quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Mini me

A Constança tem crescido a olhos (e ouvidos) vistos. Às vezes, chega a ser assustador a forma como, no espaço de um dia para o outro, aprende mais palavras, interage mais e até a forma como aumenta a destreza física e mental.

Há dias, este crescimento tornou-se especialmente notório por toda a sucessão de momentos interativos que tivemos as duas. Estava eu na cozinha a aquecer-lhe a sopa para o jantar, cheguei à sala e estava ela sentada à mesa, à minha espera. Tinha, não só puxado a cadeira para trás, mas subido sozinha para uma cadeira das nossas, as "normais", e tinha já colocado um guardanapo à frente dela, como nós fazemos. Tentei não me desmanchar a rir, perante aquele cenário, e coloquei-a na cadeirinha dela. A seguir, pediu-me "ácnee" (que é a forma tosca que tem de dizer "água" - sim, ninguém quer borbulhas na cara, muito menos um bebé!!), a apontar para o meu copo, e bebeu como um adulto. Dei-lhe a sopa. A meio, vi-a limpar a boca ao guardanapo, nitidamente a imitar-nos. O meu telemóvel tocou - "avô?", perguntou-me - e atendi. Era mesmo. O avô e a avó. Disse-lhes que estava a dar o jantar e que já ligava de volta. Quando estava a dizer "até já", reparei que estava a ser imitada. "Téee jáaa!!", ouvi-a a dizer também, ao meu lado. Continuei a dar-lhe o jantar: posta de salmão grelhada com arroz. Parei um segundo, para me encostar melhor na cadeira e, quando voltei a procurar a colher, já ela estava a comer sozinha, muito direitinha e a encostar-se melhor também, como eu tinha feito. No fim, fomos para o tapete brincar com uns Legos. A dada altura, o meu telemóvel recebeu uma mensagem qualquer e foi vê-la a correr buscá-lo. "Ohh!! Tiiiim", disse-me, enquanto mo dava. "Papá?", perguntou-me. Era mesmo. Mensagem do pai. Raio da miúda.

A seguir, fui à casa-de-banho, mas sempre seguida por ela. "Xixi?", perguntou-me, muito atenta. Acertou outra vez. Entretanto, vi-a a tentar pegar na escova dos dentes dela. "Queres lavar os dentes?".  Respondeu-me por mímica, com os dedos a massajarem os próprios dentes. Pareceu-me que era uma resposta afirmativa. Lá lhe lavei a dúzia de dentes que tem, enquanto me apontava a pasta dos dentes, para por mais. Deve ser docinha. Malandra... Quando acabámos, pegou na escova do cabelo e começou a tentar pentear-se. A seguir, trouxe-me o creme da cara dela. Estava a começar a assustar-me aquele novo modo adulto.
- Bebé, não queres ir dormir?
- Numqué!!
- Tens que dormir... Então queres o quê?
- Leitim!!
- Queres leitinho?
- Leitim!! Leitim!! E coelhim!
Nisto, olhei, e estava ela já em frente à cama dela, com o coelhinho na mão. "Leitim?"

Obedeci prontamente. Deitei-a. Fui buscar o biberão com leite. E dei-lhe."óiáda!!, que é uma espécie de "obrigada". Apaguei a luz e saí do quarto. Uma mini me. Já não tenho uma bebé, tenho uma mini me.

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