Perguntaram-me no outro dia o que era feito da Malti. “Ainda consegues dar-lhe a atenção que davas antes? Quando tiveres a bebé vais deixá-la a viver com alguém? Sabes que é perigoso deixar um cão e um bebé sozinhos, não sabes? Ela não vai ficar ciumenta com a atenção que vais dar à bebé?”
Pronto, hoje é o dia de explicar o que é, então, feito da minha cadela e porque é que não a tenho mostrado muito por aqui. Mas, antes de mais, vou deixar outra pergunta no ar: há quanto tempo é que não mostro fotos minhas? Pois… A verdade é que não tenho simplesmente tirado fotos, nem sequer à noite andamos sempre pelo me minha barriga. Não sei se é pelo tempo horrível que tem estado, não sei se é porque passeio mais a minha cadela à noite, mas não tenho simplesmente registado fotograficamente os últimos tempos. Ainda por cima, passou as últimas semanas com o cio e é uma fase terrível. A veterinária disse-me que aconselhava a castração, mas só de pensar nela espalmada numa mesa de operações, só de pensar na barriguinha dela a ser aberta com um bisturi, para lhe retirarem o útero e os ovários,… não sei, mas parte-me o coração. Tenho preferido aguentar os pretendentes caninos à espera, à porta de casa, dia após dia. Tenho preferido aguentar o mau humor dela e as tentativas de fuga para amar. Tenho preferido aguentar a logística que o cio duma cadela envolve.
A verdade é que a Malti é parte da minha vida. Não consigo imaginar não acordar com ela ao lado. Não consigo imaginar não ir passear aos fins-de-semana e não a levar. Vai comigo para todo o lado, escolho os hotéis onde vou de férias com base no critério de aceitarem animais, muitas vezes almoço em esplanadas mesmo com mais frio, porque é onde os animais podem estar.
Sei que nem toda a gente vê os animais da mesma forma. Na minha família, por exemplo, a minha avó paterna acha os cães não devem entrar nas casas – devem viver na rua, dormir numa casota e o convívio com os donos resume-se aos momentos em que o dono os vai alimentar ou mandar para a casota dormir. No início, fazia-lhe confusão ver-me chegar a casa dela com uma cadela no banco do passageiro ou a “surfar” no separador no meio dos bancos. Fazia-lhe confusão ver-me entrar com ela na sala, ver que ela se sentava aos meus pés durante as refeições, ou até que ia para sofá e que a cadela me seguia.
- A tua cadela é como se fosse tua filha, não é?
- Não, é mais como se fosse uma amiga.
- E não a castraste?
- Não. Até te digo mais, vó. O plano é termos filhos ao mesmo tempo. Queria partilhar com ela a experiência da maternidade. Queria ir para o hospital ao mesmo tempo que ela, ficarmos ali no mesmo quarto, a soro, com os nossos bebés na caminha ao lado. Assim, quem nos fosse visitar via logo os nossos filhos todos ao mesmo tempo. Parece-te bem?
A minha avó riu-se imenso desta história que inventei apenas para a escandalizar, riu-se, riu-se, como se eu estivesse maluca. Eu estava apenas a tentar chocá-la, claro que não tinha planos nenhuns destes. No entanto, quando, no outro dia, me perguntou - Então a Malti, já está grávida? senti que me tinha dado 1 a 0 em sentido de humor.
De qualquer dos modos, tudo isto serve para explicar que, mesmo com a gravidez, a minha cadela continua a fazer parte da minha família. E não conseguia imaginar de outra forma. Acredito que, como família, vai aceitar bem o novo membro que aí vem. Não, não vou mandá-la para lado nenhum quando tiver uma bebé em casa. Não, não vou ter mil cuidados e medos na interação entre as duas. Acredito que vai tudo correr bem, até porque quando escolhi a raça pensei nisso, numa raça que interagisse bem com crianças. E todas as descrições que li iam nesse sentido.
Somos uma família. Ela tem quatro patas. É mais burrinha que nós. E mais peluda também. Mas adoro-a na mesma e escolhi-a para partilhar a vida conosco. Por isso, a resposta a todas as perguntas é simples: “está sempre conosco. Sempre”. E só espero que a minha filha venha a gostar tanto dela como nós gostamos.
Mas ainda vivemos no século 15? Quem achou que ias dar a cadela porque vais ter um bebé?!? Nunca conheceram ninguém com animais e que não há problemas? É claro que a cadela fica, custa a perceber que os animais domésticos são família? Era como dar a avó ou o o filho mais velho só porque vem aí outro. Que gente que pensa que um cão é um substituto de um filho. Pessoas dessas não devem ter sentimentos em relação a nada. Se uma pessoa tem objectos com valor sentimental quanto mais sentimentos por um ser vivo! Quem me dera que o meu cão não fosse tão tolo para poder levá-lo para o café porque de férias já vai, mas como ficar sentado e quieto não é com ele tem que ser mesmo à base de passeios e corridas.
ResponderEliminarEra tão bom que toda a gente pensasse como tu! Tenho uns tios que nuca fizeram um esforço para habituar o cão deles ao bebé e vice versa. Resultado, a bebé tinha medo do cão, o cão estragava as coisas da bebé, enfim todo um drama que resultou em terem dado o cão que já tinha 12 anos a alguém (isto se não abandonaram mesmo...). Uma tristeza.
ResponderEliminarQuanto à castração, só traz benefícios para elas e quanto mais novas forem melhor. Evita que fiquem maluquinhas no cio e que tenham as gravidezes psicológicas que depois criam carocinhos nas maminhas porque elas chegam a ter leite.
Olá Pippa! Li um comentário seu no blogue A Maçã de Eva em que falava um pouco sobre a sua experiência com aparelhos. Como também sou da zona do Porto e não tenho muita sorte com dentistas, queria pedir lhe para desenvolver mais um pouco o tema ;) obrigada e desculpe o assunto não ter nada a ver com este post! :)
ResponderEliminarNão tem problema nenhum. Se quiser envie-me um email e explico tudo. Só usei aparelho durante 9 meses e adorei a experiência. Posso responder às dúvidas que tiver. beijinho
EliminarOlá Pippa! Não tem nada a ver, os animais só têm de se habituar às crianças e tudo corre bem:) Felicidades***
ResponderEliminar