terça-feira, 26 de maio de 2015

O amor está nas pequenas coisas

Há uma tirada clássica nos romances ao estilo Nicholas Sparks. Ambos olham para o céu e, entre as juras de amor que trocam, ele aponta lá para cima, para o caos de estrelas, e oferece-lhe uma.
- Vês aquela estrela? É tua. Sempre que olhares para lá saberás que estou a olhar para ti também.
E isto seria, de facto, extremamente poético e profundo se não fosse só parvo. Mas alguém, que não um astrónomo ou um aspirante a Carl Sagan, decora onde está determinada estrela? Mas alguém pode dar uma estrela que nem sequer é dele, não é de ninguém? E que história é essa de olhar para lá e isso significar que estão a olhar para nós também? A sério? A estrela notifica a outra parte sempre que olharmos? Ah, e se a estrela amanhã morrer? O que acontece a todas as juras de amor, transferem-se para uma estrela mais jovem? Isto é só parvo, a sério...

Há várias tiradas clássicas que, bem analisadas, não significam nada. Como o "és a mulher mais bonita do mundo". Já alguém viu todas as mulheres do mundo para poder tirar esta conclusão? Ou o "nunca ninguém vai gostar tanto de ti como eu gosto". Mas podem fazer-se concursos de amor? E como seriam as provas? Não faz sentido. Estas frases e tantas outras. Como um "estou apaixonado por ti" dito apenas ao fim de dois dias de paixão. Não podem ser ditas. Simplesmente não fazem sentido. Por isso, há dias, quando alguém comentou comigo que abria o Facebook ao longo do dia só para ver a fotografia de alguém e para ver se ela estava online também (mas sem lhe dirigir palavra!), numa sintonia/platonismo dos tempos modernos, fiquei enternecida. Qual estrelas qual quê? Há quem ofereça gestos tão simples mesmo sem nada fazer... Há quem dê silêncios tão cheios de saudades mesmo sem palavras... E silêncios cheios de saudades valem mais que todas as estrelas e outras promessas vãs. Porque pelo menos são mais sentidos. E não sei quanto a vocês, mas eu acredito que seria capaz de trocar todos os diamantes do mundo por um simples "estou apaixonado por ti" que durasse para a vida. (Mas pronto, se puder conciliar ambos também não me importo nada!) O amor demonstra-se (quase) sempre da forma mais simples. Às vezes até num silêncio (como no exemplo extremo que dei)! Mas na maioria das vezes, o amor demonstra-se sem se demonstrar: temos a certeza que ele existe, porque está presente em todas as pequenas coisas que nos rodeiam.

3 comentários:

  1. Já para não dizer que as estrelas que vemos já morreram há milhares de anos, só que a luz só noc chega agora...mas o amor também está nas piroseiras e exageros. E sim , nos detalhes: http://www.mariadaspalavras.com/tag/o+amor+est%C3%A1+nos+detalhes

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  2. Joana12:49

    E o resto da história de Cabo Verde?

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  3. Eu também faço isso no Facebook, mas já não estou com a pessoa.... :-( Quem te disse isso estava na mesma situação? É que assim não me sinto tão rídicula... Beijinhos.!! Gosto muito do teu blog!

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