quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Comer de forma emocional

Para 2015 tentei ter planos realistas e deixar de sonhar, entre outros sonhos irrealistas que sempre mantive, com uma magreza que nunca consegui atingir, com uma frequência de desporto que há mil anos que não consigo manter, e com uma vida saudável que nunca consegui realmente concretizar. No fundo, decidi aceitar que não sou perfeita, que se pesar 60 ou 62 kgs é bom na mesma, e que se comer um doce por dia e não praticar desporto tão assiduamente como gostaria não tem mal, o que importa é que me sinta bem comigo mesma, e blábláblá. Ironicamente, voltei a pesar-me depois destas resoluções todas e noto que tenho vindo a emagrecer de forma contínua desde maio. Não pesava tão pouco há muitos anos. Ironicamente também, voltei a conseguir correr assiduamente. E até não me tenho cansado muito. Ironicamente ando também com menos desejos de gulodice. Será que vou inverter completamente os ensinamentos de livros como "O Segredo", que diziam basicamente "somos o que pensamos e projetamos ser"? É que, desde que me assumi como gordinha feliz e com barriguinha da gravidez, comecei a ter menos fome e a ver a barriga a ficar ainda melhor que antes. Não sei o que se passa. Mas tenho a sensação que, no fundo, isto é tudo resultado de ter finalmente todos os lados da minha vida enquadrados, quase como se todos os astros finalmente se tivessem alinhado - tenho a família e o trabalho perto um do outro, como sempre sonhei. E lembro-me agora que a Dra. Mariana me dizia, quando lá andava nas consultas, que iria ser difícil emagrecer mais, porque eu comia de forma emocional. Agora percebo. Eu comia, porque me sentia vazia. Era um vazio dentro de mim que tentava preencher com doces, e salgados, e tudo o que apanhasse à frente, na esperança de ver o vazio desaparecer. Mas o vazio era, afinal, outro. Era um vazio que só agora foi preenchido. Era um vazio de amor, e de carinho, e de ter alguém em casa à minha espera no final do dia. Não sou psicóloga, mas quer-me parecer que não seria de todo mal pensado aliar a nutrição à psicologia neste tipo de casos (e há tantos, não há?). É que, olhando para trás, parece-me que as palavras da Dra. Mariana fazem agora todo o sentido: eu comia basicamente de forma emocional. E por muito que, racionalmente, soubesse o que estava certo e errado, no momento de fazer o jantar, por exemplo, acabava sempre a comer asneiras. Comer de forma emocional é tramado. Para a balança, mas, essencialmente, para a cabeça. E parece-me que é preciso primeiro arrumar a cabeça. E depois disso o estômago será mais facilmente re-educado também.

1 comentário:

  1. Anónimo00:21

    Eu diria mesmo que 90% dos "gordinhos" comem de forma emocional. Às vezes a vida é tão má por tantos anos (e fora do nosso controlo) que a comida é a única coisa boa que resta.

    ResponderEliminar