terça-feira, 29 de março de 2016

A minha galeria de imagens do telemóvel

Há uns anos, se alguém pegasse no meu telemóvel e começasse a ver as minhas fotografias, começava logo a ficar com os calores e a fazer de tudo para interromper o mais rápido possível aquele momento de invasão de privacidade. Eram selfies (que na altura ainda não se chamavam selfies, mas já o eram). Eram fotografias mais provocadoras a aproveitar um dia em que a auto-estima até estava mais em cima. Eram fotografias na noite. Fotografias de festas. Fotografias de momentos mais alcoolizados. Em bikini. Em lugares paradisíacos. Com amigos. Ultra-românticas. Havia de tudo, com um elemento comum: o telefone era meu, a figura central das fotografias era eu, em mim e uma poses diferentes, o que me deixava reticente a olhares estranhos.

Agora? Agora, tenho dado por mim a dar o meu telemóvel desbloqueado a qualquer pessoa com um desprendimento tal que até me assusto. A verdade é que só tenho praticamente fotografias dos bebés, de cenários familiares e/ou das minhas duas gravidezes. A maior nudez que se pode ver é a dos meus filhos. A minha maior exposição são as fotografias tiradas pela minha PT para mostrar a evolução da minha barriga flácida e da diástase abdominal. As selfies são agora da Constança, quando me apanha o telemóvel. Fotos atrevidas? Uma grávida de bikini a exibir a barriguinha também não deve contar.

Sim, neste momento iria proporcionar zero momentos de entretenimento a qualquer ladrãozeco que resolvesse roubar-me as fotografias. Neste momento, não tenho dúvidas que até os sites da Santa Casa da Misericórdia ou da StandVirtual têm conteúdos mais atrevidos e provocantes que o meu telefone.

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