quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Perdoem-me, que não resisto a tentações

Às vezes paro um segundo para pensar (ok, talvez um pouco mais que um segundo, não é para ser literal) e chego à triste conclusão que sou uma pessoa que não resiste às tentações. Não tenho autocontrolo nenhum. E odeio isso em mim. Doces? Chocolates? Pipocas? É tudo o que aparecer. Posso ter acabado de sair da balança e estar ainda em depressão, mas se for ao cinema e vir pipocas, os meus pés movem-se nessa direção, a minha boca pede um pacote, e as mãos pagam. O meu cérebro fica caladinho e come. Posso ter acabado de ver a conta bancária quase a zeros, mas se o dia tiver corrido mal e vir um livro que queria muito, ou uma saia que vinha mesmo a calhar, sou capaz de comprar sem chorar o dinheiro. No outro dia, ele dizia-me perentoriamente “não tens capacidade de sacrifício”. E eu contrapus e falei das minhas opções a nível profissional, dos esforços que já fiz por trabalho, dos cursos em que me inscrevi, da pós-graduação, dos institutos de línguas, do mestrado, das corridas que dou mesmo quando estou de rastos, das viagens de horas e horas que faço ao volante mesmo estando de rastos. Tive mil exemplos de força para lhe apresentar. “Tudo certo, mas não consegues resistir a uma coisa tão simples como doces, por exemplo. Dizes sempre que queres emagrecer, mas é a coisa mais fácil do mundo – basta não comer tanto – e nunca te vi conseguir realmente fechar a boca e resistir. Ok, vi-te fazer isso durante dois dias, uma vez. E parecia que ias morrer com tanto sofrimento”. Eu podia ter respondido mil coisas inteligentes, mas fiquei irritada e quando fico irritada e sem razão, não me saem as frases mais sábias do mundo. Saiu-me apenas a frase-cliché que serve para todas as situações na vida duma mulher: “estás a dizer que estou gorda?”. Sim, há que admitir que usamos esta frase mais vezes do que seria necessário. “Eu? Eu acho-te ótima. Tu é que falas nisso e eu acho piada, porque nunca te vi a conseguires realmente cumprir. Comes salada e a seguir pedes sobremesa… Vais correr e a seguir passas no Mc… Percebes? Não sabes fazer sacrifícios”.

E a verdade é que não admiti na altura, mas acho que devo ter um gene qualquer bipolar. Sacrifico-me imenso por trabalho. A sério que sim. E meto-me em tudo: cursos de línguas, ginásios, conferências ao fim-de-semana, mestrado, pós-graduação. Sou chata com as minhas amigas e obrigo-as a marcarem coisas ao Sábado. Só estou bem a fazer mil coisas todos os dias. E, no entanto, o meu calcanhar de Aquiles parece estar à vista de todos: doces e roupa. Será que está nos nossos genes e não posso lutar contra isso por mais que queira? Será que faz parte da condição de ser mulher? Podemos ser ambiciosas, racionais e sacrificar-nos profissionalmente, mas não resistimos a um chocolatinho ou a uma montra? Não podemos ser só fortes e poderosas sem pontos fracos?... E vocês, quais são os vossos pontos fracos?

6 comentários:

  1. Li isto a comer um Kinder Bueno. Mas afinal o que é a vida se não pudermos comer o que queremos?

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  2. Para mim são gomas e gelados.
    Mas fazes bem em não resistir, porque não é bom deixar o nosso corpo privado de coisas boas :P

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  3. eu sou boa a resistir. Escolho um dia por semana para comer algo que gosto mas que faz mal:)

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  4. És a minha alma gémea!! Também me esfalfo no que for preciso e nem me queixo, mas depois não posso passar á porta da Zara (ou outra qq) nem ver doces em lado nenhum :(

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  5. Anónimo15:52

    Doces, doces, doces... especialmente bolos, chocolates e leite com papas ou bolachas. Acho que é o tipo de coisa que muito dificilmente se consegue com força de vontade, tem mesmo que haver uma reprogramação mental... só ainda não descobri como é que isso se faz :)
    O meu nutricionista diz que quem tem sangue tipo O tem mais tendência para se viciar em açúcar, mas há vários fatores que podem interferir, não é sempre 2+2. Eu por exemplo, andei o ano todo a tentar perder 5 kg e descobri agora que tenho a prolactina e o cortisol ligeiramente alterados... a nível médico não há problema, mas para emagrecer o que quero tenho quase que passar fome, o que não dá muito jeito :) Se tivesse feito a análise antes, tinha evitado muitos sacrifícios em vão. Na minha opinião, praticamente toda a gente compensa défices emocionais com outra coisa qualquer que não tem nada a ver com a causa original. Por isso, das coisas que considero mais importantes e difíceis de atingir é o autoconhecimento.
    Anabela Dias

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  6. Anónimo16:30

    Pipa, só sei que tento ser disciplinada e de uma hora para a outra deito tudo a perder. Ainda há pouco no almoço estive com a pessoa que gosto, as coisas não correrem como eu esperava, vai daí vou ao shopping, comprei 2 peças de roupa e fui comer uma porcaria!
    A compra de roupa por impulso não me faz nada feliz mas quando me sento a comer de vez em quando uma porcaria, vocês nem imaginam a minha cara de satisfação!

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