segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Isto de ser uma mãe trabalhadora

A primeira semana enquanto mãe e trabalhadora chegou na sexta-feira ao fim. Começou com uma terrível montanha-russa de emoções: segunda fui trabalhar entusiasmadíssima por voltar ao trabalho, mas passado uma hora já o entusiasmo se tinha evaporado e, a meio da manhã, já só conseguia pensar na bebé. Ao meio-dia já me apetecia meter no carro e ir embora, mas lá me aguentei estoicamente. À hora de almoço fui vê-la (continuo a dar de mamar, por isso, a logística é complicada) e tive que me conter para não a arrancar dos braços da ama, mal a vi. Tentei sorrir primeiro, enquanto segurava as lágrimas de emoção, de saudades, de sei-lá-mais-o-quê-que-me-atacou, e só depois peguei na bebé com a delicadeza que o meu lado possessivo e enciumado permitiu. Foram três e meio dum namoro tão intenso que a primeira manhã separada dela foi terrível, terrível, terrível. A tarde não ficou atrás. Tive que me beliscar para não ligar à ama de dois em dois minutos. Tive que me convencer que ela conseguiria substituir-me da melhor maneira possível. À noite, lá matei as saudades todas da bebé e devo tê-la besuntado toda, tantos foram os beijos que lhe dei. De qualquer maneira, pelo sim, pelo não, passei pela Fnac no fim do jantar e comprei todos os livros sobre bebés que consegui, desde os da conceituada Gina Ford aos do Mário Cordeiro. Confio na ama, mas, qual mãe chata, decidi que quero ir confirmando que estimula bem o desenvolvimento da bebé, que utiliza os brinquedos corretos, que opta pelas atividades mais apropriadas a cada etapa, que cumpre com os melhores horários de sono, etc. Não consigo evitá-lo: estou habituada a ter que ler muito no meu trabalho, com a minha filha teria que ser igual. De qualquer maneira, tento convencer-me que mesmo sem Ginas Fords ou Mários Cordeiros, tanto a ama como o meu bom senso e o do pai irão permitir-nos educá-la sempre bem. Tento convencer-me que a primeira semana foi a pior e que, a partir daqui, as saudades serão bem mais controladas. Tento convencer-me que cada vez custará menos sair de casa de manhã que no dia anterior. E que cada reencontro manterá a força e a emoção do primeiro dia. E tento convencer-me que isto de ser mãe e trabalhadora nunca me impedirá (como não impediu a minha mãe e outras tantas mães mundo fora) de ser a melhor mãe do mundo. Pelo menos não me impedirá de ser a melhor mãe do mundo da minha filha.

PS: a todos os comentadores que perguntaram por que só tirei três meses e pouco, aqui fica o esclarecimento: sou trabalhadora independente. Claro que, se pudesse, teria tido uma licença de maternidade mais prolongada...

4 comentários:

  1. Anónimo00:53

    Parece que é isto que é ser mãe. Nunca ter o coração sossegado, nunca ter oxigênio suficiente, mas ter sempre o coração cheio de amor! És fantástica!

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  2. Anónimo12:49

    Pippa, pode-me dizer como fizeram para encontrar uma ama?? Em breve vou trabalhar e ainda não tenho com quem deixar a bebê. Obrigada, Margarida

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  3. Anónimo13:24

    Pippa, lembro-me de ler há uns tempos que fazia viagens semanais para ir trabalhar, suponho que trabalhava longe de casa. Como conseguiu contornar esse problema quando a bebé nasceu? Muitos parabéns pelo seu blogue, é verdadeiramente uma delícia ler os seus posts e ver o amor que tem pela sua bebé :)

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  4. Custa muito voltar ao trabalho, mas com o passar dos dias vai ficando mais fácil. Felicidades!

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