Até que… subitamente, algo aconteceu. Como a minha avó teve o AVC, decidiu-se não fazer “o” Natal como era costume, para não a sobrecarregar. De repente, senti-me perdida. “Então como vai ser a Véspera?”. Sim, porque o Dia era sempre com a minha família paterna, mas o verdadeiro Natal para mim era a Véspera, era essa que me enchia as medidas. E foi aí que se fez luz: “passamos juntos o Natal, certo?”, perguntou-me ele. “Os teus pais podiam vir também”. De repente, tudo fez sentido. Perdi um Natal, mas ganhei outro. Perdi uma lareira, umas paredes de pedra, umas escadas, mas mantive os inúmeros primos (ganhei novos), os tios (ganhei novos), a comida até perder de vista, as piadas, as conversas, os risos, a juventude, os presentes sempre com grandes explicações associadas e sempre a mesma reação “dá muito jeito!!”. Perdi em parte o Natal, mas a Véspera continuou cheia de cor, cheia de alegria, cheia de amor. E gosto de ver que, em certa medida, ganhei uma família muito muito parecida com a minha. Quanto ao dia, continua tudo igual, e é passado junto do modo de sempre. De qualquer maneira, a todos aqueles que andam aterrorizados, como eu estava, com a perspetiva de perderem o “vosso” Natal, ao ter que o partilhar: tenham calma. Muito calma. Tudo pode correr bem. E podem sempre pensar que estão, não a subtrair afetos, mas a somar uma família à vossa. E no Natal nunca há gente a mais, certo? No Natal, como negar uma família que afinal até se soma à que já tínhamos?
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Natal a dois - quando pensar nisto parecia um pesadelo
Quando era (mais) jovem, tinha para mim que o pior de me tornar a adulta era a perspetiva de, um dia - numa realidade que desejava muito longínqua -, ter que abdicar da minha família no Natal e ter que passar com a família dele. Ok, sei que há coisas piores, mas eu só me concentrava nisso, não sei porquê. E os anos foram passando até que comecei a ter amigas que, mesmo sem estarem casadas, começavam a dar esse passo... Comecei a ficar assustada, Muito. E a temer que esse dia chegasse também para mim. É que a Véspera de Natal eram os meus pais, era a minha irmã, era a minha avó (desde que, infelizmente, o meu avô morreu), eram os meus inúmeros primos, tios, era aquela sala, era aquela lareira, era aquele cheiro tão característico que se entranhava nas roupas e nos cabelos e não saía durante dias, por muito que se lavasse, eram aquelas escadas, eram aquelas paredes de pedra, era aquela comida naquela mesa sem fim, era aquela árvore de Natal sempre surpreendentemente original, era aquele compasso de espera até à meia-noite, era o coração a ficar apertado, era o Pai Natal a abrir a porta, eram os seus passos cada vez mais próximos, era o seu “Ho Ho Ho!”, era vê-lo finalmente a descer as escadas, eram aqueles momentos a conversar com ele, eram os momentos da entrega dos presentes, era o experimentar todos os presentes depois, era a alegria da família junta, era a música, era a conversa entre todos. A véspera de Natal era tudo aquilo e não me via a abrir mão disso por ninguém. Cheguei a comentar isto com a minha mãe, que, mesmo muito sensata, por pouco não me deu um puxão de orelhas. “Vocês são um casal. São uma família. Têm que encontrar a vossa própria forma de viver o Natal. E têm que vivê-lo juntos. Olha quando tiverem filhos… Vão separar-se na mesma? Não pode ser, filha…”. Só que eu continuava com aquela nuvem negra a pairar sob mim: não me via sem o meu Natal. Não me via sem “aquele” Natal, por mais que adorasse a família dele também.
Até que… subitamente, algo aconteceu. Como a minha avó teve o AVC, decidiu-se não fazer “o” Natal como era costume, para não a sobrecarregar. De repente, senti-me perdida. “Então como vai ser a Véspera?”. Sim, porque o Dia era sempre com a minha família paterna, mas o verdadeiro Natal para mim era a Véspera, era essa que me enchia as medidas. E foi aí que se fez luz: “passamos juntos o Natal, certo?”, perguntou-me ele. “Os teus pais podiam vir também”. De repente, tudo fez sentido. Perdi um Natal, mas ganhei outro. Perdi uma lareira, umas paredes de pedra, umas escadas, mas mantive os inúmeros primos (ganhei novos), os tios (ganhei novos), a comida até perder de vista, as piadas, as conversas, os risos, a juventude, os presentes sempre com grandes explicações associadas e sempre a mesma reação “dá muito jeito!!”. Perdi em parte o Natal, mas a Véspera continuou cheia de cor, cheia de alegria, cheia de amor. E gosto de ver que, em certa medida, ganhei uma família muito muito parecida com a minha. Quanto ao dia, continua tudo igual, e é passado junto do modo de sempre. De qualquer maneira, a todos aqueles que andam aterrorizados, como eu estava, com a perspetiva de perderem o “vosso” Natal, ao ter que o partilhar: tenham calma. Muito calma. Tudo pode correr bem. E podem sempre pensar que estão, não a subtrair afetos, mas a somar uma família à vossa. E no Natal nunca há gente a mais, certo? No Natal, como negar uma família que afinal até se soma à que já tínhamos?
Até que… subitamente, algo aconteceu. Como a minha avó teve o AVC, decidiu-se não fazer “o” Natal como era costume, para não a sobrecarregar. De repente, senti-me perdida. “Então como vai ser a Véspera?”. Sim, porque o Dia era sempre com a minha família paterna, mas o verdadeiro Natal para mim era a Véspera, era essa que me enchia as medidas. E foi aí que se fez luz: “passamos juntos o Natal, certo?”, perguntou-me ele. “Os teus pais podiam vir também”. De repente, tudo fez sentido. Perdi um Natal, mas ganhei outro. Perdi uma lareira, umas paredes de pedra, umas escadas, mas mantive os inúmeros primos (ganhei novos), os tios (ganhei novos), a comida até perder de vista, as piadas, as conversas, os risos, a juventude, os presentes sempre com grandes explicações associadas e sempre a mesma reação “dá muito jeito!!”. Perdi em parte o Natal, mas a Véspera continuou cheia de cor, cheia de alegria, cheia de amor. E gosto de ver que, em certa medida, ganhei uma família muito muito parecida com a minha. Quanto ao dia, continua tudo igual, e é passado junto do modo de sempre. De qualquer maneira, a todos aqueles que andam aterrorizados, como eu estava, com a perspetiva de perderem o “vosso” Natal, ao ter que o partilhar: tenham calma. Muito calma. Tudo pode correr bem. E podem sempre pensar que estão, não a subtrair afetos, mas a somar uma família à vossa. E no Natal nunca há gente a mais, certo? No Natal, como negar uma família que afinal até se soma à que já tínhamos?
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Ai o que foste tu falar, Pippa. Os meus pais separaram-se na mesma altura em que me juntei. Além de perder o meu Natal, passei a ter de estar também com a família dele na véspera ou no dia 25. Por muito que gosta da família dele custa-me muito mesmo abdicar da presença dos meus pais, mesmo que em separado. Invariavelmente, acabo sempre com uma grande tristeza nesse dia. Ainda faltam uns dias e já tenho aquele nó na garganta :/
ResponderEliminarSe calhar também tenho de olhar para a coisa como tu e pensar que ganhei um novo Natal...mas é difícil.
Beijinho
Ai como eu te entendo.... namoramos ha muitos (mesmo muitos) anos, e na noite de Natal cada um fica na sua casa! Adorava passar o Natal com ele, mas parte-me o coracao deixar de ter o meu Natal de sempre. Ainda nao sei quando vamos tomar uma atitude e mudar isto.
ResponderEliminarBeijinho e feliz Natal :)
A tua história podia ser a minha! Também morria de medo do dia em que tivesse de abdicar da consoada com a minha familia, mas quando o fiz, correu tudo lindamente e adoptei novas tradições, novos costumes que somei aos meus. Já lá vão 3 anos e já não sinto aquele nó na garganta como na primeira vez:)
ResponderEliminarAdorei a história! E são estes momentos que nos enchem o coração:)
ResponderEliminarEste é o último Natal que passamos separados, e tenho pena que ainda estejamos separados este ano nesta data. O próximo será muito especial, esse já será na nossa casa, com as nossas famílias reunidas, pela primeira vez!
ResponderEliminarBeijinhos e boas festas Pippa :)
(Estou à tua espera ;))
Pippa, namoro há muitos anos e penso muito nisso nesta altura do ano!obrigada por expores a situação de forma tão clara!parece q me saiu um problema de cima dos ombros!é isso mesmo, ganham-se mais pessoas na nossa vida! Obrigada :) Feliz Natal
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