segunda-feira, 27 de maio de 2013

Foi tudo por tua causa. Tudo.

Entrei no carro do meu amigo. Olá. Olá. Tudo bem? Sim, e contigo? Os cumprimentos habituais. O carro arrancou. Onde vamos? Vou mostrar-te a nossa casa nova. Ok, estou ansiosa por conhecer. Continuámos, estrada fora. Até que o carro começou a abrandar o ritmo. Estamos a chegar? Sim, é já ali. Parámos numa rua sem saída, entre um prédio em obras e um descampado.
- Olha, a verdade é que não estamos nada a chegar.
- Não...?
- Não. Trouxe-te aqui, porque precisava de falar contigo longe de tudo.
- Então porquê...?
- Estou muito desiludido contigo. Muito. Meteste-te na minha vida. Meteste-te entre mim e a X. Dizias que querias juntar-nos, mas só nos afastaste. Por tua causa, afastámo-nos para sempre. A X ficou magoada por eu ter falado contigo. Achou que não devia ter desabafado com ninguém, nem com uma amiga dela. Não me atende o telemóvel, desapareceu do mapa. Fugiu e nunca mais a vou ter!
- Mas...
- Não há mas... Foi tudo por tua causa!
- Mas eu só queria...
- NÃO TINHAS QUE QUERER. Destruíste a nossa relação. Foste uma péssima amiga. Meteste-te onde não eras chamada. Foi tudo por tua causa!! Não vês isso?
- Mas como é que...
- Acabou a conversa. Agora sai do carro!
- Mas deixa-me explicar...
- Não há explicações!!
A voz teimava em sair. O meu poder de argumentação tinha sido todo sugado por ele e por aquele carro, durante aquela viagem. A garganta tinha secado. Um nó enorme havia-se formado e já nem um simples "ai" conseguia sair.
- ...!
Nada. Queria berrar. Responder. Chorar. Nada. O meu interior era um nó gigante. Uma dor, uma injustiça tinham-se apoderado de mim e tinham-me petrificado. E a dor aumentava, o nó impedia-me de respirar, enquanto ele me empurrava para fora e fechava a porta do carro. Quis abrir a porta e não consegui. Quis bater no vidro e nada. Uma dor que crescia e crescia. Fechei os olhos. Senti um beijo.
- Bom dia!
- ...
- Bom dia!!
- Hãan?
- Estás mesmo ferrada no sono.
- Dá-me um abraço.
Não tinha pesadelos há anos, mas ultimamente teimam em aparecer. E este foi outro "daqueles". Não sei o que se passa com a minha cabeça. Lembram-se desta história? Pois, este pesadelo veio desse meu impasse. Parece que mesmo quando nos tentamos convencer que estamos bem e atiramos os problemas para o lixo, a verdade é que está tudo no cérebro e este arranja sempre maneira de ir buscar tudo, o malandro.

6 comentários:

  1. Os sonhos dizem-nos mais do que pensamos...problemas, medos, planos...tudo vem em forma de sonho

    ResponderEliminar
  2. Quando estou mais stressada é quando tenho mais pesadelos, ou pelo menos que me lembro dos sonhos. Talvez por não dormir descansada.

    ResponderEliminar
  3. a nossa mente é tramada.... eu tenho muitos pesadelos e a maioria das vezes são com coisas que me incomodam, mesmo as antigas que guardo lá no fundo. Mas o bom é que não passam disso, pesadelos....:)

    ResponderEliminar
  4. Ai mulher assustaste-me!
    Os meus sonhos são sempreeeee o reflexo do meu dia-a-dia, preocupações, e por aí vai.
    Os mais recorrentes são todos uma catástrofe de casamento! Ainda não correu bem em sonho nenhum!

    Beijinhos Pippa <3

    ResponderEliminar
  5. Anónimo10:11

    Mas tu queres matar-nos a todos do coração????? R. *****

    ResponderEliminar
  6. A mente prega muitas partidas! E às vezes parece tão real

    ResponderEliminar