segunda-feira, 22 de julho de 2013

Até amanhã. Mudaste a minha vida.

Já não falávamos há anos. Até que há dias, não sei bem como, voltámos a conversar. Pusemos a conversa em dia, tão em dia como é possível uma conversa ficar em apenas quinze minutos. Casaste? Não casaste? Tens filhos? Não tens filhos? Trabalhas? O que fazes? Gostas? Não gostas? Amigos? Voltaste a ver o X? E a Y? E a Z? És feliz? O que mudavas? Em quinze minutos, fizemos ali um apanhado geral de tudo, como se todos os anos da nossa vida afinal fossem grãos de areia que se seguram entre duas palmas das mãos. No final dos quinze minutos, olhei para o relógio e disse-lhe que tinha que ir. Íamos ver um filme para acabar o fim-de-semana em beleza.
- Gostei muito de falar contigo. E de saber que estás bem.
- Também eu. Até amanhã. É verdade: mudaste a minha vida, sabias?
- Mudei a tua vida?
- Sim, aquilo que sou hoje devo-te a ti.
- Explica-me melhor isso...
- Numa próxima conversa. Um bom contador de histórias prende a atenção do seu público. E não revela tudo duma vez. Além disso, tens um filme para ver.
- Pois tenho. Mas conseguiste prender a minha atenção.
- Para a próxima. A vida não se conta toda em quinze minutos. Muito menos as reviravoltas que ela dá.

Fiquei curiosa. Passei o dia a magicar nisto. Como é que poderei ter mudado a vida de alguém? Alguém que, ainda por cima, nunca foi muito próximo. Alguém de quem, ainda por cima, perdi o contacto há muito, muito tempo. Será que a teoria do efeito borboleta afinal é real? Será que podemos, com um simples "olá", mudar a vida de alguém?... Fiquei mesmo curiosa, que nervos...

1 comentário:

  1. Eu acho que deves ter sido uma atitude, uma história, uma conversa que marcou essa pessoa para sempre, acho que há mesmo pessoas ou situações que nos mudam, por qualquer motivo foste um exemplo a seguir e agora não te lembras da situação porque para ti foi uma atitude normal.

    Mas compreendo a tua curiosidade, se fosse eu ficava em pulgas.

    ResponderEliminar