Disseram-me que tiveste uma ótima vida. Disseram-me que foste uma criança muito feliz, estudiosa, aplicada e cheia de amigas. Disseram-me que casaste com o homem que amavas. Que tiveste um casamento feliz, cheio de privilégios e alegrias. Ao terceiro parto, no entanto, sem saberem explicar bem porquê, perdeste um pouco a audição e passaste a ter que usar um aparelho auditivo. Isso fez com que tivessem que falar um pouco mais alto contigo para os ouvires bem. Conta-me a minha mãe, no entanto, que não se importava nada de falar mais alto contigo, porque adorava ouvir-te contar as histórias da tua infância e ver-te a ficar com os olhos azuis a brilhar como nunca, sempre que falavas dos tempos da tua meninice.
A minha mãe conta-me também que, apesar de ser só neta emprestada, sempre se sentiu muito acarinhada por ti. Conta-me que perguntavas sempre como estavam os pais dela e a irmã, sem exceção. E que adoravas a Malti, porque tiveste também um fox terrier que levavas para todo o lado, quando eras nova. Que coincidência, não é? A minha mãe contou-me que vocês faziam anos com dias de diferença e que, talvez por isso de serem do mesmo signo, se entendessem tão bem (o que é engraçado, tendo em conta que a minha mãe diz sempre que isso dos signos é treta). Estive agora a olhar para a tua fotografia e é engraçado reparar nas tuas semelhanças físicas com a avó. Ou nas semelhanças físicas dela contigo. Os dedos compridos até ao infinitivo, os olhinhos azuis de bonequinhas, até o corte e cabelo...
Sabes, gostava mesmo de te ter conhecido. A minha mãe diz que falavas como nos livros e que, sempre que te ouvia falar, quase que conseguia visualizar cada palavra escrita, porque conversavas como quem escreve. Nunca percebi muito bem o que isso quer dizer, porque infelizmente nunca vamos poder conversar. Tal como nunca vou perceber o azul dos teus olhos ou o comprimento das tuas mãos, porque nunca as pude tocar. O que vou sempre perceber é que tenho pena que não tenhas esperado mais dois meses para nos conhecermos. Foste cedo demais. Ou terei sido eu a atrasar-me? Sopraste as velas do teu 90o aniversário e decidiste juntar-te ao amor da tua vida. A mim agora só me resta conhecer-te pelas palavras da minha mãe, a tua neta emprestada, do meu pai e das mil fotografias que passeiam pelas casas.
Querida bisavó, que descanses sempre em paz.
A tua quase-bisneta,
Constança."
Que texto tocante! Os meus sentimentos.
ResponderEliminar:)
ResponderEliminarLindo texto;) E se há fotografias pela casa certamente que a bisneta vai sempre crescer com a imagem da bisavó...a minha filha nunca conheceu o bisavô e por vê-lo nas fotografias e nós lhe falarmos dele,fala muitas vezes nele...as primeiras vezes até ficámos surpreendidos...beijinho,Cátia
ResponderEliminarQue bonito Pippa.
ResponderEliminar:'(
ResponderEliminarBonito e triste.
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muita força Pippa! grande beijinho!
ResponderEliminarforça! beijinhos
ResponderEliminar:(
ResponderEliminarum bijinho *
Texto lindo! Lamento muito Pippa, um beijinho grande
ResponderEliminarForça. Lembra-te que pelo menos ela teve a alegria de saber que iria ser bisavó duma Constança. Um beijo
ResponderEliminarQue sentimento! Que declaração de Amor!
ResponderEliminarE, apesar da tristeza que este texto acarreta, dou-lhe os meus Parabéns! Sei que faz hoje, dia 19, anos.
Beijinho e muita muita coragem (:
Um beijinho e força...
ResponderEliminarBeijinhos <3
ResponderEliminarEste texto comoveu me! Vou ter uma Constança em Maio e uma das pessoaa mais importantes da minha vida é a minha avó até porque nunca tive mãe! Mas tenho a minha avó e não consigo imaginar o mundo sem a minha avó/mãe Mercedes. Bonito o teu texto e tenho a certeza que a tua Constança vai ter um carinho grande pela bisavó apesar de n se terem conhecido. Beijinho e os meus sentimentos. Andreia Martins
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