terça-feira, 14 de maio de 2013

Nunca repetir se estiverem sozinhos em casa. Ok?

A casa da minha avó materna marcou a minha infância, não só porque passava muito tempo lá, mas também porque era um verdadeiro tesouro: nos seus inúmeros quartos, adorava espreitar armários, experimentar roupa, calçado, acessórios, e descobrir livros. Os meus tios tinham juntado uma colecção de livros respeitável e adorava ler os títulos e passar os dedos pelas páginas já um pouco usadas. Os meus livros preferidos eram sempre aqueles que estavam relacionados com o desconhecido, com a ciência ou com misticismo. Este passatempo era levado ao extremo quando dormia lá com os meus primos. Levávamos lanternas e ficávamos a explorar tudo durante a noite.

O problema? A casa era muito grande, com um pé direito altíssimo, situava-se no meio do nada, e estava sempre cheia de sons, rangeres do chão inexplicáveis, sombras, cheiros desconhecidos e recantos por desvendar. Como se este cenário não fosse suficiente, muitas vezes decidíamos ler os livros sobre o desconhecido, o que era sinónimo de noites em branco. Que criança consegue dormir depois de ler histórias (verídicas, insistia o livro!) de raptos por extraterrestres, numa casa assim? Que criança dorme depois de ler um adulto descrever até à exaustão como tudo aconteceu, como era o seu raptor, ou para onde o levou? A resposta é que nenhuma criança consegue dormir, e nós não éramos excepção. Principalmente porque estes serões eram sempre passados num quarto com janelas iluminadas pela lua, e trespassados ocasionalmente por morcegos, sombras das árvores, e mil medos.

E o pior é que esta sensação se manteve sempre em mim. Por isso, o filme que optei por ver ontem à noite, sozinha em casa, passado no Espaço e sempre sob o olhar atento de vida alienígena, foi sem dúvida péssima opção. Porque posso já não ter seis anos, nem estar "na" casa, mas trago sempre aqueles relatos cheios de detalhe dentro de mim. E ninguém me tira da cabeça que "eles" podem realmente existir. E que nem no meio da cidade, com segurança à porta, estamos safos. Por isso, só posso insistir comigo mesma para não repetir a façanha se estiver sozinha em casa. E lanço aqui o conselho a quem padecer do mesmo mal: não vejam filmes de terror ou de suspense se estiverem sozinhos em casa e forem tão impressionáveis como eu. ;)

3 comentários:

  1. Eu não vejo esses filmes de todo, mesmo que os veja de dia vou recordar-me deles de noite...

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  2. Nunca, jamais conseguiria ver um filme desses sozinha em casa, mesmo acompanhada depois tenho imensos pesadelos e certo dia até obriguei o moreno a acompanhar-me de um lado para o outro em casa até irmos para a cama. Que medo.

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  3. Adorei a descrição da casa da avo materna. Nao sei a tua localidade, mas penso que deves etar no sul (aqui sou do norte ;) penso que sejas da minha geração 30 e poucos anos, o que é certo em muitos post que fazes pareces que relatas a minha existencia.
    Eu tambem adorava a casa da minha avó materna, cresci lá e como a da tua era grande, com quartos e misterios por desvendar, havia cofres vazios na cave, onde imaginavamos as mais incriveis coisas que podiam ter sido escondidas neles.
    Só nao gostava de dormir lá, pela escuridão que era tenebrosa e dos sons que daí provinham, para agravar a situação sempre que iamos lá dormir, a minha avó mandava sempre limpar os quartos que podiam ter teias. TEIAS?!?! Se há TEIAS há ARANHAS!!! Impossivel de fechar a pestana nessas noites, nao pelos livros (que apesar da abundancia, nunca fui ligada a leitura) mas por tudo o resto, sons, escuridão, aranhas... e um infindável mar de imaginação de terror ..

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