Tenho pensado nos meus pais e no exemplo deles, e questiono-me se algum dia construirei tanto como eles construíram. Questiono-me se algum dia terei dinheiro para me tornar proprietária de uma bonita casa para os meus filhos crescerem. Questiono-me se algum dia poderei dar-lhes a oportunidade de estudar em boas escolas, se algum dia poderei inscrevê-los numa Academia de Música, num desporto, em explicações. Os meus pais sempre investiram ao máximo na minha educação e da minha irmã, sem pestanejar. Não nos davam prendas se tínhamos uma grande nota, mas não questionavam se pedíamos para ter aulas de piano. E depois afinal guitarra. E depois instituto de inglês. E que tal francês? E alemão. Francês. E agora quero nadar. E também quero ter aulas de ténis. Tudo o que fosse aulas, tinha um “sim” garantido, mas agora pergunto-me como. Como é que conseguimos viver a vida, pagar um teto, um carro, viajar, conhecer novos restaurantes, vestir roupas de boas marcas e ainda ter para a educação dos filhos? Digam-me a verdade: temos que abdicar das jantaradas, algumas viagens e algumas marcas, não é? E assim, pela primeira vez na vida, começo a admirar quem, qual formiguinha silenciosa, prepara a marmita com o almoço de véspera, poupando, assim, uns bons €300 por mês em restaurantes. Começo a admirar quem se vira para a cozinha, adora preparar o jantar e abdica de jantar fora. Começo a admirar quem consegue poupar na comida, nas viagens, nas boas marcas “porque sim” e, aos poucos, vai criando um valente pé de meia.
Eu sou da geração dos estados partilhados nas redes sociais ao estilo “Maria está no Spa XPTO”. Sou da geração das viagens lowcost, em que andar de avião “não custa nada!” (pois, custa “só” o hotel e a alimentação no destino). Sou da geração Time Out, em que quem não conhece o novo bar, o novo restaurante ou o novo cafezinho está… pois, o nome já diz tudo… “out”! Sou da geração dos mil euros, em que todos nos queixamos de falta de dinheiro, mas a verdade é que também gostamos de o gastar bem. E sempre gostei de ser desta geração. Exceto quando me dão estes acessos de poupança e de peso na consciência. Sim, se puder pedir já um desejo para 2014 (Será muito cedo ainda?) é aprender a ser mais formiguinha e deixar um pouco a vida de cigarra. As formigas também podem ser felizes, não podem??
eu sou da geração do spa, dos restaurantes e afins, mas a vida faz-me fazer os jantares todos os dias e preparar a marmita.
ResponderEliminarufff... acho que agora disseste tudo.
ResponderEliminare acho que vais encontrar o teu ponto de equilíbrio.
300€ em almoços por mês? Mas tu almoças quantas vezes por dia?
ResponderEliminarAi como eu te percebo...Também tenho esse peso na consciência sempre que gasto dinheiro em coisas "fúteis"...
ResponderEliminarCaramba isso é mesmo muito dinheiro em almoços!
ResponderEliminarTu almoças caro oh moça. Eu gasto cerca de €200 por mês em almoços.
ResponderEliminarEu gosto de jantar fora, de viajar, de comprar roupa, mas tento ser comedida em tudo. Gosto tambem de poupar, ter reservas. Nao sei quando posso ficar desempregada/doente, etc. O melhor equilibrio que encontrei foi fazer escolhas. No outro dia comentava com uma amiga como me custa ter de abdicar de um dia do fim-de-semana para limpar a casa, mas uma empregada custa no minimo 120.00 por mes (isto se for 1 vez por semana so umas horas). E com esses 120 posso poupar para as minhas viagens e para o meu fundo de reserva. Se me apetece ir jantar fora todas as semanas? Apetece, mas nao vou. Se me apetece preparar o almoco todos os dias a noite? Nao! Mas depois sabe-me bem ter ido a China 3 semanas, ir a Berlim, Veneza e Paris tudo no mesmo ano, e ainda ter consegiuido juntar algum. Practicamente nao saio a noite (o que e mesmo muito caro) e nao compro quase roupa de marca. Acho que temos de perceber o que e mais importante para nos e dar prioridade a isso quando decidimos onde gastar o €.
ResponderEliminarAna
Eu sou mais formiga do que cigarra. A formiga também consegue ser feliz. Sabes quando eu e o meu marido ganhávamos bem poupamos a pensar nos dias duros que poderiam vir. Infelizmente esses dias chegaram e estamos ambos desempregados. Eu já não recebo dinheiro nenhum e ele ganha uns miseros 420€. Temos apartamento e despesas para pagar e duas filhas lindas. Dou graças ao dinheiro que juntamos porque assim ainda não passamos necessidades. Penso que esta situação não durará para sempre, mas pelo menos sei que tenho dinheiro para mais uns 2 anos. Boas poupanças.
ResponderEliminarTambém todos os dias faço uma pergunta parecida...mas ligeiramente diferente: "como é que algumas pessoas têm dinheiro para gastar nestas coisas todas? Em que trabalham? Terão pais ricos?".
ResponderEliminarPara mim o mais triste é eu não gastar dinheiro quase nenhum nessas coisas e mesmo assim ele não sobrar (nem se traduzir em poupança substanciais)... trago marmita para o trabalho, não compro roupas/sapatos/acessórios de marca, vou de transportes públicos para poupar combustível, o meu carro é velhinho e comprei-o a pronto por míseros € e não tenho cartão de crédito (nunca comprei nada a crédito) e não moramos num palacete. Até perfumes... o meu marido já sabe que é o que peço para receber nos anos. O nosso único 'luxo' será jantarmos fora algumas vezes mas nunca em sítios muito caros e ir ao cinema. E não, não viajamos muito (para não dizer, quase nada) e não temos uma casa decorada com coisas lindas como se vê nas revistas.
Eu não considero que tenha inveja dos outros, porque cada um gere o seu dinheiro da forma que bem entende e cada um tem as oportunidades que a vida lhes dá, mas custa-me ter começado a trabalhar tão cedo para suportar despesas com a minha educação desde a licenciatura (e que não se ficou por aí) e não poder levar uma vida mais 'descontraída' e não poder deixar de pensar no que poderei dar ao meu filho, quando me decidir tê-lo (e sim, o dinheiro é um factor que pesa).
E não, não compreendo como é que há famílias em que os filhos não precisam de trabalhar para estudar (fora essas 'aulas' todas extra que nunca fizeram parte da minha vida), se vestem com roupas xpto (algumas que sei que chegam aos 3 dígitos), têm smartphones, tablets e outros gadgets e passam férias todos juntos, no Algarve ou no estrangeiro. Deve ser bom... ao menos o que não tenho em dinheiro tenho em amor e dou graças por ter emprego para já... :)
caramba, este comentário podia muito bem ter sido escrito por mim! como lhe compreendo anónimo...
EliminarSubscrevo totalmente!
EliminarPrefiro fazer vida de "pobre" e ter algumas poupanças do que andar a "mostrar" riqueza onde ela não existe. Nunca tive cartão de crédito. Trago de manhã para o trabalho: lanche, garrafa de chá, almoço e lanche para as minhas filhas quando saem da escolinha com fome. Mas quando precisamos de dentistas, médico, medicamentos, comida, etc não posso poupar nos bens prioritários. É tudo uma questão de prioridade.
ResponderEliminarAh como te compreendo! mas acho que tudo tem conta e medida, podes ser uma cigarrinha low-cost como eu, que aproveito promoções em hoteis, sites de moda e spas, e lá vou eu toda contente. Claro que não é tanto como gostaria mas.....admito que quero e gosto de ter um pé de meia, dá me um certo conforto "se acontecer alguma coisa" como diz a minha mãe. E também admito que com estes cortes todos, a cigarra que há em mim morreu um bocadinho....principalmente na parte dos jantares fora (com muita pena minha).
ResponderEliminarBeijinhos princess ;)
coisasquetaiseafins.blogspot.pt