terça-feira, 11 de março de 2014

Confiança e bom senso

Hoje lembrei-me de organizar a minha caixa de emails pessoal. Sabia que tinha ali partes da minha vida completamente misturadas, e convenci-me que conseguiria colocar alguma ordem naquele caos sem sentido. O que aconteceu? Acabei deliciada com conversas antigas com amigas, trocas de emails apaixonados, comentários de rir, fotografias e mais fotografias... Nunca pensei que a caixa de emails pudesse afinal funcionar quase como um diário!

A dada altura, encontrei um pedido de ajuda de que já nem me lembrava e que me arrancou um bom sorriso da cara, ao reviver a história. Um colega do secundário mandou-me, há uns anos,
rascunhos de poemas que ponderava publicar e queria saber a minha opinião. A verdade é que, no secundário, eu era muito estudiosa, muito "marrona", e os meus colegas deviam ver-me como a croma da turma com quem se pode tirar as dúvidas. O curso para que queria ir não tinha a média de ingresso altíssima da Medicina, mas mesmo assim eu nunca ficava feliz com menos de 18, por isso, percebo que a turma visse em mim uma espécie de "mãezinha". Este meu colega queria que eu corrigisse os textos e lhe desse a minha opinião. O problema é que eu não tenho muita sensibilidade para poemas, e não conseguia alterar nenhuma frase sem estragar o "todo". Não adorei os poemas, mas também não conseguia alterar nada mantendo a rima bonitinha. Optei por desistir e responder apenas, depois de agradecer a confiança depositada em mim: "Não tenho sugestões de alteração..."

Sentia-em especial por ele ter confiado em mim para sugerir alterações, mas não conseguia alterar nada, por isso, mais valia não me por a inventar... O que me fez sorrir agora foi ler a resposta dele, duma confiança que acho que nenhuma boa nota alguma vez me deu ou dará:
"Ninguém tem conseguido dar sugestões de alterações. Todos adoram. Já me comparam ao Camões, sabias? Os comentários não podiam ser mais positivos. Obrigada na mesma pelo teu tempo."

Ali, naquele canto da minha caixa de entrada, estava uma lição de confiança. Ali não havia espaço para humildade ou demasiado bom senso. As coisas que se aprendem ao reler os emails antigos...

1 comentário:

  1. Os emails tal como as mensagens contam historias que em tempo pertenciam às cartas...é bom relembrar...e pobre camões...

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