quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Sou filhodependente

No próximo fim-de-semana vou ser forçada, por motivos profissionais, a dormir longe da minha bebé. Vou ter que ficar num sítio muito giro, é verdade, e com direito a jantar num restaurante que também promete ser ótimo. Mas já ando tão, mas tão angustiada… Vai ser a primeira vez que vou estar tantas horas longe dela. E não queria ser assim. Queria ser forte e independente. Queria confiar que ela fica bem mesmo sem mim. Queria conseguir divertir-me na mesma, longe dela. Mas tornei-me uma mãe filhodependente. Tornei-me uma mãe que liga hora sim, hora não para casa, para a ama, durante a semana, para saber se ela está bem. “Está bem-disposta? Dormiu? Acha que tem fome? Tirei leite de manhã e guardei no frigorífico, viu? Fez cocó?”. Não haverá muito para dizer, mas a ama vai assentindo e respondendo a tudo, dia após dia. A Cookie não escreveu propriamente uma tese de mestrado durante uma manhã. Não correu uma maratona. Não construiu uma casa de três andares com Legos. Os dias dela resumem-se, basicamente, a dormir, descobrir as mãos, mudas de fraldas, tomar leite, babar-se, meter os dedos à boca, rir, chorar, balbuciar uns sons, descobrir novamente as mãos, tocar nos pés (a nova brincadeira), puxar cabelos ou meter coisas à boca como se fosse comer o mundo todo em dois minutos. No entanto, fico maravilhada sempre que oiço um “Sim, está bem-disposta.” Ou “sim, já lhe mudei a fralda novamente”. A minha filha tem a vida mais desinteressante que pode existir. Tem quatro meses de vida, não se pode exigir mais, certo? E, no entanto, não consigo deixar de me deslumbrar de cada vez que, ao chegar a casa, a vejo olhar para as mãos, mais uma vez. Não consigo deixar de me deslumbrar de cada vez que oiço um “rrrrrrrruuuu!!” ou “áaaah” ou “brrrrrr!!”. Não consigo deixar de me deslumbrar quando a oiço dar gargalhadas. Gargalhadas de bebé, esse som feito por anjos. Sim, neste momento, trocava qualquer jantar no melhor restaurante do mundo, trocava qualquer noite no melhor hotel do mundo, só para poder ficar a vê-la. Mais uma vez. E mais uma vez. Sou filhodependente. É oficial.

4 comentários:

  1. Como te entendo. A primeira vez que tive de dormir longe de Baby Caco também foi uma angústia pegada que ainda piorou depois, quando soube que ele se fartou de chorar. Desde aí (ele deveria ter 1 ano aproximadamente) ainda não precisei voltar a fazê-lo, mas acho que hoje (aos 20 meses) me iria custar da mesma maneira.:-)

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  2. ah fofuxa! acho que vou ser como tu :) os bebés são o melhor do mundo, principalmente quando são nossos!

    coisasquetaiseafins.blogspot.pt

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  3. E há lá droga melhor?
    Eu não tenho filhos mas aprendi muito sobre a teoria desse amor com uma discussão que houve com ponto de partida lá no blog:

    Amor de mãe VS Amor de Mulher
    http://daspalavras.blogs.sapo.pt/amor-de-mae-vs-amor-de-mulher-23237

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