segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A nova linguagem – a saga de quem não fala “gravidês”

Há coisas que nem nunca esteve grávida ou rodeada de mulheres grávidas (ou ainda quem simplesmente não decorou tudo o que as amigas grávidas iam contando) não sabe. E eu não sou exceção. Comecei esta aventura a zero, sabendo apenas o ABC básico e cheio de lugares-comuns, tais como: a gravidez são nove meses, a grávida ganha barriga e deve ganhar cerca de nove quilos no total, às vezes tem enjoos, outras vezes não, por norma queixa-se que está sempre cansada e não consegue apertar os atacadores, a grávida fica com a cara um pouco inchada lá mais para o fim, a grávida fica louca sempre que o bebé dá pontapés e repete que ele vai ser jogador de futebol, a grávida tem mudanças de humor súbitas e incompreensíveis. E tinha estas ideias gerais, também porque trabalhei com duas grávidas e achei-as ambas um bocado bipolares, maldispostas, lembro-me que andavam sempre com as mãos na cintura, desenvolveram um certo andar à pinguim e tinha ideia que se queixavam de tudo. Cheguei a comentar com uma amiga minha que detestava trabalhar com grávidas, porque andavam com as hormonas descontroladas e ainda por cima desculpavam-se com o estado de graça a todos os segundos, como se o estar grávida fosse justificação para o estarem a comportar-se como perfeitas idiotas. Tinha também algumas noções gerais de índole mais prática, como o facto de existir o ácido fólico (que era algo para o bebé não ter trissomia 21), de as grávidas esfregarem a fruta e os legumes para não terem bactérias que afetassem o bebé, e de as grávidas não poderem comer carne mal passada porque não estavam imunes a qualquer coisa (que não entendia, mas que acenava que sim-pois-é-perigoso-não-comas-então). Sabia também que as grávidas falavam em semanas e não em meses, o que sempre me irritou solenemente, porque parecia que era para separar o mundo entre as orgulhosas grávidas e o seu dialeto próprio, e os outros comuns mortais. E, por fim, achava piada às grávidas que começavam logo às duas semanas de gravidez a falar de roupas para bebés, e que mudavam a foto do perfil do Facebook para uma foto da barriga delas gigante, com umas mãos à volta do umbigo. Para além disto, pouco mais sabia.

E, por isso, tem sido toda uma aventura iniciar-me no mundo do ácido fólico, dos suplementos, dos cremes anti-estrias, da toxoplasmose (ahh… e afinal até há pessoas imunes e tive a sorte de ser uma delas, por isso, afinal não tenho que esfregar frutas e legumes como se não houvesse amanhã e posso comer carne praticamente crua. Lá se foi um mito abaixo), da placenta alta ou baixa, e até das semanas em vez dos meses. No entanto, tive que descobrir sozinha algo que talvez já todas as mulheres saibam mesmo sem terem estado grávidas: descobri que a história da gravidez ser nove meses não é bem bem bem verdade. Pois então estava eu a fazer contas à vida (neste caso, à bebé) e a pensar “fixe, no dia X chego às 16 semanas. O que significa que são 4 meses, já só faltam 5!”. Só que, no mesmo momento, comecei a pensar “espera lá, mas a data de nascimento prevista é só daqui a quase 6 meses, como é que é possível? Afinal a gravidez são 10 meses?”. Cheguei a casa, peguei no livrinho que comprei e comecei a pesquisar – pois então, blábláblá, a gravidez são 40 semanas, blábláblá, os médicos contam a partir da última menstruação, blábláblá, por isso dá 10 meses lunares. Parei ali. Dez meses lunares?! Mas agora andamos em bruxarias, a seguir a lua? A seguir tenho que cortar uma madeixa de cabelo e colocar uma pata de rã num caldeirão, ao luar? Dez meses? Fiquei chocada. Já para não falar no vídeo com o parto que resolvi ver na internet. Mulheres: nunca façam isso!!

Enfim… Tudo isto está a ser uma descoberta, acreditem. Toda a linguagem, todos os conselhos, tudo… E sinto que, tal como ando a ter aulas de Espanhol, também devia ter aulas de “Gravidês”, porque a verdade é que não falo ainda nada! Nada… A ver vamos se nos meses que faltam aprendo tudo o que é necessário. É que ninguém nos avisa que há todo um mundo novo aqui à nossa espera.

PS: por favor atirem-me à cara e gozem comigo se um dia colocar uma foto de perfil só com a barriga quase a explodir e duas mãos a acaricia-la, com orgulho. Será merecido!

7 comentários:

  1. Não te preocupes. Eu também era um zerinho nisto do mundo das grávidas e o certo é que a maior parte das coisas de que falam não aconteceram comigo. Trabalhei até ao fim, quase não tive enjoos e nunca tive um apetite voraz do que quer que seja :-). E não, não pus qualquer foto no facebook sobre o estado de graça. :-)

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  2. Anónimo16:27

    A trissomia 21 surge logo durante a fecundação, portanto a toma de ácido fólico durante a gravidez não previne esta doença.

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  3. Fui mãe pela primeira mês à quase dois anos. Segue o teu bom senso. Nunca falei em semanas (nunca entendi isso!) e agora com o meu pequenote quando me perguntam a idade também não falo em meses é em anos (outra coisa que me ultrapassa!). Um conselho básico, sem stressar, descanso máximo, e principalmente curtir muito muito esta fase! ;)

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  4. Pippa! Por onde é que eu tenho andado?!?! Tão ocupada que nem dei contaaaa! Parabéns!

    Um beijinho da Pipa do blogue da porta do lado!

    www.meuqueridodiario.pt

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  5. Tenho duas filhas, uma com 11 e outra com 4. Aquilo que me disseram aquando da gravidez da primeira já não era bem assim aquando da gravidez da segunda. Bom senso e calminha é que é necessário. Não é preciso ler 22 livros para saber que fazer "puenting" não é boa ideia (ficas aí com uma palavra nova em español) mas que se pode tomar banho no mar porque não é verdade que entre água pelo pipi acima (como me disse uma amiga, a qual esteve mesmo um verão inteiro sem ir à água).

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  6. Não te preocupes que quando transformares isto num baby blog eu começo a dar-te na cabeça :P

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  7. Não sei se colocarás fotografias da barriga com as mãos à volta dela no teu perfil lol mas que quando a criança nascer andarás a mostrar fotografias dela em todos os momentos e mais alguns... isso é quase certo! ;)

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