quarta-feira, 8 de abril de 2015

A minha vida dava uma comédia. Das fraquinhas.*

Há dias em que acredito que, se a minha vida virasse filme, virava uma comédia. Mas não uma comédia romântica - uma comédia só, e daquelas até fraquinhas e básicas, sem qualquer romantismo associado. Ontem foi um desses dias.

Acordei, tomei banho, preparei o pequeno-almoço e tentei vestir-me melhor, porque tinha uma reunião importante. A noite tinha sido parcialmente em claro, a preparar a reunião, mas tentei disfarçar as olheiras matinais e a falta de sono com algum corretor de olheiras e blush. Dei um jeito ao cabelo, vesti um vestido mais formal e calcei uns stilettos mais pontiagudos e de salto fino, que raramente saem da prateleira, mas que me pareceram adequados. Queria vestir-me para matar. Só não sabia que ia quase matar-me era a mim. De vergonha.

A reunião correu bem. No final, fomos almoçar. Eu tinha alguma pressa, porque queria ir ainda a casa ver a Constança (já disse que sou um bocado viciada nela?) antes de retomar o trabalho. Almocei mais rápido. Tentei justificar-me educadamente e sair com rapidez e elegância. Sabem quando queremos mostrar que somos despachadas e decididas? Fiquei-me pela intenção. Pus-me a pé e, talvez com o sentimento de culpa por estar a sair a meio ou talvez com o cansaço da noite mal dormida, virei, não para a saída, mas para a cozinha... Entrei por ali adentro, sem mais. "Desculpem!". Voltei para trás, pensando que ainda seria possível remediar o mal. Voltei a passar pela mesa de onde tinha saído. "Enganei-me na saída!". Sorrisos, acenos. Tentei andar de forma decidida para a saída correta - "Com sorte nem repararam!", disse a mim mesma. Só que... a merda dos saltos prenderam-se no tapete da porta. Fiquei ali uns segundos a tentar puxar o salto. A tentar sorrir e manter a elegância. Uma senhora ainda se aproximou para me ajudar, mas balbuciei-lhe um "obrigada" e lá me livrei do salto preso no tapete. Endireitei as costas. E puxei finalmente a maçaneta para empurrar a porta, ansiosa por sair dali. Só que.... fiquei com a maçaneta da porta na mão. A maçaneta!! Empurrei na mesma a porta e encaixei a maçaneta podre no sítio. Saí dali com vontade de morrer de vergonha e a pedir por tudo que ninguém tivesse assistido àquele momento de comédia.

A sério: qual é a probabilidade de isto tudo acontecer seguido? Qual? Tenho para mim que seria mais provável ganhar o Euromilhões, à quantidade de vezes que oiço dizer que o primeiro prémio saiu a alguém. Tenho para mim que tornar-me milionária seria mais provável que passar por aquela vergonha toda seguida. Foi a tríade: porta errada + salto preso + maçaneta na mão. Porquê eu, meu Deus? Porquê eu? Por ainda não ter batizado a minha filha? Vai ser já em maio. Dia 16. Só preciso de chegar viva e com a minha confiança intacta (já agora) até lá. Pode ser?

* Tipo aquelas em que entra a Jennifer Aniston.

6 comentários:

  1. Este teu dia parece tirado de um filme de comédia =) Pensa positivo ao menos fez-me rir!

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  2. LOL eu sei que é embaraçoso, mas não deixa de ser engraçado :P
    E sim, é o tipo de coisa que aqui a Bomboca também faz.

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  3. Bem provável, até. A mim, passam a vida a acontecer coisas desse género.

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  4. Podiam ter acontecido uma de cada vez... mas não teve que ser tudo no mesmo dia =)

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  5. Isto quando uma coisa corre mal, parece que vem tudo atrás :)

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  6. Anónimo23:56

    Poxa, mesmo azar!! Mas agora podes rir disto, porque a forma como escreveste está cómica :)

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