O meu colega continuava: “ela está a assumir um compromisso com os eleitores. Está a candidatar-se, porque quer representá-los. Ora, estando grávida, já sabe que dali a uns meses não os vai poder representar.”
“Então não pode candidatar-se?”, perguntámos nós, mulheres, em coro.
“Pode candidatar-se no próximo mandato. Neste, não. Primeiro tem os filhos, depois pensa na política”.
Eu não estava a acreditar naquele argumento.
“Sabes que muitos homens em que votas podem vir a ser pais, não sabes? Simplesmente não vês a barriga, nem vão para o hospital para lhes ser retirada uma criança de dentro do corpo. Mas sabes que muitos homens em que votas podem vir a ser pais e querer ficar também em casa com a criança, não sabes? Então já agora não votes em ninguém em idade fértil. Ou não votes a menos que se comprometa a não cometer a ousadia de… ter um filho, esse pecado capital!”.
(sim, eu acho que me comecei a passar, porque comecei a “pessoalizar” a história, enquanto trabalhadora grávida)
“Eu não estou a ir tão longe. Se acontecer, aconteceu. Só que eu nunca votaria em alguém sabendo de antemão que ela não vai estar a representar-me nos próximos tempos. Só isso.”
Para mim, não era “só” isso. Para mim, era a prova de que as mulheres continuam a ser vistas de forma diferenciada só porque têm filhos. Para mim, era a prova de que mesmo com a história da licença partilhada pelo pai e pela mãe, há sempre a presunção de que a mãe é que vai ficar em casa meio ano a tomar conta do bebé, enquanto o pai vai continuar a sua vida, como se nada fosse. Pensei que as mentalidades estivessem mais evoluídas e já se presumisse que ambos vão ter participação nos primeiros tempos, seja pai ou mãe. E sim, posso estar a “pessoalizar” isto e não ter o distanciamento necessário para intervir de forma desapaixonada e neutra nesta discussão. Mas que se há-de fazer? Talvez os debates mais acesos surjam precisamente nestes casos, não?
Isso é puro machismo idiota. Ainda se vê muito disso nas empresas com mulheres a serem menosprezadas pelo patrão quando se apresentam grávidas.
ResponderEliminarEu estou gravida e aparentemente a directora de recursos humanos anda fula da vida para arranjar alguem para me substituir porque "não são tempos para se estar grávida, implica muitos custos para a empresa". Quando é que eu vou engravidar? quando passar a crise ou for despedida? :) Eu tenho 33 anos, quando passar a crise deve ter uns 60 anos :)
ResponderEliminarA sorte é que o meu chefe (homem) lhe disse que ia pagar à minha substituta e a mim quem me pagaria era a seg social!!!
As mulheres são sempre discriminadas, por mais evoluida que possa estar a sociedade!!!
A maneira mais simples de acabar com este tipo de discriminação era introduzir a obrigatoriedade de o pai tirar de licença o mesmo tempo que a mãe.
ResponderEliminarMas vá dizer isso a certas mulheres... "ai que horror, o bebé precisa é da mãe"
Pois...
infelizmente este preconceito ainda existe ( e muito) e vai continuar a existir.
ResponderEliminarPippa,
ResponderEliminarsou uma rapariga do Norte, e cá também é assim, é sintomatico do tipo de sociedade (machista) que vivemos.Quando vou a uma entrevista de trabalho, a seguir à idade,nome etc, querem saber se sou/vou/irei casar e se tenho planos de ter filhos!!!
Logo,já dá para imaginar como anda o mercado de trabalho!
Já agr,muitos PARABÉNS pela gravidez,fiquei muito feliz!
Adoro a forma como os assuntos triviais são abordados :) !
Exactamente como eu o faria!
beijinho
Puro machismo!! Mas para mim o pior é quando se vê mulheres a terem esse tipo de atitudes para outras mulheres.
ResponderEliminarParece que na sociedade de hoje em dia temos obrigatóriamente por a carreira a frente de tudo e todos e quase é uma ofensa quando dizemos que gostariamos de conciliar a vida pessoal com a profissional, Sem falar que a crise agora é a desculpa para tudo!
beijinho:)
Olha, eu fico doente com essas afirmações, concordo em pleno com o que diz a Roxy. Infelizmente para nós mulheres, ter filhos não é bem visto e bem aceite num mundo profissional que ainda é dominado pelos homens.
ResponderEliminarBem vindo ao mundo real....
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