quarta-feira, 23 de março de 2016

34!

Sábado festejei mais um aniversário. Desta vez, o estar fechada em casa há algum tempo (ou seria a ocitocina ainda a fazer efeito?) deve ter mexido com o meu cérebro, porque... pela primeira vez em muuuuitos anos, tive vontade de festejar o aniversário em casa, sem restaurantes envolvidos e sem saídas. Pior: tive vontade de me armar em doceira e experimentar receitas de bolos. Eu, que nunca fui muito de cozinha, comecei assim o meu dia de anos a abrir e a fechar o forno, a bater claras em castelo e a decorar bolos, qual Nigella Lawson (sim, em versão cheiinha, pois ainda tenho muitos kgs que ganhei na gravidez para abater - falarei sobre isso noutro post). Os meus pais ainda insistiram em trazer eles a sobremesa (compreendo-os!), mas não quis saber. Já tinha as formas, as receitas, os ingredientes preparados e até boleiras e decorações compradas... nada me iria impedir. No pior dos cenários, terminaria o meu dia a comer tudo sozinha. Terminaria o dia com mais 10 kgs, mas com a gula saciada por uns tempos.

Eram 6h da manhã quando finalmente terminei tudo e me fui deitar. No frigorífico havia gelatinas e mousse de chocolate. Nas boleiras a estrear, um bolo de côco e um de frutos vermelhos recheado. Tinham bom ar. Estariam bons? Controlei-me para não provar nada. Estava cansada, mas com a sensação de dever cumprido. A casa estava calma e silenciosa - tudo a dormir a dormir em simultâneo é cenário raro, nos últimos tempos. Lá fora, o horizonte começava a ficar mais claro. Inspirei e senti no ar algo que não sentia há muito. Seria o silêncio? A calma? Demorei um pouco, mas lá percebi o que era. Era algo ainda mais antigo... Cheirava à minha infância. Infância. Até aos meus 12, 13 anos, o dia de aniversário começava sempre com cheiro a bolos a saírem do forno, com gelatinas, mousse e mil doces espalhados pela sala. Convidava-se sempre toda a família e festejava-se em casa. Com a chegada da fase da estupidez adolescência, comecei a preferir comemorar os anos bem longe dos pais, perto dos amigos. O cheirinho a bolos fez, por isso, com que viajasse no tempo até essa altura.

Os aniversários da minha infância tinham este cheirinho a bolo a sair do forno. Tinham os avós. Bisavós. Tios. Primos. Barulho. E casa cheia. Aos 34 anos, não voltei a ter casa cheia. Mas voltei a ter por perto algumas das pessoas mais importantes da minha vida. Aos 34 anos não tive uma festa de arromba. Não jantei no melhor restaurante da cidade. Festejei com olheiras. E com uns kgs a mais, pois ainda não recuperei a forma. Festejei cansada, das noites mal dormidas, a acordar de 3 em 3 horas. Mas festejei com cheirinho à minha infância. Aos 34 anos, senti-me um bocadinho a ser criança outra vez. A criança que fui. E as crianças que estão a crescer junto a mim. Estou mais velha, mas ironicamente senti-me mais jovem outra vez. Venham mais anos assim (ok, sem a parte do cansaço e dos kgs)!!

Ahh... quanto aos doces, acho que fiquei aprovada. Pelo menos ninguém se queixou nem houve relatos de indisposições.

2 comentários:

  1. Ohh é tão bom sentir-nos com o dever comprido, fico muito feliz que tenhas tido um dia de aniversário espetacular!
    Muitos parabéns! :D :D

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  2. Muitos parabéns! Dias assim valem a pena. Não importa como o passaste, é perfeito se foi assim que o sentiste.

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