a ficar com sono. Acrescentei alguma “musica-para-fazer-bebés”, já que supostamente a bebé só gosta de música calma. Mas continuei com sono. Cada vez mais. E dizem que não se pode abusar do café nesta fase.

Até que se fez luz! Percebi tudo: as mães têm sono durante a gravidez, porque só ouvem música parada! Abri o meu Grooveshark (dos poucos sites de música que não estão bloqueados no sítio em que trabalho) e voltei ao meu registo habitual, mais animado. A música-para-fazer-bebés já voltou mais. Dancei os slows todos, apaixonei-me e desapaixonei-me, tornei-me adolescente a ouvir os amores e desamores alheios, mas já chega. Tenho que trabalhar e preciso de música animada para me manter acordada. Além disso, se a bebé já está feita, já não preciso da música para a fazer, certo? Certo. ;) Bebé aí dentro, se me conseguires ouvir, espero que gostes da animação! E que gostes de dançar tanto quanto eu.

3 comentários:

  1. LOL Gostei, eu acho que nunca vou deixar de ouvir as músicas que gosto mesmo grávida, lá vai a criança levar com electro house...

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  2. Acho que e desde pequenina que tens de a habituar a ouvir a musica que tu gostas!! Ate porque agora e quando podes aproveitar, porque daqui a uns tempos e ela que ja vai pedirpara ouvir as musicas tipicas de criancas (que depois ouvem sempre as mesmas). Por isso, vinga-te agora enquanto ela nao tem opcao de escolha :)

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  3. Habitua-a, enquanto podes, porque mais uns meses e estás a ouvir música clássica e infantis.

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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