sábado, 2 de agosto de 2014

A criança e o mar

Chega hoje ao fim a semana da praxe por terras algarvias - mais especificamente por Vilamoura. É assim há já muitos anos: em finais de jullho rumamos para sul e ficamos por cá uma semana ou duas em família. Foi, aliás, aqui que o conheci, há onze anos atrás, os dois jovens e inconscientes (ainda nem acredito que já passou tanto tempo, estamos os dois a ficar velhos). Nessa altura nunca  adivinharia que iríamos acabar juntos, era 2003 e só queríamos praia e festas com os amigos. E enquanto escrevo isto dou por mim a sentir-me uma mera narradora da vida de alguém, custa a acreditar que essa jovem que dormia três ou quatro horas por noite para aproveitar dia e noite era eu. Adorei esses tempos, mas o mais engraçado é que não tenho saudades nenhumas. Vivi-os ao máximo. Quando era suposto viver. Já não conseguia repetir a incerteza de ser adolescente ou ter vinte e poucos. A insegurança. A timidez. A indefinição do futuro. E gosto deste novo Algarve mais tranquilo. Da praia vivida de manhã, ou pelo menos antes do almoço. Sem grandes pressas ou pressão auto-imposta para aproveitar cada dia de férias ao máximo. Gosto das conversas. Gosto desta sensação de coração cheio. Desta segurança no dia de amanhã. Gosto de me sentir completa e não à procura de nada. Gosto de acordar logo com vontade de sorrir só de olhar para o lado. De adormecer feliz. Gosto desta mãozinha que espreita junto a mim, por entre as grades do berço, e que toco de mansinho. Gosto de acordar e vê-lo já acordado também, embevecido a sorrir para o berço e para mim. Vilamoura já não são os bares ao pé do Patacas, as discotecas e a praia da Falésia, Setor 4. Vilamoura agora é também a piscina do aldeamento, as praias mais desertas que vamos descobrindo, são as esplanadas junto ao mar, são os passeios durante o dia, são estes mini pezinhos que vi pela primeira vez a tocarem a areia... Descobri um novo Algarve e a verdade é que até gosto mais...

Agora? Agora siga subir a costa. Primeiro, passar na Comporta, onde o arroz de lingueirão espera por mim. E depois Évora, onde só conheço praticamente o Convento do Espinheiro, local mágico em que se casaram uns amigos nossos há dois anos. Sugestões de sítios para visitar aceitam-se! 
E como hoje acordei generosa até mostro uma fotografia minha com cara e tudo, em plena praia, a aproveitar o facto de o areal estar quase vazio e podermos andar à vontade. Sim, posso já andar com uma criança nos braços, mas ainda não conseguiram tirar a outra criança, a que existe ainda em mim, passem os anos que passarem...

1 comentário: