domingo, 23 de fevereiro de 2014

Oh não, aconteceu mesmo! #2

Tenho falado aqui dos filmes que tenho ido ver ao cinema e tenho-me focado apenas nas histórias e naquilo que retiro de cada um. No entanto, hoje, tenho que contar mais um triste episódio que aconteceu comigo durante o último filme que fui ver. É que, às vezes, acho que me acontecem demasiadas palermices para deixar passar em branco. Além disso, nunca se sabe se não haverá por aí alguém tão desastrado como eu que se identifique com as histórias que conto, por isso, pelo menos não se sente tão sozinho... Sim, nesse caso já somos duas pessoas, ok?? Não está sozinho no mundo!!

Então o que aconteceu desta vez? Começando pelo início: eu costumo ir ao cinema e ver os filmes em salas que têm duas entradas: uma de cada lado das escadas, uma de cada lado da tela. Por isso, podemos entrar e sair por um lado ou pelo outro. Até aí tudo normal, certo? Um exemplo de salas assim é a sala 9 do El Corte Inglés. Só que, no outro dia, o filme foi numa sala em que nunca tinha ficado, acho eu - a sala 5. E estávamos os dois muito juntinhos a ver o filme, quando comecei a sentir a respiração dele mais espaçada e a cabeça mais pesada a cair sobre mim. Olhei para ele e estava com os olhos quase completamente fechados. "Não vais adormecer, pois não?? O filme está a ser espetacular, não podes!!". Mas ele não parecia muito convencido com as minhas palavras. "Acho que não vou aguentar..." Comecei a pensar que estávamos desde manhã sem tomar café e decidi agir. O filme era bom demais para ele o desperdiçar. "Vou buscar-te um café!!". Olhou para mim meio a dormir "Não vai resultar, está a dar-me uma quebra enorme...". Não, não podia ser!! Eu ia lutar contra aquele sono! E ia conseguir com um simples café. Em dois minutos ele estaria mais acordado que nunca, tinha a certeza.

Olhei para o lado dele e estava imensa gente sentada, principalmente senhoras de idade bastante espaçosas. Do meu lado, apenas um senhor. Nem hesitei. Pus-me a pé e decidi sair por aquele lado da sala. (Já sabem: sala número 5 do El Corte Inglés, se um dia forem lá lembrem-se de mim!) Pé ante pé, muito curvada para não incomodar nas filas de trás, lá fui até às escadas. A dada altura, percebi que o filme estava mergulhado na escuridão total e absoluta e não conseguia ver nada. Encostei-me à parede e fui descendo os degraus, à procura da porta de saída. Só que a porta não chegava. Quando os degraus acabaram, comecei a andar para um lado e para o outro, a tentar forçar a parede até empurrar também a porta de saída, que estaria algures naquela escuridão. Nada. Nem sinal de porta.
Até que lá vi uma placa verde no meio daquele negro total. Fui até lá e abri rapidamente a porta. Um barulho ensurdecedor a porta enferrujada e com dez toneladas. Por trás da porta, uma luz imensa entrou pela sala e iluminou parte da sala de cinema. Espreitei. Era a saída de emergência e aquilo era um corredor com mau aspeto. Não era nenhuma saída. Fechei a porta, a sentir-me de todas as cores. Não podia voltar para o meu lugar, por isso, inspirei fundo, envergonhada, e decidi atravessar a primeira fila a pé até ao outro lado, onde estava a saída (pelos vistos, a única da sala). Sei que estou grávida de sete meses, mas nesse momento senti-me a mulher mais grávida que alguma vez pisou este mundo. Senti-me enorme, descomunal, desengonçada e mais opaca que nunca. Curvei-me o mais que pude e atravessei aquela sala, tapando a parte inferior da tela de cinema, com certeza a fazer as sombras dignas dum assustador Corcunda de Notre Dame obeso e grávido de trigémeos.

Quando saí da sala, apetecia-me ir queixar-me aos funcionários do cinema. "Então só algumas salas têm duas entradas?? Deviam por um letreiro nas salas que têm só uma entrada para avisar as pessoas!! Ainda no outro dia fiquei na sala 9 e tem duas entradas! Por que é que a 5 não tem?". Apetecia-me compreensão. Apetecia-me que a direção do cinema viesse ter comigo para me dizer algo como "Tem toda a razão. Não é distraída, nós é que estamos errados. Isto acontece a toda a hora. Temos mesmo que fazer algo. Pedimos imensa desculpa pelo sucedido." Só que, no fundo, no fundo, eu sabia que a culpa era minha. Apenas e só minha.
Quando regressei à sala, com dois copos de café na mão, o filme estava a meio duma tórrida cena de sexo e eu quase me enganava na fila. Por pouco não entornava café nas pessoas da fila errada enquanto os "Ohh ahhh" ecoavam das colunas. Só que, naquele momento, já nada me poderia deixar envergonhada. Sentei-me finalmente, contente por estar de volta, sã e salva.
- Que cena foi aquela há bocado? Decidiste que querias sair pela saída de emergência?
- Enganei-me. Não gozes.
A parte boa? Passou o resto do filme acordadíssimo, a rir-se, a comentar partes,... Não sei se foi da cafeína, se foi da minha triste cena, mas o meu objetivo foi cumprido: ele não adormeceu e tenho a certeza que gostou tanto do filme quanto eu. Quanto aos outros... Bem,
para todos os efeitos, estou grávida. E não se goza com as grávidas, certo? ;)

4 comentários:

  1. Anónimo23:59

    Olá Pippa!
    Também estou grávida de 7 meses e posso dizer-lhe que nunca fiz tanto disparate junto e que o que julgava impossível de acontecer, acontece!
    Felicidades e tudo a correr bem.
    Saúde para si e para o seu bebé :)))

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  2. Anónimo05:24

    Pippa, adoro ler-te e como sei que não gostas de erros, tenho que pedir-te que corrijas a palavra ' espassada'. Beijinhos

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    1. Obrigada! É o que dá escrever tudo a mil e no telemóvel, sem revisões. Dá asneira. beijinho

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  3. hahahahahahahaha....

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