segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O nosso amor morreu

Quando nos casámos, a nossa florista ofereceu-nos três vasos de orquídeas - um para nós e dois para os nossos pais. Os vasos dos nossos pais morreram rapidamente, talvez por não terem a melhor exposição solar. O nosso? Foi aguentando e crescendo, florido e saudável, ano após ano, após ano. Primeiro, era eu que tratava exclusivamente dele. Cheguei a ler sobre orquídeas para ter a certeza que estava a fazer tudo corretamente - a quantidade de água, a exposição solar adequada, a terra, etc. Depois, quando estava fora, era ele que ia regando. Eu dava-lhe instruções e pressionava-o "Olha as orquídeas!! São o símbolo do nosso amor, não podem morrer!!". E aquela pressão algum efeito deve ter tido nele, porque passou a ter um cuidado religioso com as plantas.

Com a mudança de casa, o vaso de orquídeas foi ficando para trás. Eu ia-me lembrando dele - "Está na casa antiga, temos que ir buscá-lo antes que morra! -, mas as palavras de preocupação não se traduziram em atos. E não mexi o rabo para ir lá buscá-lo. A casa antiga foi entretanto palco de obras. Ontem fomos lá buscar algumas coisas que ainda lá estavam. E lembrei-me do nosso símbolo do amor. Procurei, procurei, procurei. Não consegui encontrá-lo. E agora temo que os homens que lá andam a pintar e a arranjar a casa o tenham deitado ao lixo. Hoje vou lá outra vez. Ainda tenho esperança que o vaso tenha sobrevivido, no meio dos "escombros". Afinal, já sobreviveu mais de 3 anos, às vezes mais regado, às vezes um pouco negligenciado. Funcionava quase como uma metáfora... Sim, tenho esperança que esteja vivo!

1 comentário:

  1. Eu tenho alguns vasos com orquídeas já alguns anos, e digo-lhe, nunca as reguei, nunca as troquei de vaso, nunca falei com elas, etc, etc,etc.
    Todos os anos elas florescem cada vez mais bonitas! Tenho a certeza que esse vaso, se não foi destruído, estará em boas condições na mesma.

    www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt

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