Onde é que podemos ser nós no meio dos dias a dois, a três, a quatro, entre os dias que se atropelam, onde é que podemos ser nós no meio dos horários, dos prazos e das obrigações? Não sei onde está esse lugar, mas gostava muito de o encontrar outra vez, de vez em quando. Não sei se querer ser eu é, simplesmente, um exercício de narcisismo, um exercício egoísta e infantil, mas sinto que o meu equilíbrio passa por aí, por conseguir conciliar a vida do dia-a-dia com o ter tempo só para ser "eu", com as minhas tais considerações, opiniões, sonhos, piadas, dramas ou desvarios. Ontem estivemos numa festa e a Constança foi connosco. Queria ter uma conversa com princípio, meio e fim, mas não deu. Passei a festa a correr atrás dela, a brincar com ela, a falar sobre ela, a pegar nela e a alimentá-la. Não tive tempo para conversar 5 minutos seguidos nem que fosse sobre o facto de estar chuva ou vento. E isto deixa-me com uma sensação de algum vazio, como se o sermos "nós, família", com tarefas e afazeres me engolisse e me perdesse algures. Sei que nem todos os dias são assim, mas às vezes há um dia destes que nos deixa mais cansados e frustrados e com vontade de nos queixarmos. Faz parte do processo, não faz?
Nota: Gostava de saber escrever bem, ao ponto de conseguir tornar este desabafo um texto poético, bonito, melancólico e profundo, mas saiu assim: um desabafo tosco e desajeitado. Só que nem vou apagar: percebi que este desabafo tosco e desajeitado era, afinal, tudo o que precisava. Hoje, este texto foi o lugar em que me encontrei e fui "eu", só sujeito sem predicado.
Penso que é frequente. Eu também senti isso... o conceito de "eu" perde-se no conceito de família. Parece que é engolido ;) E ir a eventos sociais com crianças pequenas, esquece... Eheh. Missão impossível!
ResponderEliminarTb sinto isso...descobri que a soluçao é deixar a criança com alguem e ir tomar um cafe com as amigas, só nós. Uma lufada de ar fresco :)
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