terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Dão-se lições de engate.

Aconteceu-me algo como não me acontecia há muito. Correção: aconteceu-me algo como nunca me tinha acontecido. A história começa com o típico “girl meets boy”, só que aqui o “meet” foi numa viagem de carro de 300 kms com mais gente à mistura, o "boy" era mais um homem com quarenta anos, e a "girl" era eu, que nem queria conhecer ninguém, mas vi o meu espaço de viagem partilhado. Falámos todos algum tempo sobre temas banais, mais para fazer o tempo passar (na minha perspetiva) que pelo interesse que os mesmos temas nos suscitava. Conversas banalíssimas, ao melhor estilo “desbloqueador de conversas em elevador – nível 1”. A meio lá falei em marido, como quem não quer a coisa. Ele falou também na mulher e no filho. Falámos em trabalho. Falámos de temas atuais. Os intervenientes iam-se alterando, pois éramos cinco à conversa. E lá chegámos ao destino. O normal depois daquilo seria nunca mais falarmos e nunca mais nos cruzarmos. Não tínhamos nada em comum, nem sequer a faixa etária (cálculo que ele será mais velho uns dez anos), por isso, despedi-me sem olhar para trás. Só que… passado uns dias, mensagem no Facebook. Era o clássico “chegaste bem?”. Pensei logo de mim para mim que só perguntámos às pessoas próximas se “chegaram bem” a casa. Que nos interessa a forma ou a rapidez com que o resto do mundo chega a casa? Sejamos francos: nada, não interessa nada. Respondi um fugaz “sim, sim, obrigada”. Mas ele queria saber mais. Queria saber se eu estava necessitada de cafeína! “Queres ir tomar café um dia destes?”. Apetecia-me responder “sim, tomo todos os dias café e tenciono continuar a tomar, obrigada pela preocupação”. Optei por dar uma resposta evasiva. Só que ele continuou, no dia seguinte: “gostei muito de te conhecer. E vou ser sincero, senti uma atração muito grande. Não me importava nada de te dar um beijo”. Mau, Maria. Respondi qualquer coisa como: “e eu vou ser sincera: não foi recíproco e prefiro esquecer que se falou nisto”.

Mas fiquei a pensar naquilo. E no que devia realmente ter dito. Quando cheguei a casa e lhe contei, ele ainda se riu por me ver grávida e naquela situação. Só que acho que gostei menos da brincadeira que ele e comecei a matutar naquela abordagem à campeão. Comecei a pensar que devia era responder algo como:
1. Não se engata ninguém assim.
2. Se quiseres engatar alguém no futuro, acalma aí os ânimos e tenta primeiro CONVERSAR com a mulher.
3. Se vires que não está muito para aí virada, não insistas.
4. Deves apenas continuar a abordá-la se fores tendo respostas e ela demonstre algum interesse.
5. As conversas devem ser progressivas e primeiro devem falar de gostos comuns, partilhar sonhos e histórias.
6. Devem estar juntos pelo menos 3 vezes. 
7. Falar logo em beijos é ofensivo para uma mulher, porque geralmente uma mulher gosta de sentir que em primeiro lugar os homens gostam da sua maneira de ser.
8. Nunca, mas nunca fales de beijos se só viste a mulher uma vez e ela não te deu o mínimo sinal de interesse.
9. Após estas lições estarás apto a avançar para o nível iniciado de engate nível 2. Sim, são muitos níveis. E tu nem o nível iniciado de engate tinhas concluído, por isso vai com calma.
10. A seguir a isto, apaga o meu contacto do facebook e vai tentar a sorte com outras enquanto a tua mulher não descobre e não te põe na rua.

Não fiz isto. Não vou gastar as minhas lições de engate com quem não merece. Mas digam-me lá se não é uma triste tentativa de engate? Que é feito dos homens à moda antiga? Ah, e já agora – não menos importante – que é feito dos homens fiéis?

11 comentários:

  1. A última frase é a mais importante! Fidelidade? Para quê?

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  2. "Queria saber se eu estava necessitada de cafeína!" looooooool
    Quanto à resposta que deste, não fiques a pensar nisso. Respondeste bem.

    Quanto à tua última pergunta: imagino que ele já deva ter traído a mulher dele com outra qualquer, já que se fez a ti. O casamento dele não deve ser muito feliz.

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  3. Também acho que respondeste bem, não te martirizes! Há pessoas que vivem bem assim, não há grande explicação.

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  4. Anónimo11:56

    Respondeste bem!!! Não há paciência!!! Deve ter a mania que "papa todas"...

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  5. boa pergunta que e feito dos homens fieis! não sei onde eles andam!
    Respondeste muito bem!

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  6. Really? Vergonha na cara é coisa que não assiste esse senhor! Metem-me nojo..

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  7. Mas quê? Um beijo na boca? Que noijo.

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  8. Devias era botar aí todas as lições, nível a nível, que um tipo está sempre disposto a aprender.
    Isso é que era de valor e podia evitar chatices!

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  9. Adorei o post. Mas não chegou a pensar que seria a mulher dele a utilizar o seu facebook? A minha imaginação levou-me a achar que sim. Podia ser a mulher dele a sondar uma "nova" amiga dele. Pelo sim, pelo não é preciso ter muito cuidado com pessoas comprometidas no chat!

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  10. As redes sociais introduziram toda uma nova dinâmica de sacanagem. É o conforto da proximidade à distância, e pelo tom da abordagem (básica e calona) dá ideia de ser um truque repetido...e deve haver quem alinhe.

    Obviamente, não é um exemplo que define só por si a classe masculina, mas será um espelho de algumas relações de fachada (que neste tipo de jogadas podem até ser fictícias) que subsistem sustentadas em vazio...

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  11. Mas a Pippa defendeu o piropo! Aqui, neste seu espaço! Só lhe agradam piropos de homens desconhecidos? São elogios, segundo disse na altura. Então este senhor dizer que a beijava é pior do que o homem que na rua diz que isto e aquilo? É que são os mesmos, sabe. E não adianta defender que é agradável, e as mulheres gostam, que um desconhecido lhes diga que lhes dava um beijo, e se for um conhecido "ai Jesus, sacanagem..."

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