Tudo isto para dizer que as tais palavras foram ganhando cada vez mais força. Escrever, escrever para manter as memórias registadas. Escrever a História, descrever as histórias. Mesmo com o desenvolvimento das tecnologias e das redes sociais, a tónica parecia estar sempre nas palavras: chats, Twitter, blogs, livros online, jornais, fóruns de discussão... E sempre a mesma preocupação: palavras, palavras, palavras. Quem dominasse as palavras, seria Rei e Senhor. Até ao dia. O dia em que se inventou o Instagram. Para quem não conhece o Instagram, eu explico em poucas palavras o que é e como funciona: o Instagram é o meio de comunicação por excelência das modelos da Victoria's Secret e das Rihannas deste mundo, onde, sem terem que escrever nada, partilham com o mundo fotografias perfeitas dos seus corpos perfeitos e vidas de sonho perfeitas em momentos igualmente perfeitos, espontâneos e belos.
E eu não estou com ciúmes. Nada disso. Ciúmes, eu? Ahaha. Nada. Elas nem são nada de especial. A sério que não... Só um bocadinho perfeitas demais, pronto. Mas não tenho ciúmes nenhuns, repito. Simplesmente parece-me que, em nome dos nossos antepassados que se esforçaram por deixar de grunhir e passar a falar; em nome dos Chineses que perderam horas a inventar o papel; em nome dos Egípcios que inventaram o papiro; em nome dos monges copistas; e em nome dos monges budistas e dos outros monges todos que não conheço, mas se dedicavam à escrita; em nome de todos os escritores; em nome dos Professores de Português e de todas as línguas faladas no mundo; em nome de __________ (completar com outras pessoas importantes que se lembrem, porque agora está-me a dar a preguiça)... em nome destes todos, penso que devíamos obrigar os tais utilizadores perfeitos do Instagram a escrever um textinho com pelo menos 1000 caracteres e sem erros. Vão ser perfeitos, cheios de fotografias perfeitas e vidas perfeitas, mas com trabalho de escrita antes, ok? Vamos ver se mantêm essas caras e corpos photoshopados depois de estarem uma hora em frente ao computador e ao dicionário... Muahahah.
lolol
ResponderEliminarEu nao sou famosa nem perfeita mas por acaso as vzs uso o instagram. E é mesmo qd naàse tem nada para dizer :)
Adoro ler o teu blog.Gostava de saber me exprimir tao bem como tu. Es perfeita no que toca á blogosfera ;)
Bem, Susana... Longe longe de ser perfeita, mas bem perto de corar com este comentário. Obrigada!! :)
EliminarO maior problema era escrever sem erros! Ehehe
ResponderEliminarIa adorar ler os erros. Adorar. Sou um bocado masoquista.
EliminarTambém em nome de Luís de Camões, de Fernando Pessoa, de José Saramago, de Sophia de Mello Breyner... gosto dessa perspectiva!
ResponderEliminarDa Florbela Espanca, do José Régio, e de tantos outros...
EliminarEheheh mas olha que após ver algumas das fotos existentes no instagram, dou graças a Deus das autoras/ autores das mesma não publicaram textos x). Tal não é a "profundidade" (ou falta dela) destas x)
ResponderEliminarRealmente não tinha visto dessa perspectiva. Mas pelo menos "humanizavam-se". Mostravam defeitos... A mim cansa-me um bocado ver barrigas perfeitas, mamas gigantes e caras de bonecas. Quero defeitos. Preciso de defeitos para viver a minha vida mais sossegada. :p
EliminarPor estas e por outras é que adoro o teu blog.
ResponderEliminarAcho que está a haver aqui um clima entre nós, Vera. Ou sou só eu...? :p
EliminarMas quem diz Instagram pode dizer também Facebook ou outro tipo de rede social que funcione como "montra". Com a agravante que nessa última podes ter uma imagem projectada mais ou menos efabulada, acompanhada de uma micro-narrativa às vezes penosa.
ResponderEliminarNo entanto, vivemos na era da imagem e nunca faltará abundância de quem se preocupa mais com a imagem do seu perfil do que com o conteúdo do mesmo.