segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

12 anos de golpadas

Queria escrever sobre filmes, mas ultimamente dou por mim a subjetivizar totalmente todos os temas, por mais objetivos que sejam. Queria escrever sobre cinema e sobre os Óscares, mas permitam-me que acabe a levar este tema.... mais uma vez, até mim. Pois a semana passada fomos ao cinema ver finalmente o "12 anos escravo". As expectativas eram elevadas e o filme esteve sempre à altura. Passei a semana seguinte a relembrar-me de passagens do filme e isso foi a maior prova do quanto o filme me marcou. Hoje foi a vez de "A golpada americana". As expectativas já não eram tão elevadas, mas mesmo assim ficou um pouco aquém. Para além dos desempenhos fenomenais de meia dúzia de atores (que não há como negá-lo - estão brilhantes, principalmente a Amy Adams e a Jennifer Lawrence), a história pareceu-me uma reinterpretação do "Ocean's eleven", mas reduzido a versão "Ocean's three". Mas como dizia, gostei incomparavelmente mais do "12 anos escravo", talvez porque a verdade é que o primeiro filme é também uma história sobre um primeiro grande amor, sobre um homem que encontra forças para aguentar doze anos de trabalhos forçados e humilhação na constante esperança de voltar para os braços da mulher que ama. O segundo filme, para além de todo o argumento em si, acaba por ser um filme sobre histórias de amor que chegaram ao fim há demasiado tempo e que deram lugar a situações de dualidade. Sei que nenhum destes pontos é o ponto fulcral em nenhum dos filmes, as histórias desenrolam-se muito muito para além disto. Mas não consigo evitar: os filmes com amores arrebatadores mexem sempre mais comigo e conseguem sempre inspirar-me mais. E entre um filme sobre um amor que aguenta doze anos de distância e privações e outro que aguenta anos sem sinceridade, nem hesito em escolher o primeiro, sem mais.

E porque é que afinal esta crítica de cinema é sobre mim? Porque ao ver um e outro filme, não consegui deixar de pensar no meu próprio exemplo: o trabalho também me tem afastado do meu amor. Não sou escrava, nem fui forçada a estar assim. Mas todos os filmes que me transmitam esperança num futuro melhor, em que todo o sacrifício compense, têm a minha atenção a 100%. E, aos domingos, estas mensagens são particularmente especiais para mim. Não fui forçada a estar assim, mas virei costas a uma vida mais confortável pelo trabalho, por querer mais para mim, por querer aprender e crescer mais profissionalmente. E rezo todos os dias para que, um dia, finalmente um dia, tudo isto compense. Pensei que nunca mais ia estar assim e custa muito estar longe depois de tanto tempo a viver uma vida a dois. Sinto-me uma escrava do trabalho vítima da golpada da economia. E, por isso, mesmo a querer escrever sobre os filmes de forma desapaixonada, não consegui evitar acabar a falar apenas sobre mim. E sobre a esperança que tenho de ver a minha "escravidão" acabar um dia e também eu voltar para os braços de quem mais amo.

Bem... Eu avisei que ia falar sobre mim outra vez. ;)

4 comentários:

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  3. Tudo vale a pena para melhorar. um dia vais ficar muito orgulhosa por tanta coragem. Força e muito sucesso

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  4. Agora fiquei com curiosidade de ver o filme. Acho que somos todos escravos, do dinheiro, da economia e do trabalho. Espero que compense mesmo.

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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