Começámos. Braços em posição. Costas direitas. Mão na mão. Distância assegurada. A música começou. O que aconteceu novamente? Avançámos em uníssono, ao mesmo ritmo. Cada um fez o seu passo, direitinho. Primeiro uma parte da dança. Depois a segunda. A terceira. Até conseguirmos reproduzir toda a reprografia. Uma vez. Outra vez. Impecável. Sem erros, praticamente. Na segunda aula aconteceu o mesmo. Os professores optaram por ensinar nova coreografia noutro estilo de dança. Chegámos ao fim a fazer a coreografia direitinho. Na terceira aula, nova coreografia em novo estilo.
Hoje acordei com uma destas músicas na cabeça. Vim ao computador a correr e vi os vídeos que os professores nos enviaram - as aulas eram gravadas, para repetirmos em casa, se quiséssemos, e aprendermos com os erros. Não sei se a nossa relação é o que a dança reflecte, mas a verdade é que nos vejo em harmonia, mãos entrelaçadas, a seguir os passos em uníssono, completamente transformados numa só massa dançante. De repente, vejo-me a atirar para trás, a cabeça e as costas dobram-se completamente e ele segura-me com os braços. A professora ri-se. Muito. No fim, bate palmas e oiço-a dizer-me "confia mesmo nele, não confia? é raro ver alguém atirar-se para trás dessa maneira. geralmente têm medo de cair". Digo-lhe que sim. Que confio. Posso ser um pouco possessiva, como um anónimo qualquer me disse no outro dia. Mas confio. E foi só por isso que já resistimos à relação à distância, durante demasiado tempo. Porque, apesar de estarmos longe, sentia que seguíamos juntos, mão na mão, ao mesmo ritmo e a dançar a mesma coreografia. E sentia que podia cair a meio que ele estaria sempre lá a impedir-me de atingir o chão e magoar-me. E vice-versa.
Que bom que a vossa relação é assim =)
ResponderEliminarE agora todos os comentadores em uníssono: "Queremos ver os vídeos. Queremos ver os vídeos. Mostra! Mostra!"
ResponderEliminar"Queremos ver os vídeos. Queremos ver os vídeos. Mostra! Mostra!" xD
Eliminar"Queremos ver os videos" :=)
ResponderEliminarPippa, por curiosidade quanto tempo resistiram à distância?
ResponderEliminarVivo uma há mais de um ano e é terrível. Já tentámos viver no mesmo país, não conseguimos (eu vivo em portugal, ele em espanha, ambos em crescente crise sem oportunidade de emprego). Já tentámos não stressar com a distância e encurtá-la com o máximo viagens possíveis, acusámos imensa pressão. Já tentámos acabar a relação, cada um seguir a sua vida e novamente, não conseguimos.
Estou encurralada, sem saber o que fazer/como fazer. Tudo isto é doloroso e desgastante. Daí a minha pergunta, por curiosidade, pois a sua história teve um final feliz.
Raquel
Amar é sintonia.
ResponderEliminarBonito texto, gostei!
ResponderEliminarAss. O anónimo qualquer.