terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O "debate" do dia

Os meus colegas de trabalho não discutem Casas dos Segredos. Os meus colegas de trabalho não perdem tempo com programas sensacionalistas ou revistas cor-de-rosa. Os meus colegas de trabalho não discutem futebol, não discutem viagens ou roupa. Os meus colegas de trabalho discutem política, história, religião e cinema. E de vez em quando há temas que aquecem, porque nem sempre estão(estamos) todos de acordo. Hoje o tema matinal foi a entrevista do Mário Soares a propósito da morte de Eusébio (tema que já foi discutido aqui ontem).

Para quem não sabe do que se tratou, Mário Soares voltou a ser tema hoje lá no trabalho (e um pouco por todo o lado, não?) por ter dito, nesta entrevista a propósito da morte de Eusébio, que este não era um homem muito culto e que sabia que ele bebia muito whisky logo de manhã e à tarde. Podem ouvir a entrevista e confirmar por vocês mesmos o contexto em que as frases foram ditas. Ora, quando ouvi a entrevista, fiquei chocada. Sinceramente nem fico facilmente chocada com qualquer coisa, mas estas palavras pareceram-me despropositadas e dispensáveis, para não dizer mais. Um dos meus colegas, no entanto, tinha uma posição oposta à minha: para ele, não é por alguém morrer que temos que ser mais contidos nas nossas opiniões. Para ele, seria até falta de respeito adotar um discurso hipócrita perante a morte de alguém. Eu expliquei-lhe que, neste caso, o que foi chocante foi esta opinião relativamente ao Eusébio ser desconhecida e não se encontrar justificada por nenhum conflito que tenha existido entre os dois. Para mim, uma coisa era ambos se terem defrontado ao longo da vida e já terem divergências conhecidas. Outra coisa é nunca se ter ouvido insinuações deste calibre (alcoolismo) partilhadas pelo Mário Soares e este tipo de críticas (falta de cultura) até ao dia da morte de Eusébio. Parece-me que seria boa educação conter as palavras e pensar na família e nos fãs. A verdade é que até podia não gostar do homem, mas todo o discurso me pareceu extremamente deselegante. Eusébio foi um jogador inigualável. Gostando-se ou não da personalidade, parece-me que críticas tão negativas não deveriam ter sido guardadas para esta altura mais delicada. E nem se trata de hipocrisia, mas sim de educação!

E vocês, concordam comigo? Ou têm a mesma opinião do meu colega e acham que se pode sempre emitir as nossas opiniões, independentemente da ocasião?

20 comentários:

  1. Acho que a questão aqui não é dependente da altura em que se dá a opinião mas sim na forma como ela é transmitida. E sim, eu sou daquelas pessoas que defendo que quando a pessoa morre não passa a ser um santo. O falecimento de alguém é sempre um perda e por isso um facto a lamentar, agora não me apanham a dignificar uma pessoa só porque ela morreu.

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  2. Anna01:14

    Não se trata aqui de glorificar o "inglorificável" na vida de alguém ou de falar bem só porque sim. Acho simplesmente que nestas situações de falecimentos se deve aplicar a velha máxima: "If you don't have anything nice to say, don't say anything", é tão simples quanto isto..

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    1. Anónimo12:04

      exactamente o meu ponto de vista. e principalmente nao diz publicamente caramba.

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  3. Concordo com a Anna. Eu também acho que não é porque uma pessoa morre que temos de nos tornar hipócritas em relação a elas e desdobrarmo-nos em elogios, mas acho absolutamente desnecessário quando se fazem este tipo de críticas - que até poderiam ser apenas observações, não interessa - como as do Mário Soares. Ainda se ele tivesse dito algo que fosse do interesse público, mas estar a chamar-lhe inculto e alcoólico parece-me ser mesmo com o intuito de gerar discussão. O homem já cá nem está para se defender, qual é o objectivo de estar a dizer aquelas coisas?

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  4. Nestas alturas de morte e funerais, acho que não se deve dizer nada de mal sobre a pessoa, apenas por uma questão de respeito para com os que gostam da pessoa. No entanto, passado o tempo de luto e com a devida distância, não sou contra que se diga o que se pense.

    Neste caso, é verdade o que Mário Soares disse, que o Eusébio abusava do alcool, mas isso não é de agora, é já há muitos anos. Acho é que ele escolheu mal o timming para dizer isso. E é óbvio que toda a gente sabe disso, mas que como é uma figura tão importante no nosso país, as pessoas escolhem ignorar.

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  5. Anónimo11:36

    Eu acho que não é por alguém morrer que se deve esquecer as coisas más que já fez na vida (e não, não estou a falar do caso do Eusébio, que trouxe muita glória e reconhecimento a Portugal) mas também acho que se devem escolher os momentos em que se dizem as coisas. Mas, sabendo que o Mário Soares é como é, um snobe pretensioso, não me admira que tenha feito aquelas declarações. Mais valia ter adoptado o lema "if you don't have anything nice to say, don't say anything"

    p.s. sou Portista, e acho que nestas coisas se devem deixar os clubismos à parte, uma coisa que não se viu nestes últimos dias. Afinal de contas, o Eusébio era de todos.

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  6. Mário Soares foi triste, e muito. Que Eusébio teria tido uma vida pautada por alguns excessos é verdade e todos nós o sabíamos, no entanto não era o timing para dizer tal coisa, só pode estar um bocadinho senil o que misturado com alguma arrogância dá o resultado que deu. A verdade, sem as regras do decoro, transforma-se em falta de educação.

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  7. Concordo com o teu colega, não é por uma pessoa falecer, que se deve enaltecê-la. No entanto, existe uma coisa que é boa educação e determinados comentários não se fazem à luz desse príncipio.
    Para o Mário Soares, Eusébio era uma pessoa com pouca cultura, conclui-se um "burro" e um bêbado. Porque se formos simplistas na análise de vida do Mário Soares também encontramos algumas falhas!

    nadinhadeimportante.blogspot.pt

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  8. A minha opinião é que... verdade ou não, foi inconveniente...

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  9. Não interessa que seja verdade ou não. Foi despropositado não deveria ter dito isso.

    Estou a fazer um sorteio no blog, passa por la:)

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  10. Concordo que não deva falar bem das pessoas pelo simples facto de terem falecido, como se todos virassem santos, mas tal como já foi dito, trata-se apenas de respeito pela dor daqueles que gostam da pessoa que perderam. Se ele não gostava do Eusébio ou tinha defeitos a apontar, ou se calava ou dizia algo que não pudesse ser mal interpretado, como "é claro que o homem também tinha os seus defeitos, mas estes não diminuem a figura que foi", qualquer coisa assim. Mas não, já está tudo habituado às parvoíces do Exmo. Sr. Mário Soares, que não considero estar gágá, mas sim ser uma pessoa sem moral, sem princípios e um oportunista de 1ª, que destruiu a vida de muita gente (creio que a maioria das famílias dos chamados "retornados" deve compreender o que quero dizer). Nenhum dos compinchas do Governo (qualquer que seja o partido no poleiro) se tem revelado melhor, mas pior chega a ser difícil. É só mais um esperto que se aproveita do poder e que ainda tenta manipular as pessoas, como a conversa de incitação à violência. Eu até acho bem, vamos a casa dele perguntar o que fez com os subsídios que NOSSO Estado deu às fundações que tem lá por casa: a dele, a da mulher, e as outras que não conhecemos...

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  11. Não se trata de dizer verdades ou não, de se ser hipócrita, ou não, trata-se como dizes, e bem, de ser educado, o que é diferente de ser hipócrita. Hipócrita (e cobarde) parece-me achar isso do Eusébio e nunca o ter dito publicamente quando ele era vivo.
    Aceito o argumento de que não é pelo facto de as pessoas morrerem que devem passar a ser santas ou maravilhosas, quando não o foram em vida. Mas penso que isso se aplicará mais a figuras polémicas ou pouco consensuais, ex-ditadores, gente envolvida em crimes, políticos que poderão ter acusados de ter prejudicado muita gente, coisas do género, o que não me parece ser o caso.

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  12. O MS deu essa entrevista antes ou depois do almoço?

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  13. Marta Sousa17:22

    Coiitado do homem. Ja nem sabe o que diz...
    Tem algum jeito vir a praca publica dizer isso do Eusebio??

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  14. Francisco23:49

    O Mario Soares foi justo e penso que os seus padroes de reconhecimento e merito sao um pouco diferentes dos da maioria das pessoas, certamente mais intelectualmente exigentes. Eu tambem gostava do Eusebio mas para mim nao apresenta um estatuto de heroi nacional devido ao seu mau envelhecimento, nao tanto devido aos problemas com alcool, mas sobreduto a pouca produtividade apos a sua carreira de futebolista, infelizmente sempre breve.

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  15. Anónimo19:54

    Concordo com a ideia de que não é correcto assumir uma postura hipócrita porque alguém morreu mas isto não é hipocrisia. É falta de educação. Não é nada que me espante vindo de quem vem mas sim, concordo contigo, o Mário Soares devia conter melhor este de opinião, sobretudo quando está em causa uma intervenção pública.

    Inês

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  16. Anónimo01:13

    "Eusévio" ??

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  17. Anónimo12:08

    o' Pippa, mais uma gralha? ;)
    "mas sim se educação!"
    podes corrigir e apagar este comentario
    beijinho, gosto de te ler.

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    1. Obrigada! Eu avisei que andava em modo-gralhas! É escrever no telemóvel não ajuda nada...

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