quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Bipolaridades

Garanto-vos que não sou bipolar. Mas a verdade é que, ultimamente, me ando a sentir um bocado aos altos e baixos. Tanto ando eufórica e otimista, como me deixo levar pelos episódios menos felizes. A morte da Malti também não contribuiu para a alegria constante, eu sei e repito-o para mim mesma, para me sentir mais "normal". E a tristeza também que ser vivida com a calma necessária, para não deixar marcas, repito igualmente para mim mesma. A verdade é que andei durante uma semana a tentar sorrir e aproveitar as férias, a tentar ver o lado positivo de tudo, e a seguir tinha um telefonema da veterinária com más notícias que me tirava praticamente o chão debaixo de mim. Chorei muito. Desesperei muito. Era só um cão, dirão alguns. Pois era, era só um cão, mas foi também a minha primeira, a minha única, a minha fiel cadelinha que adorava e levava para todo o lado. E custa sempre separarmo-nos daqueles (mesmo que tenham quatro patas) que gostamos. Depois desse dia, tenho tentado "auto-animar-me". Olhar outra vez para o lado bom de tudo. Costumo ser boa nesse jogo. Correção: costumo ser muito boa (posso deixar as modéstias para o lado, certo?). Mas costumava ser algo muito muito natural em mim, que fazia sem esforço. Este exercício de tentar estar eufórica e otimista é difícil. É mais difícil quando - lá está - até então era natural e fazíamos sem pensar.

Garanto-vos que não sou bipolar. Mas, enquanto escrevo este texto, passei dum nó na garganta gigante a um estado de calma e tranquilidade. Às vezes bastam pequenas coisas, como um telefonema, para trazer outra vez um sorriso. Às vezes bastam pequenas coisas para nos reiniciar no tal jogo de sermos otimistas de forma natural.

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