quarta-feira, 15 de maio de 2013

Quando o amor ainda não acabou

Primeiro, as saudades começam a ser menores. Depois, tudo parece irritar. Aquele jeito inato para mandar piadas? Começa a tornar-se saturante. "Não consegues manter uma conversa séria??" O amor pela família, antes considerado único, ternurento e elemento de distinção comparativamente com outras pessoas da mesma idade, é visto, subitamente, como um mimo e uma dependência insuportáveis. "Precisas da mãezinha para tudo? Cresce, por amor de Deus!!" Aquela preguicinha em casa, a que tentávamos dar a volta de forma graciosa, torna-se incomportável. "Podes ajudar-me um segundo?? Vais ficar aí sentado a ver-me arrumar?". De repente, aquele modo de ser trapalhão e distraído deixam de ser graciosos. O abrir a nossa porta do carro torna-se um teatro dispensável. "Deixa estar, eu entro sozinha! Estamos atrasados, despacha-te, mas é!".

E a pessoa maravilhosa, única e adorável que tínhamos ao nosso lado transforma-se. As borboletas no estômago mergulham no suco gástrico e perdem-se para sempre. Passamos a sentir só alguma azia. As mensagens românticas transformam-se em discussões por tudo e por nada. Qualquer pretexto serve - as compras do supermercado, o almoço de Domingo, as férias, a renda para pagar. Chegado a este ponto, o coração dificilmente voltará a bater pela pessoa da mesma forma. E muitas vezes a melhor solução será realmente terminar a relação.

Assim, não sou contra o terminar de relações que não estão bem. Não me oponho - nem podia opor - ao fim de uma vida a dois quando nenhum dos dois é feliz. A única coisa que me faz confusão é, como já contei aqui, pessoas que se afastam por medo. Porque temem que o seu amor não seja correspondido. Porque temem que a sua relação acabe um dia. Porque não querem sofrer. O pior que pode haver é duas pessoas que gostam uma da outra e se afastam por cobardia, por medo, insegurança ou teimosia. Amar é atirar-se de cabeça. Lutar. Insistir. E tentar outra vez. Para mim, pôr um ponto final numa história a dois só faz sentido se o amor acabou. Ou se as pessoas se revelarem realmente incompatíveis. Parte-me o coração ver pessoas separadas apenas por teimosia de ambas as partes. E acreditem que existem tantas...

4 comentários:

  1. Concordo em tudo contigo =) não devemos ter medo de amar!

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  2. Concordei mesmo com este texto!

    Participa:
    http://sailingpepa.blogspot.pt/2013/05/passatempo-feltros-co.html

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  3. Mesmo a azia passa... Trata-se... Há que perceber se o problema é crónico ou passageiro... Estou há espera que passe... Teimosa só por acreditar que o meu amor vai superar as dificuldades. Medo só de não ser feliz. E com ele sei que já fui e voltarei a ser feliz...
    Adorei este teu post. Trouxe-me luz depois de uma discussão. Obrigado. Beijinhos

    insatisfeitainveterada.blogspot.com

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