terça-feira, 15 de abril de 2014

E a vida quase quase a mudar...

Não sei se passou rápido ou não, porque há semanas que passam a voar e depois há semanas intermináveis. Às vezes parece-me que está quase, quase, mas depois dou por mim a pensar "não, afinal ainda faltam tantas semanas... uiii dá para tanta coisa". Sim, definitivamente não sei dizer se estes nove meses passaram rápido. Será porque estava também absorvida com o trabalho e com a gestão dos poucos tempos livres? Será que foi tanta coisa a acontecer e o tempo sempre a diminuir? Talvez... Mas sei dizer que, de repente, a apenas quatro semanas das 40, estou com uma ansiedade que não me lembro de sentir. Como decidi trabalhar até ao dia "D", começo a questionar tudo, começo a questionar os prazos que tenho, os sítios onde deixo os meus apontamentos, os contactos que vou fazendo... Tenho medo de não poder voltar amanhã e ninguém conseguir completar o meu trabalho, por isso, começo a ficar um bocado dividida: estou ali e, ao mesmo tempo, estou já um mês à frente, noutro lugar. E questiono as minhas decisões do dia-a-dia todas: cortar o cabelo e fazer madeixas esta semana ou para a outra?, fazer a depilação neste fim-de-semana ou no próximo,? colocar já o berço no quarto ou esperar? A somar a isto tudo, de cada vez que vejo alguém que é raro encontrar, dou por mim a pensar que deve ser a última vez que me vê sem ser mãe, e quase me despeço com um "vemo-nos noutra vida".

Sim, decidir trabalhar até ao dia "D" e, ainda por cima, não querer marcar data nenhuma para o parto, é tramado. Não tenho uma data definida para me despedir das pessoas com que trabalho. Não tenho uma data definida para pegar na mala da maternidade e meter-me no carro. Não tenho uma data para fazer a contagem decrescente, despedir-me da vida como a conheço e preparar-me para a aventura que aí vem. Trabalhar até ao último dia pode não ser a melhor solução, admito.

Por isso, pequenina, se me estás a ouvir, vê lá se vais dando ao médico sinais e se vais dando a entender se falta muito para nos conhecermos ou não. Vai-nos dando sinais de alguma forma, ok? Gostava muito de te receber com a pompa e circunstância que mereces, cabelo aprumado, depilação em dia (queres conhecer uma mãe bonita, não queres?), trabalho arrumado, casa limpa e mala da maternidade incluída... Achas que consegues? Vá, vamos ver se nos entendemos bem mesmo sem palavras. Quero muito muito conhecer-te, mas se aguentares estas 4 semaninhas é melhor para as duas. Vá, esta é uma boa forma de mostrares desde já que és obediente e que confias na tua mãe. Estou a contar contigo. ;)

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Anónimo01:23

    Sempre com muito sentido de humor. estes 9 meses como leitora passaram muito rápido. Que tenhas uma boa horinha ;)

    Susana, Porto

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  3. Andei uns tempos sem passar por cá (mea culpa, confesso :-)) e, realmente, o tempo passou a voar. Partilhei da mesma ansiedade e, na verdade, não há grande coisa a fazer. É mesmo a maior obra da nossa vida que está para chegar e não há palavras para descrever tamanha grandiosidade. Que chegue depressa e que corra tudo lindamente! Felicidades!

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  4. Vai correr tudo bem! E quando ela aparecer, acredita que a última coisa em que vais pensar é no trabalho que ficou ou não completo ;) (por mais responsável que sejas)

    www.prontaevestida.com

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  5. Anónimo12:10

    Revejo-me nas tuas palavras, ponto por ponto!!!
    Adorei o texto!!!

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  6. Olá Pippa:) tenho 27 anos e fui mãe pela primeira vez à 5 meses e meio. Está a ser o melhor momento da minha vida. Menino (como eu queria),sossegadinho,um autêntico príncipe,o amor da minha vida. No final da gravidez também sentia essa incerteza diariamente. Ele nasceu num dia calmo,parto normal,tranquilo e dores só as senti aproximadamente uma a duas horas antes de levar epidural. Os primeiros dias em casa são difíceis: horários trocados e definidos em função do pequeno príncipe. É difícil? É. É difícil mudar TUDO num instante,é difícil a habituação à nova rotina. Por mais apetência para a maternidade (e eu tenho muita),a realidade é diferente. A realidade tem cheiro,som e tempo. Mas já dizia o poeta "primeiro estranha-se depois entranha-se". E assim acontece com a nova rotina. Não com o nosso bebé que esse está mais que entranhado na parte mais profunda de nós e jamais de lá sai) felicidades para a entrada na felicidade absoluta

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