Até que o conheceu. Desde as mensagens que trocaram, os telefonemas, e os dois jantares que não conseguia deixar de pensar nele. O porquê de não a ter beijado ainda. O porquê de falar com ela o dia todo, mas depois não mostrar grandes saudades. O porquê de nem lhe ter perguntado se namorava. Falavam ininterruptamente por mensagens, telefonemas e emails há mais de um mês, sem mais desenvolvimentos além daqueles dois jantares. Até que ela o desafiou para um cinema. Ele apareceu, mais lindo que nunca. Estava a sair do trabalho e pedia desculpa por não se ter mudado. Ela tinha desculpado no momento em que lhe pôs os olhos em cima. Desculpou logo tudo e mais alguma coisa.
A meio do cinema, as mãos tocaram-se, sem querer. Ela olhou-o olhos nos olhos e sorriram. Ele aproximou-se e deu-lhe um beijo na cara. Bem repenicado. E demorado. Ela sentiu um calor dentro do peito a subir-lhe pelo pescoço e a aquecer-lhe a cara. Estaria a corar? O que vale é que estava escuro. Aquele momento pareceu durar para sempre. O sorriso dele, dum branco imaculado, a brilhar no escuro. Aqueles lábios tão perfeitos. A pele dele morena, em contraste com a camisa azul clara. Aquele perfume. Até que o telemóvel dele tocou. "Desculpa, é a minha namorada". Levantou-se. O calor transformou-se em gelo. E desceu até ao mais fundo dela. Estava apaixonada. Ela, mulher decidida, segura, confiante, simplificadora. E tinha levado o primeiro banho de água fria amoroso da sua vida. Ficou petrificada. Entretanto, ele voltou. "Desculpa! Olha, já te disse que esse vestido te fica muito bem? Devíamos ir passeá-lo até um sítio giro a seguir. Não queres ir beber um copo quando o filme acabar?". Uma voz parecida com a dela sussurrou que sim, enquanto ela pensava que já tinha tido demasiados copos para um dia - copos de água fria.
Eu acho que fugia dali a correr...
ResponderEliminarO amor, o amor... tem que se lhe diga! :)
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