- Quer abrir a porta com um cartão? Desculpe, mas não posso ajudar.
E praticamente fechou-me a porta na cara, com ar assustado, como quem fecha a porta ao Anti-Cristo (nunca vi fecharem a porta ao Anti-Cristo, mas acredito que não possa estar muito longe disto). Lembrei-me ainda que tinha umas chaves suplentes no carro. Só que as chaves do carro estavam…. Dentro de casa! Pedi ajuda a outros vizinhos, fiz mil telefonemas, nada feito. Só me apetecia chorar, enquanto o tempo passava. E quanto mais me apetecia chorar de raiva, mais o meu ar devia ser de louca, por isso menos ajuda conseguia. Como consegui resolver tudo e regressar ao trabalho? Resolver tudo, não consegui, mas deixei a cadela num veterinário perto de casa e vim trabalhar. Não sem antes ouvir este comentário da enfermeira, que me encarou com um certo ar de dúvida, depois de ouvir a minha triste história:
- Tem a certeza que vem buscá-la, não tem? É que há uma semana um senhor veio aqui a contar exatamente essa história e nunca mais veio buscar o cão.
Meu Deus. Oh senhor-abandonador-de-cães, tinhas logo que, entre mil e uma histórias rocambolescas possíveis, ir buscar uma desculpa igual à minha - e que, SÓ POR ACASO, é VERÍDICA?! É por isso que, realmente, um azar nunca vem só. E agora encontro-me a trabalhar, com um olho no computador e outro no telemóvel, a correr o risco de ficar irreversivelmente estrábida, e à espera que o “Faz-Tudo” do prédio regresse e me ligue para ir a casa abrir a porta. Sim, porque está sempre pelo prédio, mas hoje que precisava dele, estava apenas a…. 150 quilómetros. Há dias felizes. Este não é um deles.
Se alguém tivesse a ousadia de me perguntar se eu ia abandonar o meu cão acho que o espancava... só de pensar nisso dá-me uma volta no estômago. Boa sorte!!!
ResponderEliminarSó a ti Pippa.
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