Pois então aqui há meia dúzia de meses encontrei, num aniversário dum tio, uma cara familiar. Ela teria cerca de quarenta anos, era uma mulher bem parecida e com um sorriso simpático. Olhou para mim e eu olhei para ela. Desviámos o olhar. Eu conhecia-a, mas de onde? Voltei a olhar. Ela, talvez sentindo o olhar, olhou também. Sorriu timidamente. Eu respondi ao sorriso fazendo um sorriso "meio-termo", daqueles que servem para cumprimentar quem não temos a certeza se conhecemos bem ou não. Continuei a falar com as minhas primas e esqueci aquilo, talvez fosse apenas alguma amiga dos meus tios e já nos tivéssemos cruzado neste tipo de jantares. É, talvez fosse isso. Mas passado uns minutos, oiço um "Oláaa!! Já sei de onde a conheço! Bem me parecia!!". Olhei para trás.
- Foi minha aluna no secundário!
- Ahhh...!!
- Introdução às Técnicas de Informática.
- Sim!! Tem razão!
- Bem me parecia. Comentei com a sua tia que a conhecia e pelo seu nome cheguei lá.
- Oh professora, desculpe! Como estávamos noutro contexto não a associei ao secundário. Tem toda a razão, fui sua aluna.
E acrescentei, com toda a sinceridade, que a professora estava exatamente igual desde há dezasseis ou dezassete anos atrás. Conversámos um pouco, perguntou-me pelo meu percurso profissional, falámos da minha vida pessoal, da gravidez, etc, até que, a dada altura, comentei com ela:
- Professora, estava agora a pensar e julgo que a última vez que trabalhei com disquetes foi nas suas aulas.
- Disquetes...?
- Sim, e a última vez que trabalhei com o MS-DOS.
- Oh... ainda é desse tempo?
- Sim...
- Ai que agora fez-me sentir tão velha.
- Oh professora, não diga isso, se não, também me sinto velha...!
O que é certo é que, de repente, no meio de uma multidão de adultos e até crianças com iPhones e iPads com internet e wifi, fomos transportadas para esses longínquos anos 90, em que, se queríamos ligar-nos à internet, tínhamos que esperar, pois o modem demorava minutos a ligar e fazia imenso barulho - piiiii piiiii piiiiiiiiii. Fomos transportadas para esse tempo em que uma disquete servia apenas para guardar documentos em Word, PowerPoint ou Paint, em que uma música demorava dias a "sacar", em que as conversas se tinham no mIRC e em que cada página da internet demorava segundos a carregar. Esse tempo do MS-DOS, do C-dois-pontos-parágrafo.
Sim, sou desse tempo. E dei por mim a lembrá-lo cheia de nostalgia, como se lembrarão os nossos pais e avós do momento em que viram a primeira televisão a cores, o primeiro computador ou o primeiro telemóvel. Nostalgia, não tristeza ou saudades, porque felizmente sou do tempo em que tenho a certeza que sou mais feliz agora que aquilo que era nesse tempo que passou.
Obrigado por me fazeres sentir ainda mais velho. Eu sou do tempo das cassetes nos computadores. Agora haja alguém aqui abaixo que diga que é do tempo dos cartões perfurados.
ResponderEliminarOh, mas esse tempo até era giro! Aquela espera pelo conhecimento, aquelas páginas a abrir devagar... o dinheirão que se pagava por uma hora de net... Tudo isso tornava tudo muito mais precioso! Aquilo é que eram tempos. (not)
ResponderEliminarPara não falar das cassetes regraváveis. Eu tinha umas que eram regravadas tantas vezes que se via o filme antigo atrás do que estava gravado. E os cds gravados da rádio, aquilo é que era qualidade de som. E pensar que vibrava a ouvir aquelas cassetes... É guardá-las todas para vender daqui a 20 anos. :D
Tchiiii... como é que me fui esquecer das disquetes no meu post?
ResponderEliminarEu tb sou desse tempo! Do que me fizeste recordar! :)
ResponderEliminar