sexta-feira, 27 de maio de 2016

Acabou-se o que era doce

Terminou a minha licença de maternidade. Sim, já sei que vão dizer que podia ter 4 meses, ou 5 ou 6, mas não - foram mesmo 3 (rápidos) meses de licença e que já chegaram ao fim. Voltei ao trabalho. E posso dizer que há coisas que não melhoram com o tempo. Se custou imenso voltar ao trabalho depois da primeira licença, desta vez custou da mesma (dolorosa) forma. Desta vez ainda tentei atenuar o sofrimento da véspera com uma ida ao cabeleireiro para retocar as nuances, uma ida à manicura para arranjar as unhas e até uma corridinha fiz para ver se espairecia. Nada resultou. Pior: estava no cabeleireiro e, de cada vez que me perguntavam pelos meus filhos, tinha vontade de chorar. Não sei explicar o que aconteceu, mas passei o último dia de licença numa angústia terrível, uma tristeza claustrofóbica que me fazia quase ficar sem ar. Uma descrição algo dramática, eu sei, mas foi neste estado que passei o dia. O que foi mais estúpido é que o primeiro dia de regresso ao trabalho nem custou muito, afinal. Foi sofrimento em vão. Foi assim que constatei algo de que já me vinha apercebendo há algum tempo: gosto realmente daquilo que faço e gosto das pessoas com que trabalho. Quando assim é tudo acaba por ser mais suportável. Por isso, deixar o meu bebé em casa doeu na mesma. Claro que doeu. É tão pequenino e frágil, não devia ser suposto deixá-lo já com outra pessoa, certo? Mas a ter que sair de casa já, que seja para trabalhar onde trabalho. Pelo menos passo o dia ocupada a fazer algo que me preenche e me faz sentir realizada.

Entretanto, o que sei que também vai custar bastante é manter o trabalho e, em simultâneo, a amamentação exclusiva. Só que sou teimosa e meti na cabeça que filhos meus não provam outro leite até aos 6 meses que não o meu. Se a Organização Mundial de Saúde aconselha, eu sigo cegamente a recomendação, custe o que custar (e custa!). Mamãs que já passaram por isto sabem o que significa, não sabem?

Para os outros, deixem-me só dizer que, se são esquisitinhos, não leiam as próximas linhas. Se continuam a ler, estão a fazê-lo por vossa conta e risco, ok? Eu avisei. Vêm aí revelações nojentas....

Ainda estão a ler? Ok, então vamos lá, corajosos. É que trabalhar e amamentar um bebé em exclusivo significa toda uma confusão de coisas como:
- mamas a rebentar (e a doer!!) quando chega a hora em que o bebé devia mamar,
- máquina de tirar leite (pior máquina de sempre - parecemos vacas, é triste),
- leite nosso num biberão dentro do frigorífico ao lado do queijo e da manteiga (é um pouco estranho pensar nisso, mais vale nem pensar),
- telefonemas constantes a pedirem-nos para irmos embora porque o bebé não para de chorar...
- e ainda, qual cerejinha em cima do bolo, roupas molhadas com leite que nos começa a saltar das mamas.

Eu avisei que era nojento. Mas pronto, sou teimosa, por isso, vou passar os próximos 3 meses assim, entre a alegria de trabalhar, as saudades dos bebés e esta soma de confusões que acabei de descrever. Se continuarem por aqui, vão poder acompanhar estas peripécias... ;)

Se ele consegue...

É fácil refugiarmo-nos em desculpas. "Não consigo emagrecer, tenho muito apetite!". "Não consigo acordar cedo, sou noctívaga". "Não consigo ir ao ginásio hoje, estou cansada". "Não consigo.....!" É fácil encontrar justificações para aquilo que não temos força de vontade de fazer. Quem não o faz? Até que, depois... Depois vemos que um surdo ganhou a 22a temporada do "Dancing with the stars" e ficamos envergonhadas e com vontade de deitar todas as desculpas para o lixo.

O Nyle DiMarco veio fazer muita gente repensar sobre as suas próprias limitações, acredito. Eu já gostava dele de o ver no "America's next top model", o meu guilty pleasure de final do dia. Gostava que, ao longo de todo o programa, apenas sobressaíssem as suas qualidades como modelo (e que homem, meu Deus) e não o facto de ser surdo. Gostava do seu ar de "homem", com pelos no peito e barba por fazer, em total contracorrente com os homens depilados e oleados que abundam no mundo da moda. Gostava tanto que, mesmo depois do programa terminar, fui seguindo com curiosidade o percurso dele no instagram. Por isso, foi com expectativa que comecei a seguir também as suas participações no "Dancing with the stars". Como é que iria um surdo sentir o ritmo das músicas e acompanhar o tempo das coreografias? Como é que iria alguém que nunca ouviu um único som em toda a sua vida, vibrar e fazer vibrar? Impossível ir muito longe no programa, pensei no início. Até que, afinal, foi passando e passando, e passando e passando, enquanto outros iam sendo eliminados. E provou-nos que, com esforço e dedicação, até uma música se dança mesmo sem a ouvir. Se ele consegue ganhar este programa, o que não se consegue fazer então...?

Podem ver a dança final aqui:


sexta-feira, 20 de maio de 2016

Vou ser gorda para sempre

Ontem tive o segundo treino da semana. A dada altura do treino reparei, enquanto suava em bica e dava saltos e saltinhos, que já tinha feito mais de 60 flexões. Logo eu, que quando comecei estes treinos, há cerca de meio ano, fazia 10 flexões e morria... Senti um imenso orgulho em mim mesma. Continuei. Os treinos têm incidido essencialmente na zona abdominal (#operaçãobikini), mas não deixamos pernas e braços de fora e tem sido normal passar os dois dias seguintes com mil dores. Posso não andar a portar-me tão bem com a comida como devia (sim, continuo com os acessos de gula), mas sinto-me bem e com os músculos do corpo todos trabalhados. Os números da balança ainda estão longe dos 58 desejados, eu sei, mas não tenho feito disso obsessão.

Acabou o treino. Vim para casa. Vestia uma t-shirt em forma de "V", justa na zona do peito e larga na zona de baixa, e calças justas. Sentia-me bem, mesmo com os quilos que sei que ainda tenho a mais. Cruzei-me com uma pessoa que não via há meio ano, isto é, quando eu estava grávida. A dada altura, diz-me essa pessoa:
- Estás mais gorda!
- Estou? Pois... Fui mãe...
- É, estás mais cheiinha.
- É normal, acho eu. Da outra gravidez também fiquei, mas depois fui ao sítio. Vamos ver...
- Pois, mas agora estás mais gorda que da outra vez!

Sim, foi tal e qual isto.
Uma pessoa normal vai para casa, depois dum comentário destes, fica deprimida e faz greve de fome, certo?
Eu? Eu pensei "não posso voltar a usar t-shirts em V!", liguei o modo negação, tomei um banho e vim atacar esta caixa de macarons que o meu querido marido, chegado de Paris em trabalho, me trouxe. Eram 8. Hoje há 2.

Vou ser gorda para sempre.


quarta-feira, 18 de maio de 2016

Depois da mãe enlouquecer

A licença de maternidade estava a correr maravilhosamente bem. Andava cheia de energia, continuava a responder aos emails do trabalho, conseguia ler, ver televisão, retomei logo as aulas com a minha PT e sentia que ter dois filhos em casa era tão simples como ter um. Até que fiquei sem a empregada... E tudo mudou! De facto, sem aquela ajuda, a casa desmoronou e acho que estive quase a dar em maluca. Sobrevivi, mas custou um bocado a voltar a entrar no ritmo e a recuperar a energia anterior, tenho que confessar.

Entretanto, depois desta introdução, aproveito para contar que, mesmo no meio desta loucura, consegui adiantar a decoração dos quartos dos bebés, tirar uns dias de descanso pelo Alentejo, festejar o segundo aniversário da Constança e organizar o batizado do Francisco. Uf! Nos próximos dias vou partilhando mais pormenores de tudo e do dia de batizado! Espero poder ajudar quem está também a organizar festas para os mais novos. Até já!