terça-feira, 14 de abril de 2015

Nem o padre me quer aturar

Sábado fomos conversar com o padre que vai batizar a Constança. Eu sabia que a reunião estava marcada essencialmente para podermos levar os nossos documentos e prestar informações quanto aos dados de todos, incluindo padrinhos, mas aproveitei e fiz também alguma pesquisa sobre o batismo. Já que ia estar com o padre que ia batizar a minha filha, e já que não o conhecia muito bem (o do nosso casamento não pode) queria estar preparada para qualquer "entrevista" que nos pudesse fazer. Começou mal. O padre abriu a porta, eu atirei-me para lhe dar um beijinho e um abraço (tal como faço sempre que vejo o padre que nos casou) e percebi que tinha sido demasiado efusiva: o padre manteve o corpo rígido e quase sem respirar, e nem respondeu ao beijo - ou pelo menos nem me apercebi do movimento com os lábios de volta. Arrependi-me logo de me ter atirado assim, mas no ponto em que estava, já lançada nos braços (rígidos) dele, não dava para recuar. Deixei apenas uma nota mental a mim mesma: não dar beijo na despedida!

O padre foi muito simpático, mesmo muito simpático, não quero ser injusta. Tratou muito bem a Constança, sorriu-lhe muito e teve toda a paciência e tempo do mundo para nos explicar os detalhes da cerimónia. No entanto, quando resolvi trocar algumas impressões sobre o batismo, o pecado original, o limbo, os sacramentos e quanto ao bom trabalho do Papa Francisco, ouvi alguns suspiros do outro lado. A sério que sim. Ao ponto de perceber que me estava a alongar demasiado nas minhas considerações. Comecei a levar pontapés debaixo da mesa. Acabámos então por nos despedir (desta vez com aperto de mão) e, cá fora, comecei logo a levar na cabeça:
- Percebeste que deste uma valente seca ao padre, não percebeste?
- Dei nada... Falei de religião. É aquilo sobre que é suposto um padre falar...!
- Por isso mesmo. Obrigaste-o a discutir, num dia de descanso, aquilo de que é obrigado a falar nos outros dias.
- Mas eu pensei que ele queria que estivéssemos preparados.
- Estar preparado é uma coisa. Massacrá-lo é outra. Tu massacraste-o com as tuas dúvidas.

De maneira que já não percebo nada. Então não era suposto discutirmos tudo isto antes de batizarmos os nossos filhos? Ou o batismo é agora só uma festa bonita sem nenhum significado por trás? Às tantas sou eu que sou demasiado idealista... Ele diz-me que sim, que tenho que ser menos romântica na visão do mundo e mais prática. Até com os padres...!

8 comentários:

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    1. Anda Baptizar a tua Contança na minha paróquia...
      eu ando às turras com o Padre, porque de 4 Padrinho (2 padrinhos e 2 madrinhas) há uma que não é Crismada (precisamente a da minha Constança...), e ele não quer aceitar...
      O problema é que essa é a única Madrinha que eu faço questão, porque sei por experiência própria que é a melhor madrinha que se pode ter...
      Se calhar trocamos de padre, que me dizes? :-)

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    2. Quando quis baptizar a minha filha foi um sarilho lá na aldeia, o padre mandou vir comigo quando percebeu que o meu marido nem baptizado é. Marimbei para ele e fui a outra paróquia, correu tudo bem.

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    3. A minha filha mais velha também foi baptizada noutra paróquia precisamente porque o Padre da minha dizia na altura que pelo menos um dos padrinhos tinha que ser crismado, agora mudou de opinião, e tem que ser toda a gente crismada...
      Só que na paróquia onde foi baptizada a minha filha mais velha o Padre mudou e este ainda é mais radical e defende que os padrinhos têm que ser casados, coisa que não são...

      Enfim, cada cabeça sua sentença, e neste momento, se eu não fizesse mesmo questão que eles fossem baptizados, já tinha era mandado o Padre dar uma curva...

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  2. Olha que chatear os chatos originais (alguns padres massacram as pessoas com sermões nestas alturas) é ora Pippa :D Muito bom!

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  3. Existe algum documento que comprove que se é crismada? Eu acho que não tenho nada disso... e fiz tudo.... :/

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  4. Rita14:22

    Uma das principais razões que me levou cedo a descartar a religião da minha vida foi mesmo essa, ver toda a gente a fazer festas, a ir a missas, a cumprir rituais porque sim, porque é bonito, porque toda a gente faz. Eu tinha de cumprir cada passo da educação católica porque sim, ponto, sem nenhum significado por trás para mim ou para quem me acompanhava.
    Isto para dizer que concordo plenamente contigo e com a tua visão romântica do mundo. Para mim as coisas só fazem sentido quando têm razão e significado, e no teu caso tinha feito exactamente o mesmo questionário ao Padre. Ele está lá precisamente para isso, para guiar e esclarecer!

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  5. "Ou o batismo é agora só uma festa bonita sem nenhum significado por trás?"

    Sim, exato.

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